Caro Gauss e caros colegas
Gauss sou um assíduo leitor da grande quantidade de emails que voce
envia para a rede.Quanto a esse último em resposta as mensagens da
Lisbeth e do Renato eu gostaria de dizer que concordo com voce
parcialmente no sentido que os bachareis em estatística devem ter uma
formação mais abrangente.Quanto a polêmica sobre quem são mais
empreendedores : estatatisticos , engenheiros ou médicos acho que a
questão não deve se restringir a uma discussão sobre currículo, pois na
minha opinião há outros fatores mais relevantes. Pelo menos na USP que é
meu local primordial de observação constata-se uma diferença
fundamental no preparo dos alunos . Os alunos de medicina e engenharia
entram com notas de corte muito superiores aqueles que vem fazer
estatística. Os alunos de medicina e engenharia são em geral oriundos de
classe média ou mesmo da alta burguesia enquanto que nossos alunos vem
de classes menos privilegiadas.Devido a essas diferenças de origem
social os alunos de engenharia ou medicina recebem em casa mais
formação e alem disso frequentam escolas particulares de elite muitas
das quais tem excelente nível. Há fatores estruturais em nossas
universidades , falo em especial na USP , que conheço bem , que
dificultam muito uma formação interdisciplinar e/ou
multidisciplinar.Quando foi criado o bacharelado em Estatística no IME
USP colocamos na estrutura curricular módulos de disciplinas em varias
áreas do conhecimento , como por exemplo em bioestatística , economia
,administração. demografia , matemática ( análise matemática e outras
disciplinas). Esta estrutura funcionou por algum tempo vindo em certo
momento a ser abandonada . Quando fui Pró-Reitor Graduação na USP de 94
a 97 tentei estabelecer programas inter e mutidisciplinares não tendo
obtido muito sucesso.Talvez em outras universidades mais novas onde o
poder das Unidades de Ensino e Pesquisa não seja tão grande haja mais
condições para fazer estes programas.
Gaus noto que a gama de disciplinas que voce elenca esta
primordialmente ligada ao setor produtivo. Eu acho que a complexidade da
nossa sociedade global impõe que todos , aí incluindo os estatísticos
deveriam ter uma formação mais humanística e também ligada às ciência
biológias. Veja-se, por exemplo, o impacto da genética em nossa
sociedade com o papel dos transgênicos , celulas tronco etc.Por fim
uma palavra de otimismo. Chamo atenção para dois aspectos que me fazem
ser otimista quanto ao futuro da estatatística e dos estatísticos. O
trabalho realizado com os alunos por nossa comunidade nos vários cursos
de bacharelado, mestrado e doutorado tem dado aos alunos boas condições
de trabalho apesar de muitos iniciarem seus estudos em piores condições
que engenheiros e médicos.A profissão vem se valorizando e alunos que
gradativamente vem ocupando posições de destaque começam a indicar seus
colegas ou contratar estagiários entre os estatísticos.
Um abraço a voce Gauss e a todos da rede.
Carlos Alberto(Caio) Dantas
gausscordeiro escreveu:
> Caros Redistas,
>
> Aproveitado os oportunos e-mails da Lisbeth e do Renato, eu
> gostaria de dizer que a assertiva "os engenheiros, médicos,
> economistas e administradores são em média mais empreendedores
> do que os estatísticos" é verdadeira, pelo simples fato deles terem
> uma formação de graduação bem mais abrangente do que os estatísticos.
>
> Falta no currículo dos estatísticos disciplinas gerais
> de Macroeconomia, Empreendedorismo, Gestão Pública,
> Administração, Finanças, Engenharia de Produção e por aí vái.
> Eu reitero esse fato desde 1975. O problema, no meu entender,
> é que a carga horária exigida na graduação de estatítica
> (3600 horas) é muito menor do que nas profissões acima.
>
>
> Saudações,
>
> Gauss Cordeiro
>
>
>
>
>
>> Lisbeth,
>> na sua mensagem, existe estre trecho:
>> Carlos Rodrigo Formigare, de 34 anos, estatístico do Unibanco, que
>> dirige a área de cartão de créditos da empresa, ..... "O estatístico
>> sai da faculdade sem visão básica de gestão e outros conhecimentos
>> para assumir cargos de liderança.Nesse ponto, os outros profissionais
>> saem na frente", diz Carlos. Ele aposta que, se essa lacuna for
>> diminuída, haverá estatísticos em cargos de gerência nos próximos
>> cinco anos....
>> Nos encontros do ICOTCS já houve alguma discussaõ sobre isto?
>> Às vezes, os engenheiros ou médicos aparentam ter mais
>> empreendedorismo
>> que os estatísticos. Mas talvez isto seja simplesmente porque as
>> coortes de engenheiros
>> e médicos são muito maiores (só a UFMG forma 300 medicos e 25
>> estatísticos por ano).
>> Aí os outliers se relevam mais facilmente. Mas pode ter alguma outra
>> razão. Não sei.
>> Existe alguma discussão sobre isso? Existe algum curso de graduação
>> (ou pos-grad) pelo
>> mundo que ensina-estimula gestão para estatísticos? Isto poderia estar
>> num curso-projeto
>> tipo Serviço de Assessoria Estatística? Você tem alguma opinião?
