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ENC: Estatístico - Ser ou não Ser



Desculpe àqueles que já leram esta mensagem, mas parece que não foi recebida pela lista. Assim, envio novamente.
 
-----Mensagem original-----
De: Apolo Santos [mailto:apolofns@directbr.com.br]
Enviada em: terça-feira, 9 de setembro de 2003 21:40
Para: Abe-L
Assunto: Estatístico - Ser ou não Ser

Caros Colegas,
 
Ao ler os e-mail´s divulgados nesta lista vejo que embora a profissão de Estatístico no Brasil já exista de direito  há 38 anos (Lei No 4739, de 15 de julho de 1965),  mas de fato exista desde a época em que Portugal ocupou o Brasil, percebo que ainda não passamos a idade adulta vencendo nossas crises existenciais.  E pelo que  vejo, acredito que dificilmente iremos vence-las.
 
As profissões que fecharam as questões, como a dos Advogados, que só permitem a atuação, o ensino e o aprendizado com certificação a bacharéis conseguiram passar para idade adulta e não ter mais crises existenciais. (Pergunto: Como Estatístico, posso fazer um mestrado e um doutorado em Direito? A resposta vem de maneira segura e madura: não!. Não é permitido! e ponto final.) Citando exemplo pessoal: estudei Direito, já fui Auditor de Controle Interno e já orientei muitos Chefes de Assessorias Jurídicas e ainda os auxilio, vez por outra, no adequado entendimento legal. Fui aprovado em concurso público e trabalho no Poder Judiciário, mas não posso fazer mestrado e doutorado em Direito e muito menos atuar nas profissões reservadas aos Advogados. Pronto! é uma profissão madura! Acabaram-se os rábulas! Se quero atuar nessa área tenho que fazer como um amigo meu que era estatístico a muito tempo atrás, que  hoje já não lembra de quase nada da estatística, pois fez o curso de Bacharel em Direito, fez a prova da ordem e já atua na área a muito tempo.
 
Como vamos vencer essa crise? se há muitas pessoas que:
- Conquistam o título de Mestre e Doutor em Estatística sem serem Estatísticos;
- Ensinam e formam Bacharéis, Mestres e Doutores em Estatísticas sem serem Estatísticos;
- Publicam trabalhos, aperfeiçoam e aprimoram as técnicas Estatísticas sem serem Estatísticos;
- Trabalham contribuindo de forma significativa a sociedade usando técnicas estatísticas sem serem Estatísticos;
 
Ou, quando o principal órgão oficial de Estatística no país (IBGE) não tem o cargo de Estatístico e não exige que seja Estatístico o Analista de Métodos  Quantitativos, profissional responsável por utilização, aperfeiçoamento e planejamento de todas as técnicas estatísticas do órgão.
 
Ou mesmo, quando comemoramos o Dia do Estatístico (29/05) no dia da fundação do órgão (IBGE) que não tem  no seu quadro o cargo de Estatístico e nem exija que seu profissional que  use as técnicas de Estatística seja Estatístico,  ou pelo menos Mestre ou Doutor em Estatística  (pode ser profissional de qualquer área) ao invés de comemorarmos no dia da criação legal da profissão (15/07).
 
Quando iremos vencer nossas crises?.... talvez, nunca...
 
Vamos fazer um loby para proibir pessoas que não sejam bacharéis cursarem mestrados ou doutorados em estatísticas??? Não, de jeito nenhum....
 
Vamos proibir os excelentes professores que ensinam, aperfeiçoam as técnicas estatística e tanto valorizam e se dedicam à Estatística de ensinarem nos cursos de Estatística??? Quanto desperdício .....
 
Então? ... Vamos dar o título de Estatísticos aos:
- Especialista em Estatística?
- Mestre em Estatísticos?
- Doutores em Estatística?
- Pesquisadores que atuam e publicam na área de Estatística?
- Profissionais experientes que já se dedicaram anos e anos atuando na área de Estatística?
 
Em todos os cursos só se torna um profissional da área quando se cursa o Bacharelado ou Licenciatura, por quê  só  na Estatística seria diferente? Vivemos num país de direito. Assim, para praticar algum ato que exija alguma documentação comprobatória, embora essa pessoa possa provar na prática que tem condições de praticar aquele ato, ela precisa apresentar a documentação. Ou já pensou, um guarda pára um cidadão e pede:. "Sua habilitação, por favor", o sujeito responde ao guarda, mas seu guarda eu sei dirigir, dou até aula de direção e for muito bons motorista, sou capaz de dirigir melhor que o senhor, quer vê? entre no carro que eu lhe mostro? - A onde chegaríamos num país assim?
 
Será que os Doutores são muito arrogantes ao ponto de pensar que são muito bons  para reconhecerem que desistiram do curso de Bacharelado que escolheram e resolva fazer novo curso para seguir a nova carreira abraçada?
 
Ouvi falar que mesmo após Doutor várias publicações Mário Henrique Simonsen teve que fazer o bacharelado para conquistar o título de Economista.  Alguém pode pensar: "que absurdo!" , para mim esse pensamento seria arrogância, mas a humildade  é certamente uma das qualidade dos sábios. 
 
Para que o título de Estatístico se  este é desrespeitado? :
- pelo próprio IBGE que tem uma universidade que forma Bacharéis?
- por todas as universidades que contratam sem a exigência legal?
- por diversas empresas e principalmente órgãos públicos que contratam pessoas que atuam utilizando técnicas de estatística sem o seu registro?
 
O título de Estatístico vai continuar sendo desrespeitado pois os estatísticos não são unidos e não valorizam sua instituição de classe e nem seu título de Estatístico!
 
Se desregulamentássemos a profissão de Estatístico, estaríamos extinguindo a Lei que criou a profissão, e que esperança de futuro profissional estaríamos dando a aquelas pessoas que resolveram abraçar a carreira profissional usando a Estatística???
Qual seria o futuro do curso de Estatística no País?
Qual seria o futuro da Estatística no País?
Qual seria então o futuro do aprimoramento das outras profissões que usam a Estatística para suas análises?
 
Não sejamos tolos, esse papo de desregulamentação e abertura na lei só interessa a quem não é Estatístico!
 
Se alguém que não é Estatístico e vive da Estatística, venha se juntar a nós e seja um Estatístico. Tire seu curso! Seja humilde!
E venha engrandecer a profissão de Estatístico e não só a Estatística.
 
Saudações,
 
Apolo Santos
Estatístico