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As Universidades Pernambucanas



As Universidades Pernambucanas

Gauss M. Cordeiro*

 

Ranking Universitário da Folha (RUF), elaborado pelo jornal Folha de São Paulo a partir de dados levantados ao longo de oito meses, avaliou de forma criteriosa 191 universidades brasileiras e 41 centros universitários. O RUF é uma metodologia estatística baseada em avaliações internacionais consolidadas que inclui, também, indicadores de pesquisa, opiniões subjetivas de pessoas que vivenciam o mercado de trabalho e de pesquisadores renomados e de inovação. Nem o Ministério de Educação dispõe de um instrumento tão valioso para avaliar globalmente suas universidades, a não ser de forma isolada os seus cursos de graduação e pós-graduação.

O RUF pontua quatro itens principais (e seus pesos): i) a pesquisa acadêmicausando indicadores da Web of Science com medidas do número de artigos publicados por docente, impacto por meio do número de citações e percentual de docentes com doutorado (55%); ii) a qualidade do ensino,consultando 597 pesquisadores (20%); iii)  a avaliação dos egressos feita por 1212 diretores, gerentes ou profissionais responsáveis pelos recursos humanos de empresas e instituições brasileiras (20%); e iv) a inovação medida pela quantidade de patentes (5%).

Nesta avaliação do RUF (2012) as universidades de Pernambuco foram classificadas nas seguintes posições: UFPE (10ª), UFRPE (52ª), UPE (70ª) e Unicap (103ª). Nestes termos, a UFPE teve uma posição bem destacada por ser a única universidade nordestina situada entre as dez melhores do País. As únicas universidades federais com melhor posicionamento do que a UFPE são dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná, Distrito Federal e Santa Catarina. As outras três universidades que ocupam posições acima da UFPE são as estaduais paulistas: USP, Unicamp e Unesp.  Nestes termos, todas que ocupam posições acima da UFPE estão situadas em regiões com condições econômicas muito mais favoráveis do que aquelas do Estado de Pernambuco.

As avaliações são importantes e podem mobilizar a sociedade no sentido de cobrar o uso eficiente dos impostos pagos e, também, podem contribuir para que os alunos direcionem suas escolhas para as melhores instituições. O RUF é ainda uma ferramenta gestora valiosa para as próprias instituições, que poderão observar seu desenvolvimento ao longo do tempo e propor medidas eficazes de melhoria. A ProfCristina Raposo da UFPE tem desenvolvido estudos importantes na área de avaliação para diagnosticar os pontos fortes e fracos da UFPE.

Baseando-se nos principais rankings internacionais, as melhores universidades brasileiras retrocedem para as últimas posições. E a imensa maioria nem sequer aparece neles. Por exemplo, a classificação da USP, a universidade brasileira melhor classificada, sempre se situa entre a 150ª e a 200ª posições. Considerando dados relativos às publicações em periódicos internacionais de cientistas brasileiros no período de 2009 a 2011, alguns centros da UFPE apresentam posição de grande destaque. Por exemplo, os pesquisadores do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), contribuíram com um percentual bastante significativo, de aproximadamente 0,68% da produção científica brasileira total.

Com salários isonômicos nivelados por baixo, as universidade públicas não conseguem atrair pesquisadores estrangeiros renomados para aumentar de forma significativa a produção científica. Os concursos ultrapassados feitos em língua portuguesa impedem a absorção desses cientistas. Ademais, muitos professores permanecem com dedicação exclusiva sem participar da vida acadêmica e, mantêm, rotineiramente, outras atividades profissionais. Existem ainda aqueles que vivenciam a universidade com uma visão puramente sindicalista e, assim, são contrários às avaliações.


* Gauss M. Cordeiro, PhD em Estatística, é Diretor do CCEN/UFPE