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RES: [ABE-L]: Comparação de pesquisas eleitorais com os resultados das eleições
- Subject: RES: [ABE-L]: Comparação de pesquisas eleitorais com os resultados das eleições
- From: "Apolo Santos - Amazon" <apolofns@amazon.com.br>
- Date: Wed, 22 Oct 2008 15:17:01 -0300
Prezados Colegas,
O
reconhecimento da profissão de Estatísitco na legislação eleitoral é, pra mim,
um marco muito importante para todos nós profissionais.
A
profissão de Estatística foi criada em 1965, por lei federal, regulamentada
incialmente por decreto federal e depois pelas resoluções do
CONFE.
Mas
grande tem sido o desafio do sistema CONRE´s/CONFE em fiscalizar o exercício
profissional por diversos e complexos motivos que gastaria muito tempo para
descreve-los suficientemente. Mas, sem sombra de dúvidas, a inclusão na
legislação eleitroal foi um marco muito importante para o reconhecimento de
nossa profissão.
Os
Conselhos Regionais tem poucos ou quase nenhum instrumento legal para auxiliar
da fiscalização do exercício profissional. Assim, a atual legislação eleitoral
apenas reconheceu um obrigatoriedade que já existia por lei. Ora para fazer uma
pesquisa quantitativa envolvendo processos amostrais e de inferência já era
obrigatório que fosse realizado por um profissional de nível superior legalmente
habilitado. E como a legislação Brasileira prevê esse controle? O MEC diz que
para formação de um bacharel de nível superior é necesário um curso
devidamente homologado pelo MEC de no mínimo 3.000 horas. E para atuação
profissional é necessário o registro deste bacharel formado no Conselho de
classe. Pronto, ai formou-se a cadeia de controle da nossa legislação.
Mas,
sempre houve a atuação nesta área por diversas empresas sem a devida inscrição e
as pesquisas quantiativas planejadas e coordenadas por diversas pessoas sem a
formação mínima requerida pelo MEC e sem o registro no órgão de classe conforme
determinação legal.
E o
que os Conselhos faziam? quase nada.
Assim,
a própria administração pública e seus diversos sistemas admitiam
isso...
A
legislação eleitoral só reconheceu uma legislação federal já exitente e disse,
"para fazer pesquisas quantitativas é necessário que seja planejada e coordenada
por um estatístico!". Ou seja, nada mudou, porque isso já era obrigatório.
Assim, o sistema eleitoral apenas reconheceu a legislação
anterior.
O
primeiro e grande passo foi dado. Pois agora os TRE´s passaram a auxiliar a
fiscalização do exercício profissional dos estatísticos nos casos de pesquisa
eleitoral. Bravo!! ganhamos um excelente aliado para a
fiscalização.
Com
relação a qualidade destas pesquisas, os tribunais nada ou quase nada podem
fazer.
Se
alguns Juízes amadurecerem mais, eles podem requisitar pareceres de peritos
nomeados por ele. A justiça pode fazer isso. Pode ainda requerer parecer do
CONFE. Veja o que diz o
artigo 23 do Decreto Federal nº 62.497, de 1º de abril de 1968, que aprovou o
regulamento para o exercício da profissão de estatístico.
Art. 23 - O Conselho Federal de Estatística tem por finalidade orientar,
supervisionar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Estatístico
e contribuir para o aprimoramento da Estatística no
País.
Parágrafo único. O Conselho Federal de Estatística se constitui em órgão
consultivo do Governo no que refere ao exercício e aos interesses profissionais
do Estatístico.
Mas
se o sistema judiciário ainda não fez muito nós podemos
fazer sim!!!!
Assim,
conclamos a todos os profissionais estatísticos, todos os professores, e todas
as instituições para atuarem firmemente no auxílio da fiscalização,
principalmente da qualidade destas pesquisas. Assim, nós podemos fazer a
diferença.
Nós
temos que formular denúncias em casos concretos, formularmos processo
admistrativos concretos, fazer autuações e penalizar as atuações incorretas.
Sem
denúncia não há processo para culminar em alguma pena. Sem pena não há
aprendizado.
Se faço errado e nada acontece... então, tudo
posso. Faço o que me aprouver...
Portanto, vou mais uma vez
conclamar:
1) Vamos fazer denúncias; quem? (qualquer um, todos os
profissionais estatísticos, todos os professores, e todas as
instituições)
2) Aos Conselhos, vamos apurar, vamos fazer julgamentos
inparciais, técnicos e profundos, requerer pareceres de
especialistas;
3) Aos
Conselhos, vamos criar jurisprudênciais, formular decisões, profissionailizar
nossa câmara julgadora;
4) Ao
CONFE, vamos apereiçoar nossa legislação quanto a fiscalização, e também, vamos
criar jurisprudênciais, formular decisões, profissionailizar nossa câmara
julgadora;
Tá na
hora do sistema funcionar para respoder aos anseios de nossa comunidade
acadêmica e de nossa população.
