Re: [ABE-L]: ainda esclarecendo

[Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br>]

Caro Dani, 

Vou aproveitar o seu bom humor (já que aquela time carioca que copiou as
cores do glorioso Sport Clube Recife venceu ontem um jogo importante --
sorry, Enrico!) para concordar discordando de você. Acho que seria
necessário definir "pluralidade". 

Se pluralidade significar ensinar inferência bayesiana e inferência
clássica, estou de acordo. Acho que isso é praticado na maioria dos
cursos de graduação e pós-graduação de nossa área. Quando eu ensinava
inferência na pós-graduação aqui em Recife eu dedicava um espaço para o
lado bayesiano e o ensinava sem adjetivações. O Klaus está ensinando
inferência para a nossa primeira turma de doutorado nesse semestre. Ele
está seguindo os dois livros do Lehmann e me disse que ensinará
inferência bayesiana.  

Se pluralidade significar dedicar igual tempo ao ensino de técnicas
frequentistas e bayesianas, temo estar em desacordo. Sei que essa é a
filosofia por trás do seu livro com o Hélio, mas poucos livros gerais de
inferência seguem essa linha. Pegue o Bickel e Doksum, Lehmann, Lehmman
e Casella, Casella e Berger, Hogg and Craig, Dudewicz e Mishra, Cox e
Hinkley, entre outros. Esses livros dedicam espaço a procedimentos
inferenciais de cunho bayesiano, mas não dedicam a tais procedimentos
metade de suas páginas. Acho que há uma razão de ser nisso, embora
respeite discordâncias em relação a elas. (Às vezes as discordâncias
desse cenário são muito frutíferas, como as que levaram você e o Hélio a
escrever o referido texto de inferência.) 

No que pertine a Recife, posso lhe assegurar que já tentamos contratar
pessoas que trabalham na área bayesiana, mas nunca tivemos sucesso. Acho
que seria salutar para o meu departamento ter alguém (ou mais de uma
pessoa) aqui trabalhando nessa área. Talvez, contudo, os bayesianos
prefiram se aglutinar no eixo Rio-São Paulo, onde se encontram o
glorioso Palmeiras (alô Ronaldinho!) e o clone do Sport. 

Um grande abraço para você. 

FC

PS. Lembra quem foi campeão brasileiro em 1987?  



On Qui, 2007-09-13 at 11:02 -0300, Dani Gamerman wrote:
> Caros colegas
> 
> A preocupação levantada desde ontem nessa lista sobre alunos 
> merece alguns comentários. Parece-me que mais importante que 
> 
> arejar os alunos na lista da ABE com opiniões variadas 
> 
> é 
> 
> FORMAR os alunos na sala de aula com informação variada. 
> 
> Todos os alunos de graduação e pós-graduação de estatistica e 
> atuaria da UFRJ são expostos aos pontos de vista frequentista 
> e Bayesiano na grade curricular obrigatória e não em disciplinas 
> eletivas. Isso vem ocorrendo já há algumas décadas, antes  
> portanto da disseminação do MCMC. 
> 
> Se garantissemos essa concepção em todas as nossas graduações
> e pós-graduações, melhorariamos a formação de nossos alunos e 
> de quebra, minimizariamos os riscos associados à incorreta 
> compreensão por parte deles de mensagens aqui postadas. 
> 
> Ou seja, ao invés de falar em pluralismo, vamos praticá-lo.
> Estamos de acordo quanto a isso?
> 
> Abraços
> Dani


-- 
Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
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Universidade Federal de Pernambuco   e-mail: cribari@de.ufpe.br
Recife/PE, 50740-540, Brazil         web: www.de.ufpe.br/~cribari

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