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Re: [ABE-L]: USP tem mais alunos e menos produção científica



Caros,

Da para resistir e nao ir para o mercado quando o salario inicial esta acima de 3000, e quando os recrutadores praticamente te imploram para trabalhar? Eu mesma mudei de emprego 5 vezes em 4 anos, sempre com aumento de salario.

Na STAT-MATH do yahoogroups recebemos um numero enorme de vagas por mes. Eu mesmo recebo pedidos de envio de CVs, de recrutadores como Michael Page, Case Consulting e outros, porque eles nao sabem direito como recrutar e pedem ajuda a estatisticos ja no mercado para selecionar CVs para eles.

Quem fica para a pesquisa, com a perspectiva de passar anos comendo bandejao, sem casar e ter filhos por nao poder sustentar ninguem alem de si proprio, e depois ganhar menos como pesquisador do que uma pessoa com a mesma quantidade de tempo no mercado? 

As bolsas sao muito baixas, professor nao pode ter consultoria, ha pouco incentivo aa meritocracia real, quem publica bem nao tem mais destaque que os outros. Tudo desincentiva quem gostaria de ir para a pesquisa...

As pessoas tem filhos, familias, eh impossivel se manter com uma bolsa de mestrado mixuruca. As bolsas das universidades americanas sao suficientes para manter a familia (no sufoco), mesmo a bolsa do CNPq para doutorado no exterior eh razoavel; esse pre-requisito de "celibato" para se ser aluno de pos e exclusividade do Brasil. As moradias de pos-graduacao nos EUA tem lugar para criancas, enquanto que a USP so tem desde 2001 12 apartamentos (estive na luta na reitoria por isso, e nas negociacoes com o COSEAS), e nao tem convenios com as creches da USP para as criancas. Muito diferente dos EUA.

Ha tambem preconceito no Brasil quanto aa idade de entrada do aluno na pos, com uma barreira informal nos 35 anos, o que mais limita a entrada de alunos no doutorado em mestrado. Nao se fala nada, mas ate pouco tempo atras o CNPq nao concedia bolsas para quem tinha mais de 35 anos, e isso corria aa boca pequena nos departamentos. Nos EUA nao tem essa barreira, perguntei ao professor Roberto Lucas (Nobel de Economia) e ele, por email, muito gentilmente me respondeu que isso nao era meritocratico, e que a Universidade de Chicago nao tinha esse tipo de clausula. E nao foi so ele que me respondeu a mesma coisa.

Ou seja, ja nao produzimos muito, e ainda somos excludentes com uma serie de potenciais candidatos (maes e pais, pessoas mais velhas)... Nao eh um bom caminho. Por que o Brasil disperdica intelectos que nos EUA sao aproveitados? Isso eh um luxo a que o Brasil nao deveria se dar.

Abracos aos redistas,
Danielle Steffen Sanchez

--- Em dom, 25/1/09, gausscordeiro <gausscordeiro@uol.com.br> escreveu:

> De: gausscordeiro <gausscordeiro@uol.com.br>
> Assunto: [ABE-L]: USP tem mais alunos e menos produção científica
> Para: abe-l@ime.usp.br
> Data: Domingo, 25 de Janeiro de 2009, 22:37
> Caros Redistas,
>  
> A Matéria da Folha de São Paulo deste domingo (em
> http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2501200901.htm)
> intitulada "Aos 75, USP tem mais alunos e menos
> produção científica"
> vem a corroborar com alguns pontos que levantei nos meus
> emails
> do domingo passado.
> Os analistas apontam que a queda da produtividade deve-se
> mais ao
> aumento do número de alunos. Entendo que essse fator
> contribui para
> a queda. Mas o grande problema, também, são os salários.
> Viver numa cidade (internacional e muito cara) como São
> Paulo com
> salário de professor uspeano exige muito malabarismo. No
> interior
> do estado, a situação é amenizada. Os valores das bolsas
> de produtividade
> como assinalei, também, não ajudam.
> Aumentem a bolsa por um fator 5 para termos um aumento
> significativo
> da produtividade acadêmica.
>  
> Cordiais Saudações,
> Gauss Cordeiro
> 
> "O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o
> entusiasmo." (Sir Winston Churchill)
>  


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