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Opiniões acadêmicas
CNPq anuncia dois novos critérios de avaliação de cientistas
DA AGÊNCIA BRASIL
O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
vai acrescentar, na plataforma eletrônica Lattes, que traz currículos
e atividades de 1,8 milhão de pesquisadores de todo o país, duas novas
abas para divulgação pública.
Em uma delas, os cientistas brasileiros informarão sobre a inovação de
seus projetos e pesquisas. Na outra, deverão descrever iniciativas de
divulgação e de educação científica.
Com a mudança, cientistas de todos os campos de investigação deverão
descrever, na plataforma Lattes, dados sobre a organização de feira de
ciências, promoção de palestras em escolas, artigos e entrevistas
concedidas à imprensa.
Junto a isso, devem constar informações básicas como dados pessoais,
formação acadêmica, atuação profissional, publicações, linhas e
projetos de pesquisa, áreas de atuação e domínio de idioma estrangeiros.
A intenção do CNPq é aumentar o conhecimento da sociedade sobre as
atividades científicas que ocorrem no país.
"No século 21, o cientista reconhece seu papel de engajamento na
sociedade. Ele sabe que está sendo pago e financiado e que deve uma
prestação de contas sobre o que faz", disse o presidente do CNPq,
Glaucius Oliva, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo Oliva, passou a ser papel dos cientistas dar publicidade às
atividades de pesquisa, mostrar experimentos e explicar projetos para
o público, além de ligar o trabalho a inovações que contribuam com as
políticas públicas e até mesmo para a criação de novos produtos a
serem lançados no mercado.
A mudança na plataforma Lattes poderá ocorrer em até dois meses. O
modelo e a funcionalidade das abas já estão formatados e respeitarão
as regras de transparência de informações públicas.
O CNPq muda já na próxima semana o seu portal que, entre outras
funções, permite acesso à plataforma Lattes.
BOLSAS DE ESTUDO
Os novos dados informados serão considerados pelos 48 comitês de
avaliação do CNPq quando forem aprovar projetos de pesquisa e conceder
bolsas de estudo a professores e estudantes universitários.
O conselho terá indicadores para avaliação dos trabalhos científicos
em quesitos de inovação e de produção em divulgação científica, como
ocorre hoje com a cobrança de publicação de artigos científicos, os
"papers", em revistas especializadas, incluindo no exterior.
Desde junho do ano passado, o CNPq exige, na submissão eletrônica das
propostas de pesquisa e nos relatórios eletrônicos de concessão
científica, que sejam descritos, "em linguagem para não
especialistas", a relevância do que está sendo proposto e os
resultados atingidos.
Por ano, cerca de 15 mil propostas de pesquisa são recebidas pelo
conselho no edital universal (para todas as áreas do conhecimento).
Com a divulgação das propostas e relatórios, a expectativa de Oliva é
despertar o interesse de "jovens talentos" para a ciência e criar uma
nova cultura acadêmica em quatro anos, aproveitando o aumento
significativo de novos mestres e doutores formados no Brasil. Na
década passada, esse número dobrou, tendo atingido mais de 50 mil em
2009.
Além de mudar a cultura no ambiente acadêmico, o presidente do CNPq
imagina que a divulgação de trabalhos e a educação científica possam
alterar o comportamento social. "As pessoas têm que usar a ciência no
dia a dia. Entender, por exemplo, que há relações de causa e efeito",
observou. "Educar para os valores da ciência e para o método
científico na vida pessoal nos protege de extremismos e
intolerâncias", acrescentou.
Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>