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RJ




A propo'sito, segue arquivo enviado por um amigo geo'logo

abrcs, Lisbeth

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Colegas geotÃcnicos (geÃlogos de engenharia e engenheiros geotÃcnicos) e de demais especialidades implicadas,

Essas Ãltimas tragÃdias tÃm nos chamado a atenÃÃo sobre a importÃncia em termos mais cuidado em definir como geotecnicamente estÃveis certas feiÃÃes de relevo de topografia mais suave junto ao sopà de nossas regiÃes serranas tropicais.

HÃ duas situaÃÃes tÃpicas de Ãreas de topografia suave situadas nas bordas das serras:

a)     Ãreas imediatamente situadas ao final das encostas de alta declividade, iniciando-se a partir da ruptura de declive negativa da encosta. Essas Ãreas estÃo sujeitas a serem atingidas pelos escorregamentos da encosta contÃgua. Isso define que nessas condiÃÃes a ocupaÃÃo urbana deverà observar uma âfaixa de seguranÃa geotÃcnicaâ de em torno de 40 metros, contados a partir da base da encosta. Faixa idÃntica deverà ser observada pela ocupaÃÃo dos platÃs mais planos superiores das encostas. Vejam em anexo fotos ilustrativas.

b)     Ãreas situadas à frente da âbocaâ de vales que demandam do alto da serra. SÃo Ãreas de topografia suave, mas que estÃo sobre leques de deposiÃÃo de detritos (solo, blocos de rocha, restos vegetais) formados e originados de pretÃritas corridas de lama e detritos. Ou nÃo se ocupa essas Ãreas, reservando-as para parques florestados, ou se libera a ocupaÃÃo mediante a execuÃÃo de avantajadas obras (diques de impacto e desvio) do contenÃÃo e proteÃÃo. Dado o fantÃstico poder destrutivo de uma corrida de lama e detritos essa Ãltima opÃÃo deve ser vista com enorme cuidado. Vejam em anexo foto ilustrativa, a da igrejinha. Pode-se dizer que esse à um flagrante geolÃgico da formaÃÃo de mais uma camada do leque de deposiÃÃo jà preteritamente existente no local.

 

Se vocÃs analisarem os leques de deposiÃÃo ao sopà da Serra do Mar, especialmente frente à boca dos grandes vales que descem là do alto da escarpa, terÃo uma pÃlida idÃia do que foi e à a dinÃmica geolÃgico-geomorfolÃgicos dessa nossa belÃssima regiÃo. Hà cerca de 60 milhÃes de anos atrÃs, no inÃcio do TerciÃrio,  a escarpa (proto-Serra do Mar) estava a cerca de 50 Km à frente da atual linha do litoral sudeste. Sabem como ela chegou atà a atual posiÃÃo? à custa de muito escorregamento, muita corrida de detritos, muita erosÃo. Essa à nossa querida Serra do Mar, com sua histÃria, suas leis, seus ritmos, seu calendÃrio prÃprio, suas idiossincrasias...

Algumas das Ãreas planas que sÃo dadas hoje como Ãtimas de se ocupar estÃo sobre esses leques. Compostos em profundidade por muita areia, blocos de rocha e, Ãs vezes, atà antigos troncos de Ãrvores. Eles sÃo a natureza nos dizendo: tomem cuidado, aqui tem passado a rota de muita corrida de detritos. A grande dificuldade de compreensÃo dessas coisas decorre dos diferentes calendÃrios por que se orientam e se comportam o homem moderno e a natureza geolÃgica. âAhh..., mas minha famÃlia conhece isso aqui hà mais de 100 anos e nunca aconteceu coisa parecida...â. O que sÃo 100 aninhos para a MÃe Terra?

à possÃvel que com o histÃrico das chuvas que caÃram na regiÃo serrana nobre do Rio houvesse um grande evento natural de escorregamentos e corridas, mesmo sem a intervenÃÃo do homem. Como em 1967 aconteceu em Caraguatatuba e Serra das Araras. O homem potencializa e transforma, por sua presenÃa, esses eventos em tragÃdias, como essa que estamos assistindo. De tantos em tantos anos, sabemos là quantos, hà a probabilidade de ocorrÃncia de trombas dâÃgua concentradas como essas. NÃo hà nada de novo no quartel geolÃgico de Abrantes.

Pode-se entÃo perguntar, vamos tirar TeresÃpolis, Nova Friburgo e outras cidades serranas do lugar e botar em outro? Em parte sim, aliÃs jà propus aos amigos locais pensar em extensÃo urbana que seria a Nova Nova Friburgo. mas o essencial à organizar essas cidades espacialmente e em procedimentos de defesa civil em funÃÃo exata do meio fÃsico que elas ocupam.

Nada de culpar a Natureza, com suas encostas e suas chuvas, ao menos nÃs geÃlogos nÃo podemos proporcionar essa saÃda para a irresponsabilidade geral com que se lida com o meio fÃsico geolÃgico, temos que dar um passo adiante, sermos mais ousados em nosso papel de profissionais compromissados com a boa tÃcnica e com os interesses da sociedade brasileira.

Grande abraÃo aos amigos e companheiros de jornada,

 

GeÃl. Ãlvaro Rodrigues dos Santos