The Black Swan

The Black Swan (2007) carrega consigo muitas polêmicas. Estatísticos sentiram-se incomodados e até ofendidos com o posicionamento de Taleb. Teóricos da conspiração apoiam-se nas premissas do livro para defender um iminente crash financeiro. O jornal The Economist diz que o livro é emocionante, perturbador, controverso e inesquecível sobre o acaso e a aleatoriedade. 

O tema do livro gira em torno de eventos raros e de extremo impacto, que o autor chama de cisnes negros. O termo “cisne negro” é explicado pelo fato de que até 1697 os ocidentais só conheciam cisnes brancos até que o explorador holandês Willem de Vlamingh desembarcou na Austrália, lar dos cisnes negros. Taleb ressalta que a observação de milhões de cisnes brancos não prova a inexistência de cisnes negros. The Black Swan ilustra as graves limitações do nosso pensamento e a fragilidade do nosso conhecimento. Basta uma única observação para invalidar milênios de confirmação.

Para o autor, as pessoas tendem a procurar evidências que confirmam suas crenças e ignoraram evidências que as refutam. A natureza humana nos faz inventar explicações para sua ocorrência após o fato, tornando-a explicável e previsível. Taleb trabalhou com finanças, uma área conhecida pela imprevisibilidade. Neste cenário, os eventos do cisne negro envolvem normalmente liquidações no mercado de ações, que ocorrem frequentemente sem aviso prévio. No entanto, para Taleb, os eventos do cisne negro também permeiam os aspectos cotidianos da vida, aqueles que não se pode prever, como a queda no mercado de ações ou o 11 de setembro (no lado negativo), ou Star Wars e a Internet (no lado positivo). Todos seguem a dinâmica do Cisne Negro. Os Cisnes Negros são tão imprevisíveis que precisamos nos ajustar à sua existência em vez de tentar prevê-los.

Voltando à The American Statistician, Robert Lund afirma que o livro é estatisticamente imprudente e sujeito a exageros grandiosos em relação a muitas questões de estatística. Diz que os estatísticos reconhecerão várias armadilhas clássicas de amostragem, erros envolvendo viés de não resposta e amostragem com viés de comprimento. Para Lund, Taleb despreza modelos matemáticos avançados. Reconhece que a preocupação de Taleb reside mais nos elementos aleatórios não capturados na amostra dos dados que nas deficiências da teoria das probabilidades ou dos métodos estatísticos. Oferece um exemplo que pode ajudar a esclarecer: Taleb observa que as seis maiores perdas sofridas em Las Vegas não têm a ver com jogos de azar. Na verdade, uma dessas perdas deve-se ao sequestro de um donativo do cassino, algo pouco provável de ser considerado em qualquer modelo de probabilidade. 

Nem tudo é crítica, Lund diz que há muitos pontos em que concorda com Taleb. Além da necessidade de Wall Street melhorar a sua atuação, a sociedade precisa estar mais consciente da aleatoriedade. Afirma concordar com o castigo de Taleb à causalidade em retrospectiva. A sociedade quer uma causa para cada evento que ocorre.

De acordo com Lund, Black Swan não requer pré-requisitos técnicos além da álgebra do ensino médio, mas é melhor lido com alguma maturidade matemática e uma mente aberta. O livro é obrigatório para quem está interessado em finanças e/ou probabilidade filosófica. Apesar das deficiências, defende que o leitor ficará mais sábio por ter sido exposto a este livro.

Para Peter H.Westfall e Joseph M.Hilbe, Taleb quer irritar quem é estatístico ou tem mentalidade estatística. Afirmam que as críticas de Taleb, muitas vezes infundadas e ultrajantes, exigem uma resposta da comunidade estatística. Reconhecem que apesar dos numerosos comentários irritantes espalhados ao longo do livro, o livro é envolvente, bem escrito e conta uma história interessante. Contudo, acreditam que The Black Swan poderá influenciar a forma como a estatística e os estatísticos são vistos pelo público em geral.

Recomendam The Black Swan  por suas ideias estimulantes. Acreditam que se o resultado final for que o público em geral se torne mais consciente da importância da aleatoriedade em todas as áreas do empreendimento humano, social, governamental e científico, então Taleb terá prestado um grande serviço à profissão estatística.

Aaron Brown não considera apropriado fazer uma resenha crítica do livro por ser amigo de Taleb. Prefere nomear seus comentários de ensaio. Apesar dos frequentes insultos em suas páginas, Brown considera que há muito material importante em The Black Swan, pouco que seja novo para a profissão, mas coisas que raramente são expressas em uma narrativa tão dramática e apaixonada, com sólida base em história e filosofia. Para Brown, a verdadeira disputa de Taleb é com filósofos e especialistas em trajes vazios – e os demais são espectadores inocentes. Vê muitos erros, desde descuidos matemáticos básicos até a ignorância de subcampos inteiros da estatística e sugere que, em vez de se defenderem de insultos gratuitos, os estatísticos deveriam partir para a ofensiva, atacando algumas das ideias principais do livro, ainda que defenda que Taleb não está completamente errado.

