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Uma nota sobre Almir




Caros Redistas,

Eu aprendi na minha vida que só com o trabalho incessante
é possível ser alguém na vida e se comportar na academia como
um bom pesquisador.

Tivemos há poucos dias a infelicidade da saber pelos meios
de comunicação da morte do professor de matemática pernambucano
Almir Alves, de 43 anos, assassinado de forma trágica em
Binghamton, Nova York.

Conversei com o Almir apenas duas vezes no Departamento de
Matemática da UFPE quando ele fazia o doutorado lá.

A primeira vez, ele me perguntou ao cruzar comigo
"Você não é irmão de Dirac?". Eu respondi que sim, e ele
me disse "o reconheci pelo andar". Ele era colega de meu
irmão, que participou da banca de seu concurso de ingresso
na Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata,
um dos órgãos suplementares da Universidade de Pernambuco (UPE).

O Almir deixa um grande exemplo para todos nós: extremamente pobre,
filho de agricultores da zona rural pernambucana, conseguiu
com esforço próprio fazer o doutorado, muitas vezes economizando
na comida para poder pagar o ônibus. E, queria muito mais, tinha
sede pelo saber - fazer um pós-doutorado -, e para isso deixou
a família em Carpina (PE) e foi para Nova York, quando pelo azar
dos azares foi assassinado. Espero que ele pelo menos esteja num
bom lugar!

Resolvi escrever essa nota, pois meu irmão me visitou hoje
a noite e me falou bastante sobre os planos do Almir quando
terminasse seu pós-doutorado.

A vida é madastra com muitos jovens trabalhadores. Mas o Almir
nos deixou um grande exemplo de determinação e amor pela ciência.
Na minha vida acadêmica conheci muita gente assim mas, também,
infelizmente, convivi com alguns velhacos e enganadores
que me deixaram (muitas vezes) bastante chateado.

Boa noite,

Gauss