Especialistas dÃo dicas para a publicaÃÃo de artigos cientÃficos
22/03/2012
Por Karina Toledo
AgÃncia FAPESP â Editores de revistas cientÃficas procuram
trabalhos com resultados inÃditos, escritos em inglÃs claro e conciso e
que despertem interesse em seu grupo de leitores. Artigos que abordam
temas quentes do momento levam vantagem, pois tÃm mais chance de serem
citados em futuras pesquisas e de contribuÃrem para aumentar o fator de
impacto do periÃdico.
Essas foram algumas das dicas apresentadas por Daniel McGowan,
diretor do Grupo Edanz, durante o workshop âHow to Write for and Get
Published in Scientific Journalsâ, realizado no dia 16 de marÃo pela
FAPESP e pela editora cientÃfica Springer.
Desde 1990, o nÃmero de artigos submetidos para revisÃo teve um
aumento 100% superior ao do nÃmero de novos periÃdicos, segundo dados do
Grupo Edanz, empresa de consultoria na Ãrea. Com o crescimento da
competiÃÃo, de acordo com McGowan, âo mÃnimo que os editores esperam Ã
ciÃncia de qualidade e linguagem adequadaâ.
âA pesquisa brasileira à boa, mas vejo dois grandes desafios a serem
superados pelos pesquisadores do paÃs: a dificuldade com a lÃngua
inglesa e a falta de entendimento de como deve se estruturado um artigo
cientÃfico. Muitos parecem nÃo saber o que colocar na introduÃÃo, na
discussÃo e na conclusÃo do trabalhoâ, disse McGowan à AgÃncia FAPESP.
Durante sua apresentaÃÃo no workshop, McGowan explorou o tema e deu exemplos de como estruturar
um resumo, como inserir tabelas, grÃficos e figuras no texto, como
formatar referÃncias e escolher o tÃtulo e como elaborar uma carta de
apresentaÃÃo ao editor. Deu tambÃm dicas sobre o tempo verbal mais
adequado nas diferentes situaÃÃes e recomendou aos cientistas redigir
frases na voz ativa e deixar sempre o sujeito da oraÃÃo perto do verbo.
âGrande parte das pessoas que vÃo ler o artigo cientÃfico tambÃm nÃo
tem o inglÃs como primeira lÃngua. O que elas desejam à ler rapidamente,
apenas uma vez e conseguir entender a lÃgica do pesquisadorâ, destacou.
Para McGowan, ex-editor associado da Nature Reviews Neuroscience, o primeiro passo para melhorar a qualidade da produÃÃo cientÃfica à a leitura do maior nÃmero possÃvel de artigos publicados.
âIsso ajuda o pesquisador a saber se està fazendo as perguntas
certas, usando os mÃtodos adequados, interpretando os resultados no
contexto apropriado, citando os estudos mais relevantes da Ãrea e
escolhendo o periÃdico com o perfil indicado para sua pesquisaâ, disse.
Como cada publicaÃÃo tem regras prÃprias para estruturar o texto e
citar referÃncias, a redaÃÃo do artigo sà deve comeÃar apÃs estar
definida a revista para a qual ele serà submetido.
âO pesquisador deve ser honesto ao avaliar o grau de relevÃncia e
novidade da pesquisa e escolher um periÃdico com fator de impacto
compatÃvel. Ela traz um avanÃo incremental ou conceitual? Afeta a vida
de uma pequena populaÃÃo ou de milhares de pessoas? Melhora o
conhecimento sobre um fenÃmeno ou apresenta uma nova tecnologia?â,
exemplificou McGowan.
O pesquisador deve ainda considerar fatores como o perfil do pÃblico a
ser atingido, o prestÃgio da publicaÃÃo e se ela trabalha como sistema
de acesso aberto ou assinatura. âAcesso aberto permite alcanÃar um
nÃmero maior de leitores e, portanto, gera mais citaÃÃes. Mas tambÃm tem
um custo muito maiorâ, disse.
Segundo McGowan, um artigo nunca deve ser enviado a mais de um
periÃdico ao mesmo tempo. âPor outro lado, se um pesquisador demora
muito para publicar suas descobertas, pode ocorrer de outro grupo
publicar antes. Recomendo, portanto, entrar em contato com o editor caso
nÃo receba retorno apÃs seis semanas. Se depois de dois meses ainda nÃo
houver resposta, sugiro cancelar formalmente a submissÃo e sà entÃo
enviar para outra revistaâ, afirmou.
Outra dica do consultor à relatar no fim do artigo os financiamentos
recebidos de agÃncias de fomento ou de outras instituiÃÃes e empresas,
descrever possÃveis conflitos de interesse e as limitaÃÃes do trabalho,
como tamanho pequeno da amostra por exemplo.
âOs editores percebem quando hà falhas ou limitaÃÃes na pesquisa, mas
ainda assim podem publicÃ-la se os resultados forem interessantes. NÃo
mencionar esses fatores, porÃm, pode ser um motivo para rejeiÃÃoâ,
disse.
Pesquisa brasileira
Na abertura do workshop, o vice-presidente da editora Springer, Paul
Manning, contou que o motivo que levou a empresa a abrir um escritÃrio
no Brasil foi o crescimento expressivo da produÃÃo cientÃfica do paÃs.
âA Springer surgiu na Alemanha no sÃculo 19 e foi para Nova York apÃs
a Segunda Guerra, pois era onde a ciÃncia estava acontecendo. Nos anos
1970, fomos para o JapÃo pelo mesmo motivo. Agora, percebemos que havia
muita coisa interessante aqui no Brasilâ, disse. A Springer atualmente
està presente em 20 paÃses.
Segundo dados apresentados pelo diretor da Springer Brasil, Harry
Blom, a produÃÃo cientÃfica brasileira cresce a uma taxa de 17% ao ano â
enquanto a mÃdia mundial à de 3% â e jà corresponde a 55% da produÃÃo
cientÃfica da AmÃrica Latina.
Mariana Biojone, editora da Springer Brasil, apresentou as
ferramentas gratuitas oferecidas no site da empresa para apoiar
pesquisadores. Uma delas à o Author Mapper, que mostra os temas mais
pesquisados do momento e em quais centros. âIsso pode ajudar o cientista
a encontrar colaboradores para seu projetoâ, afirmou.
As apresentaÃÃes do evento estÃo disponÃveis em: www.fapesp.br/6848