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Re: [ABE-L]: Comentários finais sobre o excelente momento



Meus amigos, Gauss e os outros! 

Vamos simplificar... pelo menos pelo meu lado. Eu não falei de salário, nem de 
condições diretas de trabalho. Tudo isso é - ou pode ser considerado - 
problema, e vale a pena ser discutido, é claro.

Eu tomei uma carona na discussão e falei de problemas gerais, não só de 
estatísticos, não apenas de professores universitários, mas de toda a 
sociedade. O êxodo de brasileiros não se deve somente a salário. Deve-se a 
todo um conjunto de problemas, que levam à falta de confiança no futuro, aqui 
no país. 

Confesso: já tenho uma filha vivendo no exterior e a outra está ainda aqui, 
mas a vejo assustada, sobretudo com a segurança. Está bem empregada (é 
engenheira), gosta do que faz. Mas, ao chegar em casa, tem de chamar a 
segurança (privada) para acompanhar sua entrada na garage; teve o carro 
arrombado, quando o carro de seu pai (meu carro) fôra furtado em Sao Paulo 
dias antes. O governo faz campanhas que, ela acha, desestabilizam a 
sociedade. Em suas palavras, gera insatisfação, revolta, e nada resolve, 
criando condições para violências e conflitos "justificados". 

Não quero ser piegas, mas gostaria de ter minhas filhas próximas, aqui, junto 
com suas proles (leia-se, obviamente, meus netos).

E não quero mudar de país, pois aqui estão meus amigos de longa data, Vs entre 
eles!

Era disso que falava...

Do lado profissional, tenho resposta à provocadora (e instigante) questão do 
Cribari... mas esta fica pra mais tarde, se ele, e todos Vs, me perdoarem por 
prometer algo, sem nada me pedirem, e não "entregar". Por ora...

:-)

Abraços.



On Monday 07 August 2006 11:03 am, gausscordeiro wrote:
> Caros Redistas,
> Tento aqui reduzir o espaço de restrições induzido pelo meu
> colega Luís Paulo(pessoa que tenho elevada estima e apreço) e, também,
> minimizar a função objetivo pessimista do meu amigo José Carvalho, em
> relação à minha mensagem “Um excelente momento para a Estatística”. Eu fiz
> um paralelo entre os salários dos docentes das federais entre os anos 70 e
> os dias atuais, mostrando que hoje os salários são melhores apesar das
> dificuldades que enfrentamos no País. Excluí as estaduais paulistas, pois
> nada sei sobre os seus salários nos anos 70.
> Primeiro, gostaria de salientar que fazer um doutorado em Estatística nos
> anos dourados no exterior era uma tarefa muito difícil e isso, na maioria
> das vezes, só acontecia quando as pessoas estavam perto dos 30 anos. A
> nossa geração (do milagre econômico) constituia família cedo e depois ia
> tentando ver as exíguas opções de doutorado. Como não havia grupos em
> Estatística no País consolidados, alguns aventureiros iam
> para o exterior, sendo que a grande maioria para os EUA e uma pequena
> minoria de desavisados para a Inglaterra. Minha experiência em Londres
> (leia-se Imperial College) foi a pior possível, pois morava mal, sofri
> preconceitos diversos, ataques sorrasteiros de pelo menos 8 (oito) almas
> sebosas, vivia diariamente sob pressão e nunca recebi qualquer ajuda
> científica na pesquisa da tese. Pelo contrário, as idéias que
> me passaram não conduziram a nada e só fiz perder meu tempo.
> Nos dias de hoje, fazer um doutorado em Estatística no País é
> uma tarefa EXTREMAMENTE MAIS SIMP0LES E PRAZEIROSA. Agora,
> os grupos de pesquisa aqui estão perfeitamente consolidados.
> Os brasileiros orientadores (de excelente nível, diga-se de passagem) são
> paternalistas, dão excelentes dicas e ajudam durante toda a tese. Ademais,
> apóiam o orientando nas barreiras (extra academia) que surgem. Atualmente,
> as pessoas terminam o doutorado bem mais cedo (menos de 30 anos) e
> constituem família após (e/ou durante este curso) diferentemente da nossa
> época. Meus caros Luís Paulo e José Carvalho: além dos salários, as coisas
> hoje são bem melhores para os estatísticos
> do País do que na nossa época. Podem ter certeza disso como
> 2+2=4!
> Finalmente, como o José Carvalho colocou a prestigiosa Clínica Mayo como
> uma das suas opções nos anos 70, eu gostaria, também, de dizer que em 1974
> – com apenas 22 anos -, eu passei em
> primeiro lugar no Brasil inteiro no concurso para engenheiro júnior da
> Petrobrás. Deixei um salário de CR$ 7500,00 por mês (17 salários por ano
> mais plano de saúde extensivo à família) para fazer mestrado em Pesquisa
> Operacional na COPPE com bolsa mensal do CNPq de Cr$ 2400,00 porque QUERIA
> SER CIENTISTA e não capataz de alto nível. Minhas filhas hoje vivem a me
> dizer que eu tomei uma decisão errada.
> Cordiais Saudações,
> Gauss Cordeiro

-- 
Jose F. de Carvalho, PhD
Statistika Consultoria
+55-19-3236-7537