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Ainda sobre eleições



No grupo "Fórum independente dos professores federais", no Facebook, foi divulgado o seguinte documento:

https://www.dropbox.com/s/whj8cquwlw3t9xh/Manifesto%20CHAPA%201%20%281%29.pdf

Fiz algumas marcações em amarelo de alguns pontos que me chamaram a atenção. Antes de tudo, como já manifestei antes, sou contra a eleição direta para reitor. 

No documento em questão, me impressiona como os argumentos são repetidos como se fossem lidos a partir de uma cartilha. Acredito que você aí na sua universidade já tenha ouvido ou lido os mesmos jargões exaustivamente. Obviamente, isso não desmerece os argumentos, mas vamos enxergá-los mais de perto.

Alega-se que o sistema da UFMG é não democrático por ser amparado em uma lei reeditada  por FHC da ditadura de 64. Ou seja, parte-se do princípio que tudo que vem da época de FHC ou de 1964 não presta. De forma alguma estou defendendo a ditadura. Mas um dos grandes males que o embate esquerda x direita deixou para este país foi de que todo pensamento de direita é necessariamente do mal e todo pensamento de esquerda é necessariamente do bem. O governo do PT tem revelado que isto não funciona exatamente desta maneira. 

O argumento de que o modelo adotado atualmente nas universidades é produtivista, voltado para a produção de papers, que vem prejudicando a saúde dos docentes, não passa de uma falácia. Muito pelo contrário. Nunca a universidade brasileira esteve em um nível de competitividade internacional tão elevado quanto agora. E isto deve-se ao modelo atual. Não houvesse o sistema de avaliação das pós-graduações, não estaríamos neste estágio. Por outro lado, não tenho dados disponíveis, mas os pesquisadores que conheço são pessoas saudáveis e que amam o que fazem. Arrisco a dizer que adoeceriam se abandonassem a pesquisa. Pelo menos na minha universidade, encontro contra-exemplos: o número de "produtivistas" é mínimo. 

Quanto ao fortalecimento da graduação, o que os críticos não veem, é que ele só pode ocorrer em um processo semelhante ao que aconteceu ao fortalecimento da pós. É preciso haver metas e cobrança. A pós é forte porque existem políticas de credenciamento e descredenciamento de docentes, avaliação de programas, incentivo à publicação, etc. Chame a isso de "produtivismo" se quiser. 

No caso de termos um processo dito democrático, me parece óbvio que a ponderação dada ao voto dos docentes seja maior. A paridade é uma das formas mais absurdas de casuísmo e de politicagem que pode existir, por vários motivos. O principal deles é que o discente viverá a instituição por no máximo 4 ou 5 anos. 

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Celso Rômulo B. Cabral
Prof. Associado 
Departamento de Estatística 
Universidade Federal do Amazonas