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Re: [ABE-L]: Uma pequena provocação, para animar o sábado, um exto de um estatístico de renome, citaado um gigante, seu professor



Excelente provacação, Carvalho.
 
Talvez ajude passar algumas informações biográficas do Rubin para os que não conhecem o personagem: ele é sem dúvida um dos grandes estatísticos matemáticos de nosso tempo, tendo avançado os fundamentos do nosso campo do saber em várias frentes, notadamente na análise de dados com informações incompletas, e no campo da estatística aplicada à Economia, com o desenvolvimento de métodos hoje bastante usados para avaliar impacto de políticas públicas em situações onde não é possível realizar experimentos controlados da forma clássica mediante aleatorização da aplicação de 'tratamentos'.
 
Tive a sorte de estudar com pessoas que, ao longo da vida, me passaram idéias e filosofia semelhante à descrita pelo Rubin e que ele atribui ao Cochran. 
 
Reforçando sua provocação, gostaria muito de ver uma evolução da nossa comunidade na direção de aproximá-la mais desta filosofia, tanto na teoria quando na prática, e de ver esta aproximação refletida na educação das gerações futuras, nas publicações, na avaliação dos pares, e nas atividades que desenvolvemos coletivamente (SINAPEs, escolas, etc.).
 
Um excelente artigo publicado em 2010 pela Sharon Lohr sobre a formação de estatísticos para a área de amostragem, embora um tanto específico, trata de várias destas questões com idéias que eu acredito que seriam úteis para formação de novos quadros em várias outras áreas da Estatística.
 
Seguem a referência completa, e o pdf do artigo, que também pode ser baixado diretamente do site da excelente revista Journal of Official Statistics em:  http://www.jos.nu/Articles/abstract.asp?article=263395.
 
Lohr, S. (2010). The 2009 Morris Hansen Lecture: The Care, Feeding, and Training of Survey Statisticians. Journal of Official Statistics,  Vol.26, No.3, 2010. pp. 395–409.
 
Bom domingo a todos.
 
Pedro.

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Em 30 de abril de 2011 18:49, Jose Carvalho <carvalho@statistika.com.br> escreveu:

Pra quem acha que estaística é matemática: :-)

Donald Rubin, em Matched Sampling for Causal Effects (Cambridge Univ. Press), p. 2


After returning to Harvard for my second and third years in applied math, I realized that there was a department called “Statistics” that seemed to include the study of things that I was already doing. By my fourth year at Harvard, I was a PhD student in that department, with a ready topic for my thesis, and with a fabulous PhD advisor who was also a wonderful human being,William G. Cochran. Bill, who was then one of three senior faculty in the Department of Statistics at Harvard University, the others being Arthur Dempster and Frederick Mosteller, had a powerful influence on me. He taught me what good statistics meant: doing something to address an important real problem. If a project didn’t have some relevance to the real world, Bill’s view was that it might be of interest to some, and that was OK, but it wasn’t of interest to him. It might be great mathematics, but then I should convince a mathematician of that, not him – he was neither interested nor able to make such an assessment. Over the years, I’ve tried to instill the same attitude in my own PhD students in statistics.


Tradução livre:

Depois de regressar a Harvard para o meu segundo e terceiro anos em matemática aplicada, eu descobri que havia um departamento chamado "Estatística" que parecia incluir o estudo das coisas que eu já estava fazendo. No meu quarto ano na Universidade de Harvard, eu era um PhD estudante nesse departamento, com um t[opico pronto para minha tese, e com um fabuloso orientador, que também era um ser humano maravilhoso, William G. Cochran. Bill, que era um dos três professores sêniores no Departamento de Estatística da Universidade de Harvard, sendo os outros Arthur Dempster e Frederick Mosteller, teve uma poderosa influência sobre mim. Ele me ensinou o que significava estatística: fazer algo para resolver um verdadeiro problema importante. Se um projeto não tivesse alguma relevância para o mundo real, a visão de Bill era que ele poderia ser de interesse para alguns, e que estava OK, mas não era de interesse para ele. Podia ser excelente matemática, mas então eu deveria convencer um matemático, não ele. Ele não se interessava, nem seria capaz trabalhar naquilo. Ao longo dos anos, eu tentei incutir a mesma atitude em meus alunos de doutorado em estatística.




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Pedro Luis do Nascimento Silva
IBGE - Escola Nacional de Ciências Estatísticas
Phone: +55 21 21424957, 35216066

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