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Resposta aos Pontos do Marinho e outros



Caros Redistas,

No meu entender, Estatística não é Matemática.
Entretanto, Probabilidade e Processos Estocásticos,
no contexto puramente teórico, é Matemática e,
Processos Estocáticos Aplicados, como por exemplo,
teoria das filas e teoria dos estoques, fica numa
interseção entre Matemática e Estatística. Outras sub-áreas
da Estatística têm grande interseção com a Matemática, daí o terminologia Estatística Matemática. A teoria assintótica,
por exemplo, fica nesta interseção.

Calyampudi Radhakrishna Rao (um dos maiores nomes vivos da Estatística) em sua conferência durante a Escola de Modelos de Regressão, realizada em Brasília em 1999, definiu a
Estatística por uma simples equação:

           Estatística = Ciência + Tecnologia + Arte.

Nestes termos, colocou a Estatística no lugar que ela merece - num contexto muito amplo e não como uma área da Matemática. A Estatística deve ser encarada nesse contexto amplo englobando inúmeras sub-áreas, desde a Atuária, Biometria, Bioestatística até a Física Estatística, passando pela Econometria,
Quimiometria, Sociometria, Epidemiologia, etc. Um percentual considerável dos trabalhos científicos em Pesquisa Operacional
e outras grandes áreas envolve métodos estatísticos.

Concordo com o Basílio que existe pouco capital humano em Estatística no País atuando na área médica, um filão ainda inexplorado no País. Mas as coisas devem mudar, por exemplo,
o pessoal do ISC da UFBA já conta e contrata vários estatísticos. Cabe aqui lembrar que um dos precursores
da Estatística Aplicada à área médica no País, nos anos 70,
foi o Fernando Yassuo Chiyoshi da UFRJ, que para mim é um
grande pesquisador em Estatística Aplicada, mas atua na Engenharia de Produção e, infelizmente, (para nossa perda)
não participa dos eventos da ABE. Existem vários outros que eu poderia citar aqui, mas dou apenas dois exemplos: João Lizardo (Presidente do CEPEL) que atua em análise multivariada e Reinaldo Castro Souza (Grupo de Energia da PUC-RJ) que
trabalha exaustivamente com métodos Bayesianos e Séries Temporais. Estes e vários outros, estão na CA da Produção
e participam ativamente da SOBRAPO e quase nada dos eventos
da ABE, mas fazem Estatística no sentido amplo do termo.

Adicionalmente, se eu fosse citar aqueles pesquisadores
que trabalham com Estatística Aplicada nas áreas de
agrárias e economia não sobraria espaço nesse e-mail.

Os pontos levantados acima corroboram com a minha posição favorável (que coincide com Pedrão e Marinho) a tentarmos
criar um novo CA-PE.

Quanto ao último ponto do Marinho: "Se as engenharias
têm quatro áreas (Eng. I, II,III e IV) porque não podemos
ter pelo menos três (Matemática, Matemática Aplicada e Estatística?", eu acredito que a Estatística tem força científica mas, como estamos dispersos em vários comitês
e programas de pós-graduação de áreas diferentes,
não temos ainda força política. As Engenharias são muito
mais tradicionais no País e mais ousadas. Some-se ao fato
de que podemos não ter um grande percentual de pesquisadores
no CA-ME que queiram essa mudança. Acho que ficou evidenciado
aqui que Carlinhos, Francisco e Ronaldo não querem
e o Basílio e o Renato mostram-se que estão em dúvida.

Finalmente, eu entendo que a Matemática Aplicada é muito
mais próxima (globalmente) da Matemática do que a
Estatística.

Bom restante de domingo e desculpem pelo email longo.

Saudações,

Gauss