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Re: [ABE-L]: Experiência na pós-graduação em Estatística



Denise
Sem querer polemizar note o seguinte:
(tudo isso da epoca que estive em londres)
1) Em geral aluno de doutorado nao eram obrigados a assistir aulas .
2) Existiam poucos mestrados em Estatistica pex em Londres so existiam no Imperial College e na London School of Economics. Alem disso os cursos basicos Probabilidade e Inferencia ( e Metodos Estatisticos no Imperial ( eram de aproximadamente 60-80 horas e de altissimo nivel ( os textos eram Kendal Stuart, Lehman ,Rao , Ferguson) enquanto na epoca aqui no Brasil usava-se o Mood Graybill. Alias que nós na UFRJ usavamos na graduação.Atualmente usamos o DeGroot que ainda hoje muitas de nossas pos graduaçoes usam como livro texto ,, logo do mesmo nivel de nossa graduaçao da UFRJ.
3) Os outros cursos ( Multivariada , Planejamento de Experimentos, Amostragem Series Temporais Etc eram no Imperial  dados em 10 ou 15 horas ( em multivariada pex viamos os livros do Chatfield ou Morrison todo , eram lectures , palestas, o que aqui os alunos, mesmo pos graduados,  reclamariam), Para atende-los aqui  os professores preferem deixa-los sem ter a minima ideia do que se trata. Imagine hoje o que isto acarreta em termos de novidades com as  tecnicas modernas )
4) Ja dei varias vezes o exemplo de um excelente estatistico com mestrado na area , que foi preterido em um emprego ( com o proprio presidente do CONRE do Rio) por um outro candidatro com mestrado em Eng de Transporte porque o estatistico nao sabia o que era Amortecimento Exponencial. Imagino o que deve estar acontecendo com Redes Neurais , SVM , Bayesian networks, Hiddem Markov models  etc de uso corrente dos engenheiros , mas que como amortecimento exponencial nao temos tempo ou paciencia para dar uma pequena noçao a nosso graduando ou pos graduandos.
5) Sera que nao é preferivel dar um pequeno curso geral de topicos extras com livros mais simples (Amostragem pelo Barnett, Multivariada pelo Mainly etc ) do que deixa-los sem ter a minima noçao do que se trata?.
Hoje com a Internet temos que dar mais informaçao e deixar os alunos buscar um conhecimento mais profundo.
Mas eles tem que saber que aquilo existe , para isso temos que informa-los.
Ainda acho e a estatistica da UFRJ segue o principio de uma base forte em matematica , probabilidade e inferencia, tanto que la se tem o maior cuidado com essas disciplinas sem é claro descuidar com as outras
6) Aceitando que as provas dos cursos (graduação e pos graduaçao)  eram diferentes.Isso nao era justo ? Por que foi insucesso?  So pode ter sido pela didatica do professor ou  constrangimento em sentar com um aluno de graduaçao.
7) È muito facil criticar um texto ou disciplina como sendo muito elementar  , mas quando queremos descobrir e olhar algo novo vamos sempre na internet procurar Uma Introduçao.... ou Tutorial sobre .....ou nao?

Basilio

Em 17 de novembro de 2010 21:51, Denise Britz do Nascimento Silva <denisebritz@gmail.com> escreveu:
Basilio (e demais colegas da rede),
 
pensei um pouco antes de escrever para a lista sobre o seu comentário referente ao mestrado da UFRJ. Entretanto, considerando que fiz parte do grupo de alunos que foi submetido a esta experiência pioneira como aluna do mestrado em Estatística da UFRJ no início dos anos 90, resolvi enviar uma resposta para rede já que acredito que você inclui na sua mensagem uma opinião(ou versão) do ocorrido que não considero verdadeira.
 
Esta não é a primeira  vez que discuto o assunto (mas é a primeira vez que acontece on-line :-) ), pois eu e Basílio já tivemos a chance de conversar sobre isto quando ele era coordenador do mestrado e eu aluna. Lembro que, na ocasião, as aulas eram ministradas ( em algumas matérias) conjuntamente para a graduação e o mestrado, mas as provas não eram as mesmas. A experiência inovadora ocorreu num momento em que o mestrado estava sendo reformulado no que se refere à carga didática das matérias e do número de créditos exigidos antes da dissertação, etc.etc. E a justificativa para a experiência pioneira era a falta de professores. Sendo assim, o resultado deste experimento não foi um sucesso (nas poucas matérias na quais a iniciativa foi  implementada).
 
Sucesso é sem dúvida o legado da pós-graduação da UFRJ que constitui um dos mais importantes programas de pós-graduação em Estatística do país. Notem,por favor, que meu comentário sobre o experimento pioneiro não tem o intuito de criticar o programa. Ao contrário, reconheço que a qualidade da formação que recebi no mestrado da UFRJ foi essencial para o desenvolvimento de minha carreira .
 
Minha mensagem é também para comentar que a idéia (de colocar muito compartilhamento entre a graduação e o mestrado) pode não ser assim tão eficaz. Além disto, na Inglaterra (citada como exemplo) ocorre a ligação dos programas de mestrado com doutorado (inclusive as bolsas de estudo já são do tipo 1 + 3, um ano para o mestrado e 3 para o doutorado). A COPPEAD também já tem esta opção. A graduação (na ilha) fica separada, com cursos de 3 anos de duração ( em média) e muuuuuuitos alunos por turma ( pois a quantidade de alunos por curso está ligada ao valor do financiamento recebido do governo).
 
Ocorre, entretanto, que o mestrado não é necessáriamente visto como "mestrado acadêmico". São cursos de um ano de duração e a elaboração da dissertação deve ser realizada em 4 meses (talvez menos) . É uma etapa de fomação profissionalizante, diferente do PhD nos quais os alunos são denominados como research students.
 
Saudações
Denise
 
 
Em 13 de novembro de 2010 00:18, Basilio de Bragança Pereira <basilio@hucff.ufrj.br> escreveu:
Nesta linha de formaçao , vemos que a Estatística da UFRJ , foi pioneira neste sentido.
Quando era professor da pos graduaçao de Estatistica , em minha disciplinas de mestrado sempre oferecia junto a graduaçao de estatistica.
Em geral os alunos de graduaçao eram melhores que os de mestrado e ai estes se revoltavam !!!!!
Basilio

Em 12 de novembro de 2010 16:59, Francisco Cribari <cribari@gmail.com> escreveu:

FOLHA DE SÃO PAULO, 12 de novembro de 2010

TENDÊNCIAS/DEBATES

Pós-graduação nova no Brasil

NAOMAR DE ALMEIDA FILHO


Precisamos recriar o modelo nacional de pós-graduação; antes de tudo, o abismo entre graduação e pós-graduação no país deve ser removido

A universidade brasileira vive raro momento de inovação e expansão, propício para rever práticas e repensar estruturas.
Nesse contexto, vale destacar a criação de novas modalidades de graduação, compatíveis com o "college" norte-americano e o "bachelor" de Bolonha, na Europa.
A UFABC (Universidade Federal do ABC) foi inaugurada em 2005 com o bacharelado em ciência e tecnologia, um primeiro ciclo de três anos com onze opções de segundo ciclo.
Em 2007, a UFBA (Universidade Federal da Bahia) aprovou a oferta de bacharelados interdisciplinares como primeiro ciclo para 81 opções de graduação. Dentro do Reuni, outras instituições seguem essa tendência inovadora: UFSC, UFRN, Ufersa, UFCG, UFRB, UFJF, Unifal, UFVJM, UFSJ, Unifei, UFV, UFRJ, Ufac e Ufopa.
A Unesp abre o bacharelado em ciências exatas, curso de três anos com opções de segundo ciclo, e a Unicamp inicia um programa interdisciplinar de dois anos, primeiro ciclo geral para formação profissional específica.
Em 2011, mais de 10 mil estudantes estarão matriculados em 26 cursos de graduação de primeiro ciclo, em algumas das melhores universidades brasileiras.
A graduação se renova, portanto.
Não obstante, se quisermos avançar no desejado processo de internacionalização, precisamos agora recriar o modelo nacional de pós-graduação.
Para isso, antes de tudo, o abismo entre graduação e pós-graduação, que trava a educação superior brasileira, herança do Parecer Sucupira de 1966 e da reforma universitária de 1968, deve ser removido.
Assim, poderemos integrar graduação e mestrado, diferenciando-os do doutorado.
Mestrado é educação em métodos, conhecimentos e práticas, enquanto doutorado implica formação em pesquisa e criação. Por isso, a matriz curricular do doutorado, efetivamente focada na produção orientada de conhecimento e inovação, terá o mínimo de cursos.
Em todos os níveis, componentes curriculares serão organizados não por titulação, mas por nível de profundidade. Flexíveis, estarão abertos a qualquer aluno, de graduação ou de pós, que demonstre estar habilitado a cursá-los.
Enfim, haverá relativa autonomia entre processos formativos e processos avaliativos (exames de qualificação, teses e dissertações), com bancas compostas por examinadores externos aos programas, que, excluindo o orientador, permitirão maior controle de qualidade acadêmica.
Essas propostas articulam soluções consagradas em países com tradição universitária consolidada. A estrutura curricular mínima define o modelo inglês de doutorado.
A centralidade do trabalho de pesquisa, criação ou inovação inspira-se no modelo alemão. A sequência de exames de qualificação tem como referência o modelo norte-americano dos "graduate studies". A avaliação da tese por examinador externo antes da defesa tem base no modelo francês, com a figura do "rapporteur".
Renovada, a arquitetura curricular dos programas de pós-graduação será mais orgânica ao ciclo atual de crescimento da pesquisa nacional. Isso facilitará a inserção internacional da universidade brasileira, contribuindo para o desenvolvimento soberano do país.

NAOMAR DE ALMEIDA FILHO, pesquisador 1-A do CNPq, é professor titular do Instituto de Saúde Coletiva e do Instituto Milton Santos de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia, da qual foi reitor.