[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Um excelente momento para a Estatística, com algumas restrições...



Prezado Gauss e demais colegas,

Em um país aonde mais de 50% da população ganha menos do que um salário 
mínimo, um salário de 2.500 dólares enche os olhos de muita gente, porém o 
recém-doutor de uma universidade na Europa ou nos EUA sabe que este salário 
corresponde à classe C e D daqueles países. No Brasil permite uma vida 
regular sem muitos mimos, infelizmente a miragem cambial, provocada pelas 
taxas de juros, vem iludindo muita gente. Talvez exatamente por este salário 
alguns de nossos jovens doutores em estatística estão se mandando... Na área 
do Rio de Janeiro tenho notícia de quatro. Uma área como a estatística, que 
oferece também muitas oportunidades na indústria e serviços, tem dificulades 
adicionais para fixar professores nas IFES, veja, por exemplo, o que ocorre 
com a Atuária. Já áreas mais teóricas só têm como alternativa a universidade 
ou os poucos centros de pesquisa do país...Daí, paradoxalmente, devido ao 
equivocado modelo de financiamento da pesquisa e do ensino superior no 
Brasil, as áreas mais aplicadas não conseguem fixar professores, a menos que 
haja um esquema de captação de recursos via Fundações (versão COPPETEC) , o 
que acaba gerando enormes distorções nas IFES.   

Mais empregos não significam, necessariamente, melhores empregos. O aumento 
das matrículas de alunos, as más condições de trabalho - bibliotecas 
precárias, laboratórios insuficientes, etc - vem proletarizando cada vez 
mais os docentes das IFES. O quadro só não é pior devido ao aumento da 
produtividade do trabalho graças à introdução massiva da informática em 
todos os aspectos de nossas atividades docentes. Esta é que é a responsável 
pelos bons momentos que estamos passando. 

[]´s
On Fri,  4 Aug 2006 08:38:44 -0300, gausscordeiro wrote
> Caros Redistas,
> 
> Na segunda metade dos anos 70, os salários dos professores adjuntos 
> (com doutorado) das federais não ultrapassavam os US$ 750. Naquela 
> época não havia o regime de DE (dedicação exclusiva) e muitos 
> professores com 40 horas tinham que dar aulas em universidades 
> privadas. Ademais, os concursos públicos para estas instituições 
> eram bem escassos. Nos dias de hoje, os salários dos professores 
> adjuntos nas universidades federais são bons - valem cerca de US$ 
> 2500-, e a carreira nestas universidades tem sido um EXCELENTE 
> ATRATIVO para àqueles jovens talhados para a academia. Mesmo 
> descontando a inflação do dólar nestes 30 anos, os salários dos 
> professores das federais hoje têm poder de compra bem superior 
> àqueles dos anos 70. Com a expansão do sistema das universidades 
> públicas e seus campi avançados, principalmente no Governo do 
> Presidente Lula, existe uma grande demanda de pessoas interessadas 
> em fazer doutorado nas mais diferentes áreas para ingressarem nas 
> universidades federais. No contexto da Estatística, a oferta de 
> vagas de doutorado tem (em média) sido maior que a demanda de 
> interessados, e muitos doutores em áreas correlatas à Estatística 
> (com, por exemplo, em Física, Matemática e Engenharias) têm ocupado 
> cargos nos Departamentos de Estatística do País. Entendo que este é 
> um excelente momento para a Estatística do Brasil! Saudações, Gauss 
Cordeiro


Prof. Luis Paulo
DME
C.P. 68530
21945-970 Rio de Janeiro, RJ

outros e-mails
braga@dme.ufrj.br
lpbraga@gbl.com.br