25.11.2022: Aline Duarte de Oliveira, IME-USP

O cérebro probabilístico

O cérebro é “probabilístico” em ao menos dois aspectos. O primeiro deles se expressa na grande variabilidade dos resultados experimentais neurobiológicos obtidos utilizando-se exatamente o mesmo protocolo. Essa variabilidade intrínseca nos obriga a buscar as regularidades do sinal num nível mais alto. Temos que buscar regularidades estatísticas. E isso naturalmente nos leva a pensar em modelar a atividade cerebral através de modelos probabilísticos.

O outro aspecto “probabilístico” do cérebro refere-se à sua capacidade de atribuir modelos aos estímulos aos quais somos confrontados. Em 1867, o multi-cientista Hermann Von Helmholtz criou a expressão “inferência inconsciente” para designar essa capacidade de modelar estímulos e assim classificar e predizer situações.

A reflexão científica sobre esses dois aspectos do funcionamento cerebral requer o desenvolvimento de modelos matemáticos que permitam à neurobiologia pensar teoricamente sobre os fenômenos e resultados observados experimentalmente. Para os matemáticos isso abre possibilidades de pesquisa e desafios interessantíssimos. Esta é a mensagem central desta apresentação. Ele reflete a experiência de pesquisa que a equipe do CEPID NeuroMat vem vivendo desde 2013.

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