[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico]
[Índice de assunto]
Re: [ABE-L]: artigo no JB de 6/1/91
- Subject: Re: [ABE-L]: artigo no JB de 6/1/91
- From: Francisco Cribari <cribari@de.ufpe.br>
- Date: Fri, 14 Dec 2007 09:30:31 -0300
Caro Renato (e colegas),
De fato, seria importante atualizar os dados e também estabelecer marcos
comparativos mais sólidos. Todavia, não creio que esse seja, ao menos
hoje, o elemento central do debate. Desde a publicação do meu artigo no
Jornal do Brasil com o Gauss aprendemos todos muitas coisas. E acho que
a universidade brasileira, a despeito de alguns percalços, avançou
bastante nesse período. No meu entender, há dois aspectos que deveriam
nortear qualquer discussão, a saber:
1) Avaliação é um aspecto central da melhoria acadêmica de nossas
instituições de ensino superior. A pós-graduação brasileira avançou
enormemente em grande parte por estar sujeita a esquemas rigorosos e
continuados de avaliação (CAPES). A pesquisa também avançou muito graças
aos financiamentos externos acompanhados de avaliações por pares
(destaque para o CNPq e para a FAPESP). Acho que já é tempo de
estabelecermos mecanismos de avaliação do ensino de graduação. Tal
avaliação deveria, a meu ver, ser externa, feita por pares e com
consequências sobre alocações futuras de recursos e vagas.
2) Há, grosso modo, dois contingentes de professores nas universidades
brasileiras, a saber: (i) aqueles que pesquisam, publicam, avançam a
fronteira da ciência, orientam alunos de doutorado, mestrado, iniciação
científica, orientam pós-doutorado, obtêm financiamento externo,
ministram aulas em cursos de doutorado e mestrado e em graduações,
encaminham bons alunos de bacharelados e licenciaturas para
pós-graduações (no Brasil e no exterior), atuam como pareceristas e em
corpos editoriais de revistas científicas (internacionais e nacionais),
atuam como pareceristas ad hoc de agências de fomento, participam de
bancas examinadoras de mestrado e doutorado, atuam em bancas de
concursos para docentes, organizam encontros científicos e ciclos locais
de seminários, entre outras atividades; (ii) aqueles que ministram aulas
de graduação.
O debate sobre os caminhos a serem trilhados pela universidade
brasileira é muito importante e deve ser parte do nosso dia-a-dia nas
mais variadas esferas de nossa convivência profissional. De minha parte,
como o Gauss, estou com pouco gás para essa tarefa. Já tive a minha
parcela de desgaste com improdutivos raivosos e estou num momento de
concentração em minhas pesquisas, orientações, aulas e atividades
correlatas.
Um abraço para você.
FC
PS. Escrevo esse email da Universidade Federal do ABC, uma nova
universidade federal que está nascendo com concepções bem diferentes das
demais. É refrescante constatar que há algo novo no nosso meio acadêmico
que se confronta à mesmice de nossas federais.