>> Renato Assunção
>> Universidade Federal de Minas Gerais
>> Instituto de Ciencias Exatas
>> Departamento de Estatistica
>> Campus Pampulha
>> Belo Horizonte MG 31270-901 - Brasil
>> [1]assuncao@est.ufmg.br
>> FAX: 55-31-3409-5924 PHONE: 55-31-3409-5940
>> [2]http://www.est.ufmg.br/~assuncao
>> -----"Lisbeth Cordani" <lisbethk@terra.com.br> escreveu: -----
>>
>> Para: "abe-l" <abe-l@ime.usp.br>
>> De: "Lisbeth Cordani" <lisbethk@terra.com.br>
>> Data: 28/10/2008 23.20
>> Assunto: [ABE-L]: artigo
>>
>> REVISTA VOCÊSA outubro 2008
>>
>> A vez dos estatísticos
>>
>> As empresas descobriram que o estatístico aponta caminhos para aumentar o
>> lucro, mas faltam profissionais no mercado
>>
>> Por Renata Avediani
>>
>> Você já imaginou quantas análises estatísticas são feitas antes do
>> lançamento de um novo medicamento? É preciso testar exaustivamente a
>> ação do remédio, reunir os resultados dos testes, organizar as
>> informações e só depois concluir se a droga pode ser comercializada. A
>> análise de dados está presente até em uma simples ligação telefônica
>> que a administradora de cartão de crédito faz para você. A companhia
>> cruza informações como sexo, renda mensal e hábitos de consumo para
>> oferecer um produto na medida certa. E quem faz todo esse trabalho? O
>> estatístico. Um profissional que as empresas vêm descobrindo que pode
>> transformar pilhas de números e gráficos em informações que servirão
>> para reduzir custos e aumentar os lucros. O problema é que falta gente
>> qualificada no mercado.
>>
>> Uma explicação para isso é o reduzido número de alunos nos cursos de
>> estatística e a falta de informações sobre o campo de atuação desse
>> profissional. Para cada estatístico que se registra no Conselho
>> Federal de Estatística, há pelo menos mil engenheiros pedindo registro
>> no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Aliás, até
>> aqui engenheiros vinham cumprindo as funções que agora algumas
>> organizações entregam na mão do pessoal de estatística.
>>
>> É assim na Vivo, operadora de telefonia celular. Ali, a divisão de
>> garantia de receita é gerenciada pela estatística Marcella Macedo, de
>> 29 anos, de São Paulo. "Escolhi estatística porque gostava de contas e
>> acabei conhecendo o curso por acaso", diz. "O bom da profissão é que
>> dá para trabalhar em qualquer setor, basta ter raciocínio lógico,
>> saber lidar com informações e ter curiosidade de entender como e por
>> que as coisas acontecem." Marcella é responsável por analisar dados
>> que possam ajudar a reverter as perdas financeiras da Vivo. Ela tem
>> conseguido bater suas metas e manter-se em ascensão profissional,
>> tanto que convenceu a irmã e o primo a seguirem a mesma carreira.
>>
>> Os ventos sopram a favor também para quem quer trocar de carreira para
>> se especializar na área. A procura por esses profissionais tem
>> crescido junto com o avanço tecnológico, que permite que mais dados
>> sejam armazenados e avaliados rapidamente, agilizando as decisões da
>> empresa. "Nenhuma companhia decide nada de importante sem avaliar
>> bastante os riscos e as oportunidades. Quem faz isso com muita
>> precisão são os estatísticos", diz José Ferreira de Carvalho,
>> consultor e professor da Unicamp. Os empregos estão em todos os
>> setores, principalmente nas instituições financeiras, e os salários
>> médios são de 4 000 reais. "Tivemos de esperar 12 meses para conseguir
>> preencher uma posição", diz a estatística Érika Rollim, de 31 anos,
>> diretora de marketing e serviços ao cliente do SAS Brasil, empresa de
>> software e consultoria estatística, de São Paulo.
>>
>> Para suprir a ausência desses profissionais, Carlos Rodrigo Formigare,
>> de 34 anos, estatístico do Unibanco, que dirige a área de cartão de
>> créditos da empresa, o Unicard, ajudou a montar um curso de modelagem
>> estatística -- técnica usada pelo departamento para traçar o perfil
>> dos clientes e customizar serviços. O curso tem seis módulos, que
>> duram nove meses, e já especializou mais de 300 profissionais, entre
>> engenheiros, administradores e economistas, nos últimos oito anos. "O
>> estatístico sai da faculdade sem visão básica de gestão e outros
>> conhecimentos para assumir cargos de liderança.Nesse ponto, os outros
>> profissionais saem na frente", diz Carlos. Ele aposta que, se essa
>> lacuna for diminuída, haverá estatísticos em cargos de gerência nos
>> próximos cinco anos. Palavra de quem entende de probabilidade.
>>
>> DE OLHO NOS NÚMEROS
>> Não é só o IBGE e os institutos de pesquisa que empregam
>> estatísticos.Esses profissionais têm sido contratados por empresas
>> para trabalhar em diferentes departamentos como:
>> * Recursos humanos - A responsabilidade do estatístico é calcular e
>> projetar,por exemplo, os gastos futuros com planos de saúde e
>> previdência privada.
>> * Departamento financeiro - Sua expertise ajuda a analisar os
>> números da companhia e os processos de produção para tentar
>> reverter prejuízos ou melhorar os resultados.
>> * Departamentos de produção - O desafio é aperfeiçoar os processos
>> produtivos,medindo,entre outras variáveis,a produtividade de uma
>> máquina por hora, além de avaliar a qualidade dos produtos,
>> checando informações sobre itens fabricados com defeitos.
>>
>> Para a paulista Marcella Macedo, 29 anos, da Vivo, trabalhar com
>> estatística é uma grande paixão: "Esprememos os números até que
>> eles confessem os dados"
>>
>>
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> Gauss Cordeiro
> (http://www.pgbiom.ufrpe.br/docentes/~gauss/)
> PhD em Estatística, Imperial College
> (1982), MSc em Pesquisa Operacional,
> UFRJ (1976), Engenheiro
> Civil, UFPE (1974) e Bacharel e
> Licenciado em Matemática, UNICAP (1973)
>
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