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Re: [ABE-L]: mulheres na ci�ncia
O artigo enviado por Marcia nos faz refletir ainda mais sobre a importancia
de uma mulher da área de Ciências Exatas e Tecnológicas ter recebido o premio.
Mais uma vez gostaria de parabenizar a Professora Clarice pelo premio
recebido.
Maria Cecilia Mendes Barreto
Marcia Branco <mbranco@ime.usp.br> escreveu:
> Um artigo para refletir.
>
> Parabens Clarice!
>
> Um abraço,
>
> Márcia.
> -------------------------------------------------------------------------
> Márcia D´Elia Branco
> Professora de Estatística
> Universidade de São Paulo
> mbranco@ime.usp.br
> ---------------------------------------------------------------------------
>
> Capturado dia 14/11/2005: http://mulheres.softwarelivre.org/news/4876
> Mulheres na Ciência
> Editoria: PSL Mulheres
> 20/Out/2005 - 14:35
> /Os dados parecem sugerir que se reproduz na carreira acadêmica os
> mesmos mecanismos de exclusão que ocorrem na sociedade em relação às
> mulheres. /
>
> /As mulheres, mesmo com participação crescente nas atividades acadêmicas
> e de pesquisa, ainda são minoria no topo da carreira científica e
> raramente ocupam postos de destaque./
>
> Esta situação poderá mudar, acreditam alguns, pelo fato de já serem
> maioria entre os estudantes de todos os níveis de formação, inclusive o
> de doutorado. Em 2004, 56.069 estudantes do sexo feminino estavam
> envolvidos em pesquisa, ao lado de 44.106 do sexo masculino, segundo os
> recentes dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa - DGP (censo de
> 2004), do CNPq.
>
> Entretanto, se ao lado da análise desses dados, acrescenta-se aquela
> referente às Bolsas de Produtividade de Pesquisa [Nota], do CNPq,
> poderemos observar que a situação das mulheres na ciência vai além de
> uma mera questão quantitativa. Segundo os últimos dados do DGP, a
> maioria dos pesquisadores ainda é do sexo masculino: são 41.168 homens e
> 36.080 mulheres engajados em pesquisa, o que significa 47% de
> participação feminina. Entretanto, este percentual se modifica entre
> líderes e não-líderes: a liderança feminina na pesquisa representa 42%
> do total de líderes. Entre não-líderes, a participação feminina quase se
> iguala à masculina, com 49%. Entre pesquisadores doutores, a
> participação das mulheres é também de 42%.
>
> O sexo feminino predomina apenas entre os pesquisadores até 29 anos. A
> partir dos 30 anos, a participação masculina é crescente, sendo a faixa
> de 35-39 aquela em que o número de mulheres é mais reduzido,
> provavelmente por coincidir com a fase reprodutiva da mulher, nessa
> categoria social. Entre 40 - 50, o percentual feminino volta a crescer,
> atingindo patamar anterior. As áreas do conhecimento também se
> caracterizam por um domínio maior de um ou de outro sexo. Nas
> tecnológicas e nas chamadas hard sciences - Engenharias, Exatas e da
> Terra - e nas Agrárias predominam os homens. As mulheres são
> numericamente pouco representadas, principalmente na Física e na
> Matemática.
>
> Do total de pesquisadores das Engenharias, no Diretório, as mulheres são
> aproximadamente 1/4 do total de pesquisadores, e 1/3 nas áreas de Exatas
> e Agrárias. Bolsas de Produtividade em Pesquisa ? PQ são bolsas
> concedidas pelo CNPq a pesquisadores de todas as áreas, mediante projeto
> de pesquisa analisado e avaliado por Comitês Assessores ? CAs. Cada CA é
> constituído por pesquisadores indicados pelas associações acadêmicas,
> mas escolhidos pelo Conselho Deliberativo (CD), instância máxima do CNPq.
>
> A principal atribuição dos CAs é julgar as propostas de apoio à pesquisa
> e à formação de recursos humanos enviadas ao CNPq pelos pesquisadores,
> dentro de um modelo de avaliação intitulado peer revew ? ou julgamento
> pelos pares. A competição, nessa modalidade de bolsa, é bem acirrada,
> entre outros motivos porque essas bolsas não atendem a toda demanda
> qualificada, tornando-se elemento de distinção acadêmica. Nos últimos
> anos, o aumento que tiveram não acompanhou o crescimento dos
> pesquisadores no país. Representam, atualmente, cerca de 15% do total de
> pesquisadores doutores cadastrados no Diretório.
