Erik Jacobs/The New York Times |
O professor Walter Lewin, do MIT: suas aulas de física são campeãs em acessos |
Os cursos na rede Cada universidade tem um site próprio, por meio do qual é possível assistir a milhares de aulas das mais diferentes áreas do conhecimento. Eis os endereços de cinco dos mais acessados: Universidade Yale http://open.yale.edu/courses Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) http://ocw.mit.edu Universidade da Califórnia, em Berkeley http://webcast.berkeley.edu Universidade Stanford http://stanfordocw.org Instituto de Tecnologia de Paris http://graduateschool.paristech.org |
Uma aula exemplar Astro 160 na Universidade Yale com o professor Charles Bailyn
"Se os buracos negros não emitem luz, como podemos saber que eles estão mesmo lá?" Assim começa a aula do professor Bailyn que pode ser vista no endereço http://open.yale.edu/courses/astronomy/frontiers-and-controversies-in-astrophysics/sessions/lecture08.html. É longa, mas vale a pena para quem entende bem inglês mesmo que tenha apenas conhecimento básico de astrofísica. O ritmo da aula é veloz, o único meio auxiliar é um retroprojetor, mas a lógica é tão cristalina que é possível acompanhar os ensinamentos. Bailyn explica que os buracos negros são invisíveis, mas entregam sua existência e posição pela interferência gravitacional que exercem sobre os outros corpos celestes a sua volta. Ele rabisca fórmulas já conhecidas e vai trocando as transparências até chegar ao ponto fulcral da aula, que, no caso, é a chamada "velocidade de escape", derivada da lei da gravidade de sir Isaac Newton. A aridez do tema é apenas aparente. Bailyn explica que, para escaparem da gravidade, os foguetes, partindo da superfície, precisam acelerar até atingir certa velocidade, que varia, principalmente, em relação à massa dos planetas. Na Terra essa velocidade é de cerca de 11,2 quilômetros por segundo, em Marte, 5 quilômetros por segundo. Então, uma surpresa... A fórmula vale para qualquer objeto massivo, até para... o corpo humano. Ele faz então o que chama de "cálculo anti-Dia dos Namorados", ou seja, a velocidade necessária para escapar da atração gravitacional de um ser humano com 100 quilos de peso (100, para facilitar – o cálculo, claro, não o namoro). Essa velocidade é de 1 metro por hora. Observa ele: como as garotas e os garotos se movem bem mais rapidamente do que isso, está explicado por que os "seres humanos não ficam sempre grudados". Simples, lúdico, fácil de entender. A aula caminha sempre entrecortada por comentários engraçados e pertinentes. Quando se dão conta, os alunos já aprenderam que os buracos negros não emitem luz porque são corpos de massa tão grande que neles a velocidade de escape é maior ou igual à velocidade da luz. Antes do final, uma informação histórica vital para entender o ciclo de nascimento, vida e morte das estrelas. Bailyn se refere aos cálculos do astrofísico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar, que explicou por que os objetos 1,4 vez maiores do que nosso Sol, ao cabo de bilhões de anos, esgotam sua energia e desmoronam para dentro em um colapso final que os transforma em buracos negros. Os cálculos de Chandrasekhar contrariavam a teoria prevalente e, como não puderam ser refutados, provocaram um pesadelo. Seu mestre, um famoso e reputado astrônomo chamado Arthur Eddington, reagiu com desdém ao feito do pupilo indiano. "Não existe a menor possibilidade de isso estar certo. Deve existir alguma lei da natureza que impeça uma estrela de se comportar de maneira tão estúpida." Subrahmanyan Chandrasekhar estava certo e ganhou o Prêmio Nobel cinqüenta anos mais tarde. A aula de Bailyn termina e deixa os alunos com aquele gosto de quero mais. |
-- Francisco Cribari-Neto voice: +55-81-21267425 Departamento de Estatística fax: +55-81-21268422 Universidade Federal de Pernambuco e-mail: cribari@de.ufpe.br Recife/PE, 50740-540, Brazil web: cribari.googlepages.com "I took a speed reading course and read 'War and Peace' in twenty minutes. It involves Russia." --Woody Allen |