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produção científica do Brasil



Fonte:
http://txt1.estado.com.br/editorias/2007/07/10/ger-1.93.7.20070710.2.1.xml


Produção científica do País cresce e melhora 

Em 2006, Brasil publicou 16.872 artigos científicos, ultrapassou países
como Suécia e Suíça e passou da 17.ª para a 15.ª colocação mundial 

Cristina Amorim, BELÉM 

O Brasil está atualmente na 15ª posição na lista de países que mais
publicam artigos científicos no mundo: foram 16.872 no ano passado, ou
1,92% da produção global. O número representa um crescimento de quase 7%
em relação a 2005 e de 33% na comparação com 2004. Com isso, o País
ultrapassou a Suécia e a Suíça e começa a ameaçar a Rússia, que por sua
vez apresentou uma queda significativa na área, de quase 17% no ano
passado na comparação com 2005.

Apesar de a produção científica nacional caminhar atualmente em uma
linha ascendente, esse resultado era esperado pelo governo apenas em
2008. Para o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC), Jorge Guimarães,
entre os motivos que explicam o salto está a avaliação mais rigorosa de
cursos como Psicologia e Psiquiatria (que publicou 70% mais no período
de 2004 a 2006, em relação a 2001-2003), Ciências Sociais (52% a mais) e
Medicina (incremento de 47%).

O sistema de avaliação condiciona a manutenção da bolsa de estudo à
produtividade apresentada pelo pesquisador, medida pela publicação de
artigos em revistas científicas indexadas - ou seja, com um certo grau
atestado de qualidade -, entre outros requisitos. O critério é criticado
por parte da comunidade científica, pois cria uma pressão para que o
cientista publique rapidamente resultados de seu trabalho.

“Tem gente que acha que não se deve avaliar (a produção científica). Não
podemos exagerar, é verdade, mas como um estudante entra no mundo
competitivo? Se expondo”, afirma Guimarães. O presidente da Capes diz
que novos indicadores de qualidade começam a ser discutidos
internamente, mas que ainda não serão incorporados pela instituição.

IMPACTO MAIOR

O Brasil cresceu em outro indicador de produção científica, o
qualitativo. O nível de impacto dos artigos nacionais subiu, o que
significa que mais pessoas usam os trabalhos brasileiros para embasar
suas próprias pesquisas.

Entre 1981 e 1985, quando o País publicou 10.833 artigos (0,48% da
produção mundial), eles foram citados 14.625 vezes, apresentando um
índice de impacto de 1,35. Entre 2000 e 2005, o mesmo índice passou para
2,95: dos 70.003 artigos publicados no período (1,72 da produção
mundial), foram registradas 206.231 citações.

FALHAS

Apesar dos índices positivos, o Brasil ainda está muito distante de seus
principais competidores do mercado internacional. Ainda que faça parte
do grupo das nações emergentes, a China, em particular, e a Índia
encontram-se bem à frente do País.

A China, por exemplo, que em 2006 era o quarto no ranking de produção
científica, pode assumir em 2007 a segunda colocação e se aproximar dos
Estados Unidos, histórico campeão no setor. Os chineses aumentaram em
16,8% o número de artigos científicos publicados entre 2005 e 2006 e os
indianos, em 6,94%. Os brasileiros foram os terceiros em crescimento:
6,81%.

Além disso, outros países publicam e investem mais em setores que geram
patentes e, conseqüentemente, produtos com valor agregado. “Este é o
nosso calcanhar-de-aquiles”, admite Guimarães. Entre as áreas mais
quentes, estão as ligadas a ciências exatas, como tecnologia da
informação (TI), enquanto o Brasil tem tradição em pesquisas nos setores
de humanas e biológicas.

O problema é a conhecida falta de integração entre os centros nacionais
de produção do conhecimento, tradicionalmente as universidades, e o
setor produtivo. Além disso, o investimento em ciência e tecnologia no
Brasil ainda é menor do que o feito em outras áreas.

Hoje, o Brasil destina apenas 1,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB)
para ciência e tecnologia. “Isso é três a cinco vezes menos do que
investem os países desenvolvidos”, lamenta o presidente da Capes, que
participa em Belém da 59ª reunião da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC).


-- 
Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
Departamento de Estatistica          fax:   +55-81-21268422
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"Dear friend, theory is all grey and the golden tree of life is green."
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