>
> O CNPq concedeu, em 2004, 8.454 bolsas de PQ, sendo 5.637 bolsas para
> homens e 2.817 para mulheres, o que corresponde a 33% do total das
> bolsas concedidas. Esta relação tem permanecido pelo menos nos últimos 5
> anos. É importante também ressaltar que entre as bolsas de Produtividade
> em Pesquisa, o perfil masculino, dado pelo maior número de pesquisadores
> do sexo masculino nas áreas, é mais acentuado do que aquele encontrado
> no Diretório. Entre os bolsistas, as mulheres representam
> aproximadamente 1/5 do total de pesquisadores das Ciências Exatas e da
> Terra e Engenharias.
>
> Em algumas áreas específicas essa proporção é ainda menor: de 186
> bolsistas na Matemática, apenas 19 são mulheres e, na Física, há 533
> homens e 63 mulheres bolsistas de PQ. Uma outra observação a fazer diz
> respeito ao fato de predominarem, nas Ciências Biológicas e da Saúde dos
> dados do Diretório, pesquisadores do sexo feminino, enquanto nessas
> mesmas áreas, entre bolsistas de Produtividade em Pesquisa, predominam
> os do sexo masculino. A participação da mulher continua a diminuir à
> medida que se aproxima o topo da carreira.
>
> Quando a análise se concentra nas categoria/nível 1A e 1B, as bolsistas
> representam apenas 1/4 do total. Nas áreas de Agrárias, Exatas e da
> Terra e Ciências da Computação e Engenharias, esse percentual gira em
> torno de 10% ou menos, do total das bolsas atribuídas ao sexo masculino.
> Nas Engenharias e Ciências da Computação foram concedidas 244 bolsas
> para homens e 14 para mulheres, nos níveis mais altos. Apenas na área de
> Artes, Letras e Lingüística, a maioria de bolsistas do sexo feminino
> permanece nos níveis mais altos. Nas outras áreas, mesmo naquelas que
> são formadas por maioria de bolsistas mulheres, estas dominam apenas nos
> níveis iniciais da carreira e os homens dominam nos níveis superiores.
>
> Essa é a realidade das áreas de Botânica, Genética, Imunologia, de
> Nutrição e Saúde Coletiva, de Ciência da Informação e de História e
> Sociologia, por exemplo. Mesmo em áreas em que a maioria dos cientistas
> é do sexo feminino, e de forma consolidada e expressiva como na Educação
> e na Psicologia, ainda assim não se reproduz no topo da carreira
> acadêmica a mesma relação da base. E nas áreas de forte presença
> masculina, como na Matemática e na Física, a participação das mulheres é
> ainda menos expressiva. Na Física, entre quase 600 bolsistas, havia
> somente uma mulher bolsista 1 A , nos últimos anos, e em 2004, duas
> bolsas foram concedidas a mulheres.
>
> Deve-se considerar, também, o papel que desempenham os CAs e os CDs
> nesse processo, uma vez que sempre foram formados majoritariamente por
> pesquisadores do sexo masculino. Hoje, os comitês que constituem as
> áreas de Humanas e Sociais Aplicadas, Letras, Lingüística e Artes, são
> compostos por 21 mulheres e 20 homens. Nas Ciências da Vida, são 64
> homens e 16 mulheres; e nas Engenharias, Ciências Exatas e da Terra, são
> 72 homens e apenas 3 mulheres.
>
> É preciso louvar, entretanto, algumas ações pontuais que repercutem
> afirmativamente na participação feminina nos mais altos postos da
> carreira acadêmica: no CD, a partir de 2005, 3 mulheres passaram a
> compor o Conselho, ao lado de 16 homens; e na gestão anterior, a
> vice-presidência do CNPq era ocupada por uma mulher. Apesar de serem
> invocados os critérios de mérito e de excelência acadêmica, é preciso
> questionar, porém, porque em uma população na qual as mulheres são quase
> 50%, com contribuições individuais tão importantes, no topo da carreira
> participem com percentuais tão pequenos, não acompanhando a mesma
> relação que se observa na base da pirâmide.
>
> Esses dados parecem sugerir que se reproduz na carreira acadêmica os
> mesmos mecanismos de exclusão que ocorrem na sociedade em relação às
> mulheres, tornando necessários estudos que melhor compreendam as
> questões de gênero no campo científico. Fonte dos dados: Diretório dos
> Grupos de Pesquisa e Assessoria de Estatísticas e Informação ? CNPq.
> Nota: O número de bolsas de produtividade em pesquisa no texto são
> números médios de bolsista por ano.
>
> [Fonte: JC e-mail 2868 - 04.10.2005 - Artigo enviado por Isabel Tavares,
> doutora em Sociologia pela UnB]
>
> Fonte: Instituto de Informática da UFRGS
> <http://si3.inf.ufrgs.br/HomePage/noticias/notiatual2.cfm#2788>
>
>
--
Maria Cecilia Mendes Barreto
Departamento de Estatística UFSCar