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Deu na Folha de São Paulo



FOLHA DE SÃ PAULO, 21 de dezembro de 2010 - EDITORIAL

Ranking universitáo 

Instituiçs de ponta no Brasil, como USP e Unicamp, precisam deixar de olhar sóra si próas e competir de fato na cena internacional

A comparaç das melhores universidades paulistas -USP e Unicamp- com as dez mais bem colocadas no reconhecido ranking Times Higher Education (THE) éeveladora. No cotejamento feito ontem na Folha, salta aos olhos a disparidade entre as verbas de pesquisa que as instituiçs conseguem atrair.
A Universidade Estadual de Campinas, que amargou um longíuo 248º na classificaç, contou em 2009 com R$ 248,1 milhõpara financiar investigaçs cientícas. As quatro primeiras colocadas -Harvard, CalTech, MIT e Stanford, todas americanas- obtiveram entre R$ 1,2 bilhãe R$ 3,8 bilhõcada.
A ú com cifra comparál, R$ 300,9 milhõ ocupa a quinta posiç, Stanford. Mas sóm 7.500 estudantes de graduaç e pócontra 33 mil da Unicamp.
Pior figura faz a Universidade de SãPaulo, 232ª colocada no ranking. A principal universidade do paí com mais de 82 mil graduandos e póraduandos, nãsabe informar qual é verba de pesquisa que manuseia.
Embora o valor de verbas para pesquisa nãseja o critéo que mais pesa no ranking (5,25% do escore final), trata-se de excelente indicador de prestío e competitividade. As universidades brasileiras precisam cuidar melhor da qualidade dos dados que coletam e transmitem àorganizaçs classificadoras, para garantir que recebam destaque merecido.
As mais destacadas instituiçs universitáas do paísãorganizaçs pesadas e burocrácas, acostumadas ao financiamento garantido pelo dinheiro púo. No caso das paulistas, pela parcela fixa de 9,57% da arrecadaç do ICMS. ÀUSP cabe pouco mais de 5% do arrecadado e ànicamp, 2,2% (o restante vai para a Unesp).
No ano passado, as duas receberam, respectivamente, R$ 2,89 bilhõe R$ 1,28 bilhõ Para a Unicamp, essa fonte representa 72% do orçento total. Harvard, em contraste, recebe do Estado menos de 17% de seus recursos.
Váas outras caracteríicas distinguem as universidades paulistas das que estãno topo do ranking. Estas sãbem mais antigas, como a britâca Cambridge, fundada em 1209. Cobram mensalidades de seus alunos e têentre eles mais estrangeiros -até8%- do que USP (2%) e Unicamp (4%).
A comparaç direta, nesse sentido, pode ser injusta e aténapropriada. Afinal, anáse dos próos autores do ranking THE indica que as instituiçs de SãPaulo, precisamente por contarem com financiamento assegurado, sãas universidades sul-americanas com melhor chance de vir a integrar a classificaç das 200 melhores do mundo (em outro ranking, o da Universidade de Xangai, a USP estám 143º).
A China tem seis universidades entre as 200 melhores. A Turquia, duas. Sãpaís emergentes, como o Brasil, que nãtêcomo escapar da necessidade de gerar tecnologia e inovaç. Nossas melhores universidades, USP e Unicamp, precisam tornar-se de fato as instituiçs de classe internacional de que o paíprecisa.



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Francisco Cribari-Neto, cribari@gmail.com, http://sites.google.com/site/cribari