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RE: [ABE-L]: Mensagem do Luiz Vaz




Caros Redistas,

Corroborando com as palavras do Júlio Stern, o ginásio
público no passado era excelente e lá ensinavam os
melhores professores.

No tradicional Ginásio Pernambucano, meu saudoso pai
foi contemporâneo de - nada mais nada menos -, dos
grandes cientistas Leopoldo Nachbin, José Leite
Lopes e Mário Schenberg e do dramaturgo Ariano Suassuana.

Em 1962, pensou em me colocar lá mas desistiu, pois já
achava que essa escola pública estava decadente e, com muito
esforço, me matriculou no Colégio Marista onde fiz o
ginásio.

Cordiais Saudações,

Gauss




Quoting Julio Stern <jmstern@hotmail.com>:



Caros Redistas:
Permitam-me discordar desta ultima colocacao. Nao vou matricular meu filho em uma escola de pivetes, so para marcar pontos no meu caderno ideologico. Nao vou internar minha esposa em um hospital em frangalhos, so para fazer bolito frente aos membros do partido. A vida nao eh assim, pelo menos a minha! Mas o Gauss levanta um problema importante, cuja solucao passa justamente (tanto no sentido de precisamente quanto no sentido de com justica) pela superacao de abordagens simplistas. Lembro que para a geracao dos meus pais, escola boa era o Ginasio do Estado. Escola particular era para quem nao conseguia passar pelo Exame de Admissao. Como hoje ocorre (ou ate ha pouco ocorria) com a Universidade Publica / Exame Vestibular. (Sera que os paraniocos, com eu, ja enxergam um processo semelhante de degradacao?) A questao central, na minha opiniao, eh a seguinte: O Brasil repete incansavelmente o mesmo ciclo: 1- Com grande esforco e merito, criar um servico publico de alta qualidade, que todavia tem alcance muito restrito. 2- Massificar este mesmo servico, que se torna amplamente disponivel. Todavia, este processo de massificacao eh feito de uma forma que leva aa completa perda de qualidade.
Muitas forcas sociais contribuem para que assim seja, entre elas:
a) Os oportunistas de sempre, que lucram com a classe media no desamparo, classe media que, na minha opiniao, eh a eterna vitima e nao culpada no processo. b) Os politicos populistas, por vezes bem intencionados ainda que tolos, por vezes autenticos pulhas.

Qual a chave para superar esta triste sina?
Entender que para ter servicos publicos de qualidade E amplo alcance, estes tem que ser << diferenciados >> O melhor exemplo que eu conheco, na area da educacao, eh o sistema de ensino basico da antiga Uniao Sovietica: Todo mundo tinha escola basica, onde recebia uma educacao minima. Nao era a Holanda, onde os filhos da rainha tambem vao para a escola publica, mas quebrava o galho. Todo mundo (ou quase) era alfabetizado. Mas, se um garoto tinha o dom para uma atividade, era << Selecionado >> para uma escola especial...- Se era bom de matematica ou ciencias, iria estudar em uma escola apropriada, e existiam muitas; - Se era bom de danca, iria para a escola Bolschoi; - Se o garoto tinha dom para esportes, era << selecionado >> para treinamento olimpico; etc; etc. (A proposito, a Russia terminou as olimpiadas de inverno em 11o lugar, um fiasco inimaginavel! Ali nao se substituiu Comunismo por Capitalismo, mas por bandidismo puro e simples, mas esta eh outra estoria, que fica para outra vez...)

A sociedade Brasileira parece nao ter a resiliencia requerida para implementar sistemas de diferenciados e os correspondentes mecanismos de selecao, explicitos e em larga escala... Obvio que ha uma execao: O Futebol! Sera que os Gavioes da Fiel aprovariam cota racial para Japones no Curingao? E cota para moradores do bairro da Mooca? (tutti buona gente, mesmo que com uma tendencia genetica a torcer pelo Palestra :-)
---Julio


Date: Wed, 3 Mar 2010 09:28:07 -0300
From: gauss@deinfo.ufrpe.br
To: abe-l@ime.usp.br
Subject: [ABE-L]: Mensagem do Luiz Vaz



         Prof. Gauss,
         Se observar, tudo que é público está abandonado. Hoje, os
produtos preferidos pela população são os privados: previdência,
hospitais, segurança, escolas, transportes e por aí vai. Gastamos
dinheiro com tudo isso.

         Há descaso dos governantes, com certeza, mas a classe média
também é responsável. Parece estranho defender esse ponto de vista,
mas a classe média, que deveria exigir melhores serviços, cansou e os
abandonou. Não sei o porquê desse comportamento. Talvez muita
televisão, mensagens subliminares... A classe média é um dos melhores
clientes que se pode ter: paga caro e não exige melhoria na qualidade
dos serviços.

         Os serviços públicos só voltarão a ser bons quando as classes
A e B voltarem a frequentar esses serviços. Afinal, são elas as
principais formadoras da opinião pública. E, oxalá, veremos de novo
pais de bicicleta dividirem espaço com carros de luxo. Sem qualquer
tipo de segregação social. Nem de uma parte e nem da outra.

         Um fraternal abraço,
         Luiz


-----Mensagem original-----
De: gauss@deinfo.ufrpe.br [mailto:gauss@deinfo.ufrpe.br]
Enviada em: terça-feira, 2 de março de 2010 20:40
Para: abe-l@ime.usp.br; rbras@rbras.org.br
Assunto: [ABE-L]: crime de lesa-pátria



Caros Redistas,

O Estado brasileiro patrocina uma grande injustiça com
todos os brasileiros: abandonou quase por completo o
ensino público básico e fundamental de qualidade,
e de forma arbitrária agigantou a universidade
pública. Entretanto, muitos dos seus cursos (aqueles de
maior demanda) são frequentados na sua maioria por alunos
das classes mais favorecidas.

Quando morei na Inglaterra - de 1979 a 1982 -, minha filha
Lelaine (o nome é por conta de uma música de Pat Boone
que eu adorava) estudava numa escola pública em South
Kensington. Ficava na escola das 9 hs às 16 hs.

Eu a levava na garupa da minha bicicleta, enquanto alguns
pais traziam seus filhos para a mesma escola em carros de
luxo. Em outra escola pública do mesmo quarteirão,
trabalhava como professorinha - Lady Diana -, que se
casaria depois com o Princípe Charles.

Hoje, no Brasil, existe quase um oligopólio concentrado do
ensino privado fundamental e básico - que é infinitamente
superior ao público -, mas que, por custar caro, não permite
que as classes mais desfavorecidas sejam beneficiadas.
Esse fato se constitui numa grande injustiça social - que
nunca foi combatida pelos nossos políticos.

Em nome da igualdade social, todos os brasileiros deveriam
poder estudar e ter acesso gratuito ao bom ensino,
principalmente na base da pirâmide escolar, sem qualquer
dependência por conta do nível de renda familiar.
Quantos cientistas no País vieram das classes menos
desfavorecidas? Por certo, uma grande minoria.

Entendo que essa situação é mais um crime de lesa-pátria que
a nossa sociedade pratica, pois agride o desenvolvimento
social do País. Qualquer estudo de mobilidade social pode
comprovar quantitativamente o que estou afirmando.


Cordiais Saudações,

Gauss Cordeiro


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