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Saiu no Boletim do Conhecimento



Achei interessante o texto abaixo e repasso para vocês.

Minha bronca com a urna eletrônica é que havia ficado especialista em contagem rápida: nas eleições e tinha lá meu trabalhinho na época das eleições. A urna eletrônica eliminou minha função tão bem construídas, PO!
Mas agora vejo que há outras razões para não gostar delas.

Veja lá

Falando do Interior

Nessa seção, Paulo Francis Jr. jornalista, residente em Presidente Venceslau do Jornal Integração, publica interessantes textos com uma especial visão de quem vive no interior.


O reajuste salarial... Dos deputados!

Minha digníssima e saudosa avó, em sua invejável e transbordante inteligência, certa feita afirmou: ?Cada ovo comido é um pinto perdido!? Depois, aproveitaram a frase e colocaram em centenas de pára-choques de caminhões. Muita gente lê e continua lendo por aí, sem, no entanto, entender claramente. Vovó queria mesmo dizer é que cada voto mal dado é um tiro no pé. Entra ano, sai ano e a patifaria é sempre a mesma! Na primeira distração que o povo tiver até o final do ano, vai ganhar uma conta extra: o aumento de salário dos parlamentares. Deus queira que nem o Corinthians e nem o Flamengo consigam ir para alguma final de campeonato, se não a coisa desanda. A cúpula da Câmara dos Deputados quer colocar o assunto em votação antes do final do ano. Estou tremendamente comovido com o pedido porque a causa é ?muito justa e importante?: equiparar os salários dos parlamentares aos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Assim, os vencimentos dos honoráveis deputados devem chegar à casa dos R$ 31 mil. Atenção leitores: caso essa equiparação seja feita, o aumento significa uma reposição de 61,83%. Quando e qual categoria no país recebeu um presente tão grande? Nem com aquele remédio para memória, o Vitasay do Pelé, consigo me lembrar...

Que me perdoem as autoridades, todavia, quando eu vejo uma notícia destas dá vontade de cuspir e vomitar na urna eletrônica. Olha, não seria mais oportuna e justa a diminuição dos salários dos ministros do Supremo? Ninguém agüenta mais sustentar essa gente! Aqui fora, na vida privada, quanto um funcionário comum - até de grandes organizações - deveria produzir para almejar um salário deste nível? Fala-se que para uma empresa comum ter lucro, cada empregado, cada operário, deve produzir 10 vezes o valor de seu salário. Agora pergunto: quanto tem produzido um deputado para receber um reajuste assim? Outro argumento que me fez ?chorar? na tentativa de justificar urgentemente esse aumento: há quatro anos eles não têm qualquer aumento. Eu até riria se não fosse conosco que tudo isso esteja ocorrendo. Existem categorias que não recebem aumento e, muito menos qualquer reposição salarial - até da inflação! -, há mais de 10 anos e ninguém diz nada.

Existe, ainda, outra preocupação que ?valida? esta necessidade: querem dar uma colher de chá à presidente Dilma e seus futuros ministros, que assim entrariam em 2011 também com novos rendimentos. PQP!!! Estão a favor desta revisão de salários o vice-presidente da Câmara Federal, deputado petista Marco Maia, e o atual presidente Michel Temer, peemedebista de São Paulo e também vice-presidente do país a partir do ano que vem. Existe ainda outra consideração de peso para a implantação de tudo isso, a diminuição do ?Auxílio-Safadeza?: para trabalhar três dias por semana e descansar quatro, cada representante do povo, que na Câmara Federal são mais de 500 deputados, recebem 14 salários por ano. Eu disse 14 e não 13! E mais 48 passagens aéreas para os seus Estados de origem; sem contar o privilégio de se aposentarem com apenas oito anos de ?serviço? com salário integral. Nós, aqui fora, temos que trabalhar 35 anos para ter esse direito, recebendo apenas uma mixaria, uma merreca de uma percentagem do salário de quando estávamos na ativa. Além disto, o deputado federal ainda recebe R$ 60 mil mensais para contratar e pagar 25 funcionários, que ficam a sua disposição. Em muitos países ricos da Europa, os políticos moram em apartamentos coletivos e lavam os seus próprios panos de bunda...

Não seria mais lógico, antes de aprovar os novos aumentos, fazer um esforço concentrado pelo menos para analisar a questão dos reajustes dos aposentados com a PEC 270 ou da equiparação salarial dos policiais com a PEC 300? Não seria pelo menos mais justo? Ou é uma questão de consciência? Mas, em se tratando de consciência política, o que se vê até agora é tremendamente perturbador, vergonhoso e humilhante. É muita patifaria por metro quadrado...

Eu estava aqui pensando, também, no tal do Auxílio-Moradia. Existem apartamentos funcionais disponíveis em Brasília, porém, os deputados que quiserem alugar outro, recebem ainda uma ?pequena? ajuda de custo de R$ 3 mil. Vamos trazer estes cálculos para Presidente Venceslau, para Marabá Paulista, para Piquerobi, etc. Em alguma destas localidades existe alguém que pague um aluguel neste valor? Comece a raciocinar aí como seria essa casa? Particularmente, desconheço alguém que pague tal importância por uma simples residência, pelo menos aqui.

Peço desculpas ao leitor para usar um termo bem popular, talvez chulo, mas que é imprescindível neste momento: como muitos outros brasileiros, ?estou mijando na arvinha!?, isto é, com muito medo mesmo. Veja, há um estudo em andamento que me deixa profundamente, extremamente, absolutamente ?preocupado?: ?Em votação sumária, a Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional aprovou o relatório preliminar do senador Gim Argello (PTB-DF) que contempla o reajuste do salário mínimo para 2011 no valor de R$ 540. Hoje, o valor do mínimo é de R$ 510.? O que o cidadão comum faz com R$ 30 de aumento? Isso é desrespeito puro!

Valha-me Deus! Quanto pinto, digo, quanto voto perdido...



Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>