Com
relação as questões técnicas devemos aprofundar as discuções, só que nessa área
acho que de forma acadêmica, científica. Acho que um debate informal poderia
produzir idéias e discussões, mas somentes trabalhos acadêmicos é que poderiam
ter uma alcance maior.
Querem
ver? posso defender o sistema de cotas. Poderia levantar a hipótese de que no
caso das questões eleitorais a realização de obras influenciam na decisão do
eleitor. Por exemplo, num bairro que possui uma determinada identidade entre os
moradores, o nível de descaso ou de obras podem influenciar de forma signicativa
a opinião dos eleitores? Será que esta hipóetese é absurda? Se assim fosse,
determinar cotas por estratos identifcados como identidades de bairros ou
regiões, não seria um absurdo. Como seria coletar amostra por critérios 100%
randômicos? Penso eu que não temos como escolher ao acaso um eleitor. Para isso
deveríamos numerá-lo num cadastro completo e sorteá-lo usando uma função
randômica.
Como
costumo fazer? Determino cotas nos bairro proporcionais a população. Nos
bairros, a partir de uma média de número de residências nas quadras, determino
quantas quadras serão pesquisadas e as a seleciono por meio de função randômica.
Depois, em cada quadra selecionada sorteio o vértice incial de cada quadra, e
depois sorteio a primeira residência a ser pesquisada de forma sistemática
naquela quadra. Assim, o pesquisador já sai para o campo sabendo qual a
residência que irá pesquisar. Sempre utilizando as técnicas amostrais. Se está
certo ou não não sei. Mas pelo mesno não deixo para o pesquisador de campo o
trabalho de tomar a decisão de onde pesquisar, o faço de forma científica, ele
só deve seguir um roteiro imparcial e causístico para
seguir.
A maioria dos
institutos não planejam de forma adequada sua coleta, até para reduzir os
custos. Assim, é deixado uma parcela muito grande para que o pesquisador de
campo tomar suas decisões no calor da coleta. O que certamente pode aumentar
muito a possibilidade de viés.
Mas há outros problemas. Na questão
eleitoral há o princípio do "voto secreto", que dá o direito da não
identificação do voto. Logicamente este princípio se estende ao eleitor quanto
sua intenção de voto mesmo antes da eleição. Assim, ninguém é obrigado a revelar
seu voto. A partir daí Juízes tem proíbido a identificação do eleitor na
declaração da intencão de voto. Ora se faço um levantamento
residencial, em tese deveria fazer o controle e repesquisar um percentual da
amostra para checar se o questionário foi efetivamente aplicado e a intensão do
voto foi efetivamente trasncrita sem manipulações pelo pesquisardor de campo.
Mas como vou fazer se não consta o nome do eleitor e não posso identificá-lo?
Como as empresas podem fazer o controle de qualidade do levantamento? Dizem que
fazem, mas acho que não o fazem.
Temos
que ver a forma como os candidatos apresentam os resultados... muitas vezes de
forma toda distorcida. O gráficos elaborados de forma completamente
tendenciosas. Há possibilidades de vendas de resultados durante o processo para
ao final vender apenas percentuais dentro da margem de erro..
Diversos outros pontos precisam ser realmente debatidos cientificamente.
Acho que as universidade devem criar seminários, debates, etc.. até culminarem
em diversos trabalhos científicos que possam nortear mais adequadamente os
profissionais do ramos e logo em seguida o CONFE poderá sugerir mudanças na
legilação quanto a fiscalização e quem sabe na legislação
eleitoral.
Também
é fundamental fazermos alguma coisa além dos debates. Fazer algo. Pois
certamente se isso continuar assim, vai decretar de vez a fanlência do Sistema
CONRE´s/CONFE e logo em seguida da profissão de Estatístico.
Saudações,
Apolo F N Santos
Estatístico/Presidente CONRE PA/AP
De: dsfontes@gmail.com
[mailto:dsfontes@gmail.com] Em nome de DSFontes
Enviada em:
quarta-feira, 22 de outubro de 2008 12:31
Para: CONFE; CONRE-1ª
REGIÃO; CONRE-2ª REGIÃO; CONRE-4ª REGIÁO; CONRE-5ª REGIÃO / Jair; CONRE-7ª
REGIÃO / Robson; CONRE-8ª REGIÃO / Apolo
Cc: Geraldo Magela Morcerf;
Ronaldo Gueraldi; Luiz Carlos da Rocha; Nelson Raso CONFE; André Gustavo
Guimarães Cunha; André Arