[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Re: [ABE-L]: Uma curiosidade



Caros Redistas,

Â

Desculpem escrever sem acentos. Gostaria de dizer que gostei do texto

do meu amigo ZÃ Carvalho, uma pessoa muito inteligente e que conhece

bem a estatistica.


Infelizmente, no meio estatistico, existe ainda um percentual reduzido

de academicos que presta um grander desservico ao desenvolvimento da

estatistica no Pais. Pior ainda, atrapalham o que pessoas serias fazem hah

muito tempo em prol do desenvolvimento da nossa area.

Â

Parabens a todos que fazem a estatistica no sentido amplo do termo!

Â

Saudacoes,

Gauss

Â

Â

Â

Â

Â

"Nenhum trabalho de qualidade pode ser feito sem concentraÃÃo e auto-sacrifÃcio, esforÃo e dÃvida" (Max Beerbohm).


Â



Em 29/05/2009 18:51, Jose Carvalho < carvalho@statistika.com.br > escreveu:


Talvez seja desinteressante, mas aconteceu...

Idos de 1967/1968. Tempos da ditadura militar, os chamados anos de chumbo.
Sobre o movimento estudantil, pairava o jugo da repressao, inclusive
legalizada no Decreto-Lei 477, um numero inesquecivel. Por ele, DA's poderiam
ser fechados, estudantes poderiam ser expulsos, por atos considerados
atentarios à "Seguranca Nacional". à data da publicacao do DL 477, o ministro
da deseducacao era o Cel Jarbas Passarinho.

O mesmo coronel, passou ao ministÃrio do trabalho (minusculas propositais). A
profissao de estatistico fora aprovada em lei pelo congresso nacional. Faltava
a regulamentacao da lei, pelo poder executivo. Pois bem: o coronel Passarinho
seria homenageado, com um jantar, no clube militar. A sede, lembro bem, ficava
na Av Rio Branco. Perto, bem per tinho da ENCE, que ficava na Av Pres Wilson.

Em reuniao de alunos, foi resolvido que os alunos da ENCE iriam à homenagem, e
entregariam um pedido de apoio à regulamentacao da profissao. Eu era o
presidente do DA e tinha, pessoalmente, horror à ideia de pedir qualquer coisa
ao governo golpista, inclusive legitimando-o com isso. Menos ainda para
Passarinho, certamente um dos mais preparados oficiais, que se destacava
intelectualmente da massa cinza do oficialato do exercito.

Mas nao houve jeito. Cumpri meu dever. Desengracado, sem jeito, là fui,
pequeno e escondido, metido em terno desengocado. Jantei e entreguei a carta
ao coronel Passarinho.

Talvez nÃo tenha sido por isso, mas pouco tempo apÃs o jantar, o decreto
desejado por alguns foi publicado.

Mesmo que nÃo se queira saber mais, incluo mais esta: eu era contra a
regulamentacao da profissao. Sempre fui contra marcos regulatorios
desnecessarios e atà hoje acho inutil a regulamentacao da profissao de
estatistico.

Cumpri meu dever de oficio duas vezes, contra minha opiniao pessoal. NÃo me
arrependo, todavia. NÃo coonestei, pessoalmente, com a ditadura, nem com a
regulamentacao da profissao. Apenas cumpri o papel, modesto, de representante
de uma classe, que se expressou em discussoes onde fui voto vencido.

Aproveito o dia 29, dia do estatistico, para estender os votos aos muitos
profissionais, entre eles os melhores, que nao sao "portadores de carteirinha".
HÃ tantos para citar que nao o faco aqui. VÃrios deles estao, todavia, entre
os mais frequentes colaboradores desta lista.

Abs estatisticos

ZÃ Carvalho
CONRE 4414 (por dever legal - ah! Essa mania de cumprir leis!)