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Como somos infinitesimais! Vide texto do Uol.



Quasar distante é objeto mais brilhante já descoberto no Universo
primitivo
Do UOL Ciência e Saúde (29/7)
Em São Paulo

Uma equipe de astrônomos europeus utilizou o Very Large Telescope do
Observatório Europeu do Sul (ESO), juntamente com outros telescópios, para
descobrir e estudar o quasar mais distante encontrado até hoje. Este
farol, cujo motor é um buraco negro com uma massa duas bilhões de vezes
maior que a do Sol, é sem dúvida o objeto mais brilhante descoberto no
Universo primitivo. Os resultados deste estudo sairão em 30 de Junho na
revista Nature.

"Este quasar é uma importante sonda do Universo primitivo. É um objeto
muito raro que nos ajudará a compreender como é que os buracos negros de
massa extremamente elevada cresceram algumas centenas de milhões de anos
depois do Big Bang," diz Stephen Warren, o líder da equipe.

Os quasares são galáxias muito distantes e brilhantes que acredita-se
serem alimentadas por buracos negros de grande massa situados em seu
centro. O seu brilho torna-os poderosos faróis que ajudam a investigar a
época do Universo em que as primeiras estrelas e galáxias se formaram.
Denominado ULAS J1120+0641, é visto como era apenas 770 milhões de anos
depois do
Big Bang (que ocorreu há 13,7 bilhões de anos). A sua radiação levou 12.9
bilhões de anos para chegar até nós.

Embora objetos mais distantes já tenham sido observados, este quasar recem
descoberto é centenas de vezes mais brilhante que estes objetos. Entre os
objetos suficientemente brilhantes para poderem ser estudados em detalhe,
este é claramente o mais distante.

O quasar mais distante depois deste observa-se tal como era 870 milhões de
anos depois do Big Bang. Objetos similares mais longínquos não são
visíveis, uma vez que sua radiação, esticada devido à expansão do
Universo, observa-se essencialmente na região infravermelha do espectro,
na altura em que chega à Terra.

"Demoramos cinco anos para encontrar este objeto," explica Bram Venemans,
um dos autores deste trabalho. "Estávamos à procura de um quasar com um
desvio para o vermelho maior que 6.5. Encontrar um que está tão longe, com
um desvio para o vermelho maior que 7, foi uma surpresa fantástica. Este
quasar possibilita-nos um olhar profundo à era da reinozação,
fornecendo-nos assim uma oportunidade para explorar  uma janela de 100
milhões de anos na história do cosmos, janela essa que se encontrava
anteriormente fora do nosso alcance."

A distância ao quasar foi determinada a partir de observações obtidas
com o instrumento FORS2 montado no Very Large Telescope do ESO (VLT) e
instrumentos montados no Telescópio Gemini Norte. Uma vez que este objeto
é relativamente brilhante, é possível obter um espectro da radiação por
ele emitida (o que corresponde a separar a radiação nas suas diversas
componentes em função da cor). Esta técnica permitiu aos astrônomos obter
muita informação sobre o quasar.

Estas observações mostraram que a massa do buraco negro no centro do ULAS
J1120+0641 é cerca de dois bilhões de vezes maior que a do Sol. Uma massa
tão elevada é difícil de explicar numa época tão primitiva do Universo.
As teorias correntes para o crescimento de buracos negros de massa
extremamente elevada predizem um aumento lento da massa à medida que o
objeto compacto atrai matéria do seu meio circundante.

"Pensamos que existem em todo o céu apenas cerca de 100 quasares
brilhantes com desvio para o vermelho maior que 7," conclui Daniel
Mortlock, o autor principal do artigo científico. Para encontrar este
objeto foi necessária uma busca muito minuciosa e demorada, no entanto
valeu bem a pena o esforço, já que agora poderemos compreender melhor
alguns dos mistérios
do Universo primitivo.