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Re: [ABE-L]: Deu na Folha de São Paulo



Acho que precisamos, também, ter atenção em relação ao Português dos nosso alunos de graduação, mestrado e doutorado, pois nas orientações um trabalho árduo dos orientadores é corrigir texto.
Na graduação a maior fonte de dúvidas dos alunos é por não ler direito os enunciados.
Na graduação da ENCE temos português como matéria na grade.


Em 26 de novembro de 2012 14:40, Doris Fontes <dsfontes@gmail.com> escreveu:
O que é preciso mudar é a QUALIDADE dos professores de inglês do EF e EM. Praticamente todos os alunos têm inglês e espanhol desde cedo. São anos após anos tendo essas duas línguas sem, no entanto, aprender nada! É um desperdício de tempo dos alunos, dinheiro dos salários e venda de ilusão conteudista.

Inglês é uma língua PRÁTICA: é possível de comunicar, mesmo que aos-trancos-e-barrancos, em quase todos os lugares do mundo. Para que inventar outra "moda"? Obrigar o mundo todo se comunicar em português? Francês? Japonês? Chinês? Qual língua? 

Meu filho tem 13 anos e já é, praticamente, fluente em inglês sem nunca ter frequentado uma escola específica para isso. É só inglês do EF aliado ao interesse pessoal por livros, música, games e vídeos/filmes em inglês (que ele já vê no original sem legenda).

Enquanto o povo fica aí patinando e reclamando do inglês, estudantes/profissionais de outros países vão aprendendo e usufruindo o que o mundo tem de melhor... 

Doris



Em 26 de novembro de 2012 08:38, Vermelho <vermelho2@gmail.com> escreveu:
Os americanos, também, sofrem da mesma doença: acham que só existe o inglês no mundo!


Em 25 de novembro de 2012 17:59, Francisco Cribari <cribari@gmail.com> escreveu:

Folha de São Paulo, 25 de novembro de 2012

LEANDRO TESSLER

TENDÊNCIAS/DEBATES

Nossas universidades precisam falar inglês

A Argentina recebe mais alunos dos EUA do que nós... Temos a tradição de resistir a cursos em inglês na universidade, como se fosse uma questão de soberania

Nosso ensino superior está se internacionalizando. É uma via virtuosa: as instituições se internacionalizam porque se qualificam e se qualificam porque se internacionalizam.

Há um pequeno fluxo de estudantes de graduação europeus que passam alguns anos da sua formação em nossas melhores universidades em programas de duplo diploma.

Na pós-graduação, o Brasil é um destino importante para estudantes de países vizinhos. O Brasil é extremamente atraente para eles: tem um sistema universitário desenvolvido; oferece formação de primeira linha; ao contrário do que ocorre na maioria dos países, não cobra taxas ou mensalidades de nenhum estudante, brasileiro ou estrangeiro; há abundância de bolsas e oportunidades de financiamento. Falamos uma língua facilmente acessível para quem fala espanhol.

Mas os resultados atuais estão muito aquém do que poderiam ser.

O Brasil ainda tem um número pequeno de universidades entre as 500 melhores do mundo. O número de alunos estrangeiros no Brasil é bastante reduzido. Há mais estudantes norte-americanos na Argentina do que no Brasil. Isso se deve à preferência dos estudantes por um país que fala espanhol, mas também pela disponibilidade de programas de graduação em inglês.

As universidades brasileiras deveriam considerar a possibilidade de oferecer cursos superiores em inglês -de preferência até completos- juntamente com o português.

Na idade média, quando as universidades foram criadas, as pessoas cultas se comunicavam em latim. Graças ao latim, um estudioso de Oxford ou de Bolonha no século 12 podia trocar ideias com alguém de Salamanca ou da Sorbonne.

Com o passar do tempo, o latim caiu em desuso e o inglês tomou conta do universo universitário. Atualmente não existe nenhuma conferência internacional importante que não adote o inglês como língua franca. É fundamental para o avanço do conhecimento que pesquisadores possam se comunicar e se fazer entender diretamente.

Nós, brasileiros, historicamente temos resistido a introduzir o inglês como língua de instrução nas nossas universidades.

Há quem afirme que ensinar em inglês seria renunciar à soberania nacional, como se a nossa nacionalidade estivesse estritamente associada a falar português. Não se tem notícia de que algum país não anglófono no qual há ensino superior em inglês (como Portugal, berço da língua portuguesa) tenha renunciado a sua nacionalidade por isso.

Outra posição recorrente é a do esforço: alguém realmente interessado em estudar no Brasil deveria aprender a língua.

Em tese, isso está correto. Na prática, os estudantes preferem dirigir-se a países onde as aulas são dadas em inglês. Eles sentem-se muito mais seguros com a garantia de que a língua não será um problema para o aproveitamento de sua estada.

Na verdade, se ensinássemos regularmente em inglês estaríamos fazendo muito mais pela divulgação e expansão da cultura brasileira e da língua portuguesa.

Uma última objeção é que isso elitizaria ainda mais as já elitizadas universidades brasileiras. Isso talvez fosse correto se deixássemos de ensinar em português. No entanto, a coexistência de cursos em inglês e português ofereceria oportunidades para estudantes brasileiros conviverem com estrangeiros e aperfeiçoarem sua proficiência em inglês.

Foi divulgado recentemente que no programa Ciência sem Fronteiras foram concedidas duas vezes mais bolsas para Portugal e Espanha do que para o Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália, onde se concentram as melhores universidades do mundo.

Isso só pode ser explicado pela deficiência na formação dos estudantes em inglês. É urgente mudar isso.

Os primeiros passos para uma internacionalização efetiva do nosso ensino superior já foram dados. Falta sermos mais atraentes para estudantes de todo o mundo, como somos atualmente para os estudantes latino-americanos. Falta termos mais resultados de pesquisas publicados em inglês. Publicações acadêmicas em inglês atingem a um público muito maior e têm mais impacto sobre o desenvolvimento científico e cultural da humanidade.

O Brasil tem tudo para se tornar um centro importante mundial de ensino superior. Precisamos saber aproveitar a oportunidade histórica.

LEANDRO TESSLER, 50, é professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp e assessor para internacionalização da universidade




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