Apesar do tom ofensivo, Brown acredita que os leitores de Taleb acabam por se lembrar de seus argumentos muito melhor que de autores mais calmos. Ele afirma: “Prevejo que você discordará de muito do que lê, mas será mais inteligente por ter lido”. 

Em sua defesa, Taleb diz que The Black Swan critica apenas as estatísticas, os estatísticos ou os usuários de estatísticas em um conjunto muito restrito (mas conseqüente) de circunstâncias. Foi escrito por um veterano praticante da incerteza, cuja profissão (uma mistura de pesquisa quantitativa, precificação de derivativos e gerenciamento de risco) estima e lida com exposições a propriedades estatísticas de ordem superior.

Nas palavras do autor: “Meu objetivo com o livro é mostrar ‘como evitar ser o peru*’. Não pode ser mais prático (e menos ‘filosófico’ no sentido acadêmico) do que isso. Assim, o objetivo de The Black Swan é fornecer um roteiro para lidar com eventos finais, expondo áreas onde nosso conhecimento pode ser considerado frágil e onde eventos finais podem ter impactos extremos. métodos para evitar tais eventos, não nos aventurando em áreas onde o nosso conhecimento não é rigoroso. Por outras palavras, oferece uma forma de viver em segurança num mundo que não compreendemos bem. 

Um evento pode ser uma quebra de mercado, uma crise bancária, uma perda para uma companhia de seguros, um motim, pessoas afetadas por uma epidemia, um ato de terrorismo, e assim por diante. A gravidade do evento aqui será inversamente proporcional à sua frequência esperada: a chamada inundação de 10 anos será mais frequente do que a inundação de 100 anos, e a inundação de 100 anos será mais devastadora.”

*Um peru é alimentado todos os dias, reforçando a crença do pássaro de que a regra geral da vida é receber sustento de familiares amigáveis da raça humana. Na tarde anterior à quarta-feira de ação de graças… Algo inesperado acontecerá com o peru: ele sofrerá uma revisão de crença. Depois de 1000 dias sendo alimentado, e a expectativa de ser alimentado crescendo a cada refeição: no dia 1001 ele é morto e comido no jantar de ação de graças.

Há eventos imprevisíveis que mudam tudo, assim como aconteceu com os cisnes negros. O imprevisível está relacionado à informação fora de nosso conhecimento prévio e pode exercer uma influência significativa. No entanto, esses eventos só podem ser compreendidos e explicados retroativamente, após sua manifestação.

A mente humana funciona como notáveis máquinas explicativas capazes de atribuir significado e explicações a praticamente tudo. Entretanto, frequentemente depara-se com dificuldades em aceitar a noção da imprevisibilidade. Muitos acontecimentos são inexplicáveis, mas indivíduos inteligentes têm uma habilidade notável em fornecer boas explicações. Quanto mais aguçada for a sua inteligência, mais persuasiva será a explicação apresentada. O que preocupa é que todas essas convicções e narrativas pareciam ter uma lógica sólida e estavam isentas de contradições. Qualquer tentativa de simplificar o mundo pode acarretar consequências explosivas, já que isso exclui algumas fontes de incerteza.

Aprenda a reconhecer onde estão os cisnes negros positivos e negativos. Um negócio de cisne negro negativo é aquele em que a exposição pode ter um impacto severo e causar danos significativos, como os militares. Os negócios positivos do cisne negro incluem cinema, ciência, pesquisa, capital de risco, etc. É possível encontrar situações onde a desvantagem seja pequena e facilmente controlada. 

Aproveite qualquer oportunidade, ou qualquer coisa que pareça uma oportunidade, o cisne pode estar à espreita. As oportunidades são muito mais raras do que se imagina. Lembre-se de que os cisnes negros positivos dão um primeiro passo necessário: você precisa estar exposto a eles. Muitas pessoas não percebem que estão tendo um golpe de sorte na vida quando isso está bem na sua frente.

Trabalhe duro, não em trabalho pesado, mas em busca de oportunidades e maximizando a exposição a elas.

Em alguma biblioteca do mundo, um bibliotecário resolveu que o assunto do livro é “Teoria da Informação”. Outras bibliotecas, mundo afora, replicaram. Oiê? Não entendi… Na biblioteca do IME ele está classificado em “Recreações Matemáticas”. Oxe… Recreações Matemáticas??? Depois pensei que esta é uma forma divertida de ver este livro polêmico e que incomoda especialistas do mercado financeiro, estatísticos, economistas. Minha recomendação: divirta-se com The Black Swam ou, se preferir traduzido, com A lógica do cisne negro.

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The black swan

Número de chamada na Biblioteca do IME-USP: QA090 T143b

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A lógica do cisne negro

Número de chamada na Biblioteca do IME-USP: QA090 T143bP

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