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Repassando e-mail do Prof. Enrico



Repassando a pedido do Prof. Enrico Colosimo (UFMG).

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Enrico Colosimo <enricoc57@gmail.com>
Data: 19 de junho de 2012 09:27
Assunto: por favor, repasse para a abe-l
Para: gauss@de.ufpe.br


Prezado Gauss,

estou sem poder enviar emails para abe-l. Você poderia repassar para
a rede abe pra mim. Muito obrigado.

Grande abraço,
Enrico.

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Caros colegas,

toda essa discussão levantada pelo Gauss me remeta a um ponto que
há muito me incomoda na nossa comunidade. O tratamento dado aos ditos
Estatísticos Aplicados. Já escutei várias vezes o tratamento aos aplicados
de "improdutivos", incapazes de atuar em programas de pós-graduação, etc
e etc.

Os aplicados pela própria área de atuação e formaçào têm uma produção pífia
em periódicos de estatística. Pífia mas não desprezível. Entretanto, assim como
me considero, publicamos em revistas de outras áreas. Publicação esta
que não tem NENHUM valor perante aos nossos comitês de Capes e CNPq.
A situação é tão grave que fui aconselhado a deletar do meu lattes as minhas publicações
nos periódicos de medicina e engenharia quando do meu pedido de renvovação de
bolsa de produtividade no ano passado. Poxa, mas eu trabalho com um grupo da
Faculdade de Medicina da UFMG que é um programa de pós-graduação 7 na
Capes e as publicações são de alto nível. Eu publiquei no International Journal of
Cardiology com fator de impacto superior a 6 e meia vida muito maior que 10.
Quantos de vocês já publicaram em um periódico com FI superior a 6????
Tenho orgulho desta publicação e de tantas outras!!!!

No entanto, nós somos vistos como estatísticos de segunda categoria dentro da
comunidade estatística brasileira. E acredito, que é uma grande distorção da realidade.
Somos nós que divulgamos a estatística perante a comunidade científica brasileira
e, eu em particular, que realimento minha pesquisa em estatística com base em
problemas reais ainda sem solução metodológica.

Eu não estou discordando dos pontos levantados pelos colegas. Estou sim dizendo
que existem mais estatísticos capazes de atuar em programas de pós-graduação
do que as mensagens anteriores mostram a todos. Os que realmente fazem a interface
da estatística com os usuários. E, portanto, merecem respeito e reconhecimento por
parte dos nossos pares.

Abcs,

Enrico Colosimo.
Coordenador do Programa de Pós-graduaçao em Estatística
UFMG
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Em 17 de junho de 2012 13:01, Gauss Cordeiro <gauss@de.ufpe.br> escreveu:
Caros Colegas,

Grato pelos pontos de todos. Certamente, existem professores muito competentes que não
publicam de forma rotineira por falta de élan mas para eles há espaço na graduação e na
iniciação científica.

Entendo que os professores produtivos devem ensinar na graduação. Eu sempre ensinei,
exceção esse ano por conta de um trabalho de diretoria, que me toma pelo menos três
horas do meu dia.

Mas acho que professores sem publicações são menos danosos na graduação do que na
pós-graduação.Os verdadeiramente incompetentes nunca vão embora, pois o sistema
das IFES não contempla essa possibilidade.

Até agora ninguém tentou contra-argumentar o "kernel" da questão: a pós-graduação brasileira -- salvo
as exceções de praxe -, está muito ruim. No global, muito inferior à época que fiz o mestrado na
COPPE entre 3/75 e 5/76.

Sds,

Gauss


Em 17 de junho de 2012 12:28, Fabio Machado <faprama@gmail.com> escreveu:

 Oi Carlinhos,

   Vejo aqui a reprodução de uma falsa polêmica que tem beneficiado
gente improdutiva tanto
na pesquisa cientifica quanto no ensino. Uns poucos anos dentro da universidade
são suficientes para vermos que não é verdade que de um lado estão os bons
pesquisadores e de outro lado estão os bons professores. Todos os cruzamentos
são possíveis e em diferentes intensidades. Tão raros quanto os casos de
excelentes professores sem produção cientifica alguma, são os casos de
excelentes
pesquisadores com aversão ao ensino de graduação.

   Uma universidade de boa qualidade precisa de bons pesquisadores.
Se esta condição
não é satisfeita, temos gente no lugar errado. A Universidade não é
uma continuação do ensino médio.

 Dos bons pesquisadores que uma universidade de boa qualidade precisa, alguns
se interessam mais, outros se interessam menos - em diferentes fases da vida -
ao ensino de graduação. Nem todos que tem interesse são excelentes professores
embora possam ser assíduos, dedicados, motivados etc. Profissionais sérios
sempre podem melhorar com a prática. E assim contempla-se pesquisa e ensino.

 Um CV vazio é simbolo de incompetência mas algumas vezes,
espertamente, é tomado
como um comprovante de bom professor. Você é jovem a mais tempo que eu e também
já deve ter ouvido este discurso bizarro por ai.....

 Saudações




2012/6/17  <cpereira@ime.usp.br>:
> Perdoem-me por ter de ser menos radical do que o Gauss quando defende
> publicadores em detrimento de bons e excelentes professores que simplesmente
> não se interessam por publicar.  Garanto aos amigos que existem excelentes
> professores que não se preocupam com publicações, mas com o conhecimento
> profundo dos fundamentos da estatística e da probabilidade (tenho certeza
> que são mais do que preparados para o sucesso se dedicassem suas vidas às
> publicações).
>
> Por outro lado encontramos excelentes pesquisadores com muitos trabalhos
> publicados que não possuem muita excelência didática.
> Em alguns casos, dedicados apenas a um pequeno filão de nossa área,
> desconhecendo todo o restante do universo que define a estatística como
> ciência.
> Deveríamos sempre olhar os dois lados importantes na formação de cientistas
> brasileiros: a pesquisa e o ensino.
>
> Quanto às escolas de estatística Brasileiras, tenho a dizer que já vi muitos
> dos nossos redistas enaltecendo a criação de novos bacharelados, mesmo sendo
> em locais onde não há quadros que permitam um bom início.
>
> Complementando, a própria USP em uma cidade como São Paulo, no momento sofre
> revezes com a falta de excelência de alguns cursos de unidades novas, os
> quais estão sendo fechados por problemas na composição de bons quadros e
> falta de competência, tanto em pesquisa como em ensino.
>
> Há que iniciarmos uma reflexão sobre o que queremos de nossas gerações
> futuras.
>
> Carlinhos
>
> Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>



--
Fábio Prates Machado
Instituto de Matemática e Estatística
Universidade de São Paulo, Brasil.