Publicada em 06-06-2008 Cosmo on line
SBPC: 60 anos dedicados à inovação
Rogério Verzignasse / Agência
Anhangüera
A Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) volta, este ano, para a cidade onde nasceu. Fundado
há 60 anos, o grupo organizou sua primeira reunião científica em Campinas. Na
época, seguindo uma sugestão de tema feita pela Organização das Nações Unidas
(ONU), os pesquisadores debateram em seminários formas de aprimorar a produção
do campo e contribuir com o combate da fome mundial. O encontro, em 1949,
ocorreu no Instituto Agronômico (IAC).
Desde então, a SBPC tem sido
estratégica na definição da própria política nacional de Ciência &
Tecnologia. As bancas formadas pelos especialistas definem as linhas da
infra-estrutura de pesquisa e formação de novos pesquisadores. Para se ter uma
idéia do tamanho atual do universo científico brasileiro, basta constatar que a
pesquisa consome investimentos públicos anuais da ordem de R$ 10 milhões.
Recursos que tornam o produto brasileiro avançado a ponto de disputar o mercado
internacional.
A partir das verbas liberadas pelas agências de fomento,
os cientistas traçam, por exemplo, normas de biossegurança e inovação
industrial. Das vacinas aplicadas no gado à fertilização do campo, todo
progresso passa pela pesquisa.
Programação
Neste ano, a
reunião anual da SBPC será realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de 13 a 18 de julho. É esperado um
público aproximado de 15 mil pessoas. Pesquisadores, professores e estudantes do
Brasil inteiro. "Energia, Ambiente e Tecnologia" é o tema central de
conferências, simpósios, mesas-redondas, minicursos e assembléias. Tradicional,
o encontro atrai sobretudo o corpo docente e o dicente das entidades públicas e
privadas do Ensino Superior. Três mil trabalhos de pesquisa serão apresentados
em painéis por autores brasileiros e estrangeiros.
Mas o caráter inovador
é que a SBPC procura despertar o interesse leigo para as reuniões. Estão
previstas diversas atividades paralelas, como exposição de produtos fabricados
com tecnologia de ponta (ExpoT&C), feira de livros, jornada de iniciação
científica, concursos, espetáculos culturais e atividades artísticas.
De
acordo com o professor Eduardo Guimarães, que faz parte da equipe indicada pela
reitoria para coordenar o encontro, todas as atrações são franqueadas ao
público. Só se inscrevem membros da comunidade acadêmica que precisam dos
certificados de participação para seus currículos. "A gente procura despertar o
interesse da sociedade inteira. Queremos participantes de todas as idades, todas
as classes sociais, todos os níveis de formação", explica.
As
intervenções físicas para a Unicamp sediar o evento gigantesco começam na
próxima semana. A ExpoT&C, por exemplo, que vai ocupar 6 mil metros
quadrados do estacionamento, ao lado do ginásio, será erguido com investimentos
no valor de R$ 1 milhão. O interessante, na opinião do professor, é que nenhum
tostão sai dos caixas da universidade. O custo dos estandes são integralmente
bancados pelos expositores.
Também já estão concluídos os processos
licitatórios para o início das obras de um auditório provisório (mil lugares
dentro do ginásio), um palco para shows musicais no gramado do Instituto de
Artes, e um posto de saúde avançado. A segurança patrimonial será garantida por
um esquema especial, firmado com a polícia.
Um grupo de voluntários, que
se ofereceram dentro dos próprios institutos, vai se encarregar de orientar os
visitantes. "Toda a comunidade acadêmica está envolvida. Do funcionário da
guarita ao enfermeiro do HC (Hospital de Clínicas), do faxineiro ao professor,
todo mundo acaba envolvido com o mais importante evento científico nacional",
afirma Guimarães.
Só vai haver controle de ingresso para estudantes
interessados nos minicursos oferecidos durante o evento. Por uma questão
meramente pedagógica, os professores precisam ter classes com número limitado de
cadeiras. A organização já abriu as inscrições para os interessados. Serão 45
temas variados, como física, química, plantas medicinais, química de fármacos,
estudo de minerais e rochas, biologia, meteorologia e ambiente. O site
www.servicos.sbpcnet.org.br relaciona cada minicurso, com detalhes sobre dias,
preços, horários e orientadores.
Entidade reúne representantes de
todas as áreas de pesquisa
A Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC) é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que reúne
representantes de todas as áreas de pesquisa, interessados no avanço científico
e tecnológico, e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. O grupo
nasceu em 1948. Estudiosos e simpatizantes decidiram fundar, no Brasil, uma
instituição de difusão científica similar às que já existiam em outros países. A
ata de fundação já contava com 265 sócios e, desde então, o número tem crescido
ininterruptamente. Fazem parte da SBPC cientistas, técnicos, profissionais,
estudantes e pessoas dos mais diversos interesses, que acreditam na importância
da Ciência. Nenhuma qualificação técnica é exigida para a admissão. Para se
tornar sócio, basta ao interessado o desejo de contribuir, de alguma forma, com
o progresso científico brasileiro. Os associados contribuem com anuidades que
variam entre R$ 60,00 (estudantes de graduação e professores dos ensinos
Fundamental e Médio) e R$ 100,00 (professores do Ensino Superior e profissionais
de áreas diversas). (RV/AAN)
Reunião anual será realizada na cidade
pela quarta vez
O primeiro encontro, em 1949, contou com a
participação de 104 pessoas no IAC
Essa é a quarta vez que a reunião
anual será realizada em Campinas. O primeiro encontro, em 1949, levou 104
pessoas ao IAC. A cidade voltou a ser o centro nacional da Ciência em 1963,
quando a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) foi a sede da 15ª Reunião
Anual em 1982, quando a Unicamp sediou a 34ª edição.
No último encontro
campineiro, quando o regime militar ainda governava o Brasil, o tema central das
discussões foi a Guerra Fria. Os palestrantes protestaram contra o fato de que
eram feitos investimentos na fabricação de armas exportadas para áreas de
conflito. E os estudantes protestavam com faixas penduradas pelo
campus.
Em 2008, o tema central é assunto que mobiliza lideranças
políticas e pesquisadores de todo o planeta, já que a produção da energia está
diretamente legada à exploração dos recursos naturais. O Brasil vem recebendo
críticas mundiais, por exemplo, por investir em tecnologias para produzir
biocombustíveis, diminuindo as áreas cultivadas com alimentos. O encontro da
Unicamp vai tratar de assuntos pertinentes à situação. "O que acontece, de fato,
é que o debate e as pesquisas científicas refletem o momento", fala o professor
Eduardo Guimarães, que faz parte da equipe indicada pela reitoria para coordenar
o encontro.
Entre os temas já definidos para as palestras estão, por
exemplo, o papel do etanol para o desenvolvimento nacional; as mudanças
climáticas e suas conseqüências; a política energética mundial a partir do
Protocolo de Kyoto; o debate ético sobre a experimentação animal e o controle
das doenças endêmicas. Os seminários também reservam espaço para o culto da
história.
A 60ª edição vai lembrar, por exemplo, das contribuições da
SBPC em 60 anos de história; da participação dos japoneses na pesquisa (num
marco dos 100 anos do movimento imigratório para o Brasil); e os 150 anos da
teoria darwiniana da evolução.
SAIBA MAIS
Fichas de
Inscrição e informações detalhadas sobre a 60ª Reunião Anual da SBPC estão
disponíveis no site oficial do evento, o www.sbpcnet.org.br
A Unicamp mantém
o site www.sbpc2008.unicamp.br
A página do portal Cosmo On Line possui um link especial com informações
históricas e entrevistas alusivas ao evento. Basta ao internauta acessar www.cosmo.com.br