[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Deu na Folha de São Paulo



Folha de SãPaulo, 6 de maio de 2011

Para que os rankings?

ROGÉIO MENEGHINI


As universidades nãdevem ficar àercêos rankings em suas decisõde polícas acadêcas, mas ser contra eles éstél e enviesado


Os rankings de universidades causam surpresas pela diversidade de resultados. Recentemente destacou-se essa matéa na imprensa.
Como dar-lhes créto quando, por exemplo, a USP salta da 19ª posiç no ranking Scimago para a 471ª no Leiden, entre os dez rankings existentes? As discrepâias nãocorrem porque a cienciometria "nãéma ciêia exata", mas porque os critéos utilizados pelos rankings sãdiversificados.
A primeira razãdisso éue eles têcarár mercadolóo e consideram a diversidade de interesses dos consulentes. Daís distinçs de enfoque. As melhores universidades estãem busca de talentos jovens, nãsór mais dinheiro das anuidades, mas tambépor mais sucesso em ciêia e destaque de seus egressos na sociedade.
A autopromoç ém caminho (a Universidade Harvard tem um escritó em SãPaulo), mas uma avaliaç externa e comparativa tem maior alcance promocional.
Decorrem daínfases distintas em diferentes atividades acadêcas avaliadas pelos diferentes rankings. Pessoas e instituiçs vãbuscar os rankings que lhes proporcionem informes de interesse, cada um individualmente avaliado.
A diversidade dos resultados dos rankings causa mámpressãnos incautos. Entre as váas crícas, uma é da utilizaç de cienciometria na consideraç de citaçs como sinôo de qualidade e de relevâia dos artigos.
Poré em muitas pesquisas realizadas, a correlaç entre percepç pessoal dos pares e citaçs éignificativamente alta. Outra críca diz respeito àusêia de avaliaç de publicaç de livros.
A esse respeito, émportante considerar que as grandes bases de dados estãpassando a cobrir livros, um documento de comunicaç de interesse forte nas áas de humanas e sociologia. Para aqueles visceralmente contra o uso de cienciometria, o Times Higher Education publicou recentemente um ranking de universidades baseado apenas na opiniãsubjetiva de cerca de 13 mil pares.
As universidades brasileiras novamente se viram mal. Certamente um fator que muito pesa é baixo grau de cosmopolitismo destas, seja na participaç de estrangeiros nos corpos docentes e discentes, seja no grau de colaboraç cientíca internacional em projetos (40º lugar entre as naçs).
Certamente, as universidades nãdevem ficar àercêos rankings em suas decisõde polícas acadêcas. Elas têque proceder com as suas próas avaliaçs, buscando participaç de pares estrangeiros, como fez a USP na avaliaç de departamentos a partir de 1992. As instituiçs governamentais podem aíambédesempenhar um papel importante, quando fomentam em níl institucional (Capes, por exemplo).
Mas ser contra os rankings éstél e enviesado. Eles existirã provavelmente proliferarãe serãaperfeiçdos na medida em que as universidades busquem arregimentar os melhores professores, pesquisadores, alunos e parcerias.
As universidades brasileiras estãainda despreparadas para serem proativas nesse contexto.

ROGÉIO MENEGHINI, professor titular aposentado do Instituto de Quíca da USP, éoordenador cientíco do programa SciELO de revistas cientícas brasileiras e membro da Academia Brasileira de Ciêias.