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Grande diferença!




Caros Redistas,

Quando deixei Recife no dia 2 de janeiro de 1975 e viajei
num ônibus da São Geraldo por quase dois dias para fazer o curso
de verão na COPPE tinha como único objetivo "estudar bastante".
Aliás, da minha turma de 186 engenheiros formados na UFPE,
exatamente 11 alunos (entre os melhores da turma) foram fazer
mestrado na COPPE, sendo Civil, Produção e Sistemas os cursos mais
procurados.

A COPPE atraía alunos de todo o País e tinha até um exame nacional
de seleção rigorosa, que fiz em novembro de 1973.

Minha turma era constituída de 12 alunos em TI de Recife, BH, Porto
Alegre, Fortaleza, Rio e São Paulo. Ficávamos o dia todo no Fundão e
nos finais de semana íamos ao NPD rodar programas (hoje obsoletos) em
Fortran nos computadores IBM 1130 e Bourroughs 6700.
No mestrado tive professores super-competentes: Fernando Chyoshi,
Paulo Boaventura, Nelson Maculan, João Lizardo, Egon Balas (esse
mesmo da programação inteira que visitava a COPPE), Hugo Scolnik,
José Manuel Carvalho de Melo (acabado de chegar da Inglaterra)
e João Saboia.

Os alunos eram super-responsáveis e a comunidade de Recife varava
a noite em muitos fins de semana para colocar a matéria em dia.
Só voltei a Recife no natal de 1975 para passar com meus pais,
enfretando novamente quase 2 dias de viagem de ônibus, pois a grana
era curta para comprar passagem de avião para quem era um simples
bolsista do CNPq.

Nos dias de hoje, presencio com imenso desgosto, alunos irem
fazer mestardo sem o mínimo de motivação para pesquisa e,
o que é pior, para o trabalho. Existem até aqueles que não aparecem
nas aulas e outros que apenas copiam textos que outros fazem e
apresentam como dissertação. Tem até aqueles que pergutam "professor
essa parte do livro irá cair na prova?". Esculhambaram a pós-graduação
no País! Esses alunos querem apenas um diploma e de preferência entrar
em alguma universidade federal que tenha uma média de publicações por
professor da ordem de grandeza: "um artigo a cada dez anos".

Seria melhor que esses alunos fossem vender automóveis ou
outro bem similar e deixassem a academia reservada para aqueles
que realmente querem aprender e estudar com afinco!

Claro que há exceções e cursos de pós super-bons, onde coexistem
alunos realmente motivados para a vida acadêmica e professores
que cobram o trabalho árduo.

A academia deve ser pautada na meritocracia e ném todos são
talhados para ela. Quanta saudade de 1975!

Cordiais Saudações,

Gauss


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