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O que fazer para crescer?




Caros Redistas,


É condição sine qua non para formar um Departamento de Estatística
de qualidade o recrutamento de alunos inteligentes e verdadeiramente
talhados para a pesquisa acadêmica. Isso deveria ser feito quando o
aluno tem no máximo 26 anos.

O Departmento de Estatística do IME-USP é hoje o único centro de
excelência em estatística da América Latina, porque fez exatamente isso: investiu - ao longo de 40 anos -, na absorção de dezenas de alunos
jovens talentosos e teve uma política sólida de doutorá-los no
exterior e no Brasil.

Alguns poucos departamentos de estatística no País caminham (talvez
com uma velocidade mais lenta) na mesma direção e poderão ser de
excelência no médio ou longo prazo. O tamanho da Cidade de São Paulo
pode ter feito a diferença do crescimento rápido da estatística
no IME-USP, mas todos nós conhecemos inúmeros departamentos de
estatística superprodutivos em cidades pequenas da Inglaterra
quando comparadas com as dimensões das capitais do Brasil.

Mas a condição acima deve ser sempre respeitada. Outros departamentos
não poderão crescer, porque os valores de competência e disciplina não
imperam nos seus docentes. Até há aqueles departamentos e/ou cursos de pós-graduação que são dominados por grupelhos que não têm qualquer
interesse na pesquisa de qualidade em estatística e persistem
cultuando a mediocridade.

Como ocorre no futebol, que apresenta uma estocasticidade muito mais
difícil de ser modelada comparada com a da academia, um bom time
deve ser formado por jogadores talentosos. Ganhamos as copas de
58, 62 e 70 porque tínhamos verdadeiros craques que faziam a diferença
onde quer que eles jogassem.

Precisamos absorver os jovens talentosos da estatística e
probabilidade que estão sem vínculo. Conheço vários mas não
citarei ninguém para não ser injusto com aqueles que desconheço.
Não poderemos mais exportar nossos cérebros, pois já fizemos muito
isso no passado.

Uma excelente páscoa para todos,

Gauss Cordeiro