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Deu na Folha de São Paulo



FOLHA DE SÃ PAULO, 12 de novembro de 2010

TENDÊCIAS/DEBATES

Póraduaç nova no Brasil

NAOMAR DE ALMEIDA FILHO


Precisamos recriar o modelo nacional de póraduaç; antes de tudo, o abismo entre graduaç e póraduaç no paídeve ser removido

A universidade brasileira vive raro momento de inovaç e expansã propío para rever prácas e repensar estruturas.
Nesse contexto, vale destacar a criaç de novas modalidades de graduaç, compatíis com o "college" norte-americano e o "bachelor" de Bolonha, na Europa.
A UFABC (Universidade Federal do ABC) foi inaugurada em 2005 com o bacharelado em ciêia e tecnologia, um primeiro ciclo de trêanos com onze opçs de segundo ciclo.
Em 2007, a UFBA (Universidade Federal da Bahia) aprovou a oferta de bacharelados interdisciplinares como primeiro ciclo para 81 opçs de graduaç. Dentro do Reuni, outras instituiçs seguem essa tendêia inovadora: UFSC, UFRN, Ufersa, UFCG, UFRB, UFJF, Unifal, UFVJM, UFSJ, Unifei, UFV, UFRJ, Ufac e Ufopa.
A Unesp abre o bacharelado em ciêias exatas, curso de trêanos com opçs de segundo ciclo, e a Unicamp inicia um programa interdisciplinar de dois anos, primeiro ciclo geral para formaç profissional especíca.
Em 2011, mais de 10 mil estudantes estarãmatriculados em 26 cursos de graduaç de primeiro ciclo, em algumas das melhores universidades brasileiras.
A graduaç se renova, portanto.
Nãobstante, se quisermos avanç no desejado processo de internacionalizaç, precisamos agora recriar o modelo nacional de póraduaç.
Para isso, antes de tudo, o abismo entre graduaç e póraduaç, que trava a educaç superior brasileira, herançdo Parecer Sucupira de 1966 e da reforma universitáa de 1968, deve ser removido.
Assim, poderemos integrar graduaç e mestrado, diferenciando-os do doutorado.
Mestrado éducaç em médos, conhecimentos e prácas, enquanto doutorado implica formaç em pesquisa e criaç. Por isso, a matriz curricular do doutorado, efetivamente focada na produç orientada de conhecimento e inovaç, terá mímo de cursos.
Em todos os níis, componentes curriculares serãorganizados nãpor titulaç, mas por níl de profundidade. Flexíis, estarãabertos a qualquer aluno, de graduaç ou de póque demonstre estar habilitado a cursáos.
Enfim, haveráelativa autonomia entre processos formativos e processos avaliativos (exames de qualificaç, teses e dissertaçs), com bancas compostas por examinadores externos aos programas, que, excluindo o orientador, permitirãmaior controle de qualidade acadêca.
Essas propostas articulam soluçs consagradas em país com tradiç universitáa consolidada. A estrutura curricular míma define o modelo inglêde doutorado.
A centralidade do trabalho de pesquisa, criaç ou inovaç inspira-se no modelo alemã A sequêia de exames de qualificaç tem como referêia o modelo norte-americano dos "graduate studies". A avaliaç da tese por examinador externo antes da defesa tem base no modelo francê com a figura do "rapporteur".
Renovada, a arquitetura curricular dos programas de póraduaç seráais orgâca ao ciclo atual de crescimento da pesquisa nacional. Isso facilitará inserç internacional da universidade brasileira, contribuindo para o desenvolvimento soberano do paí


NAOMAR DE ALMEIDA FILHO, pesquisador 1-A do CNPq, érofessor titular do Instituto de Saúoletiva e do Instituto Milton Santos de Humanidades, Artes e Ciêias da Universidade Federal da Bahia, da qual foi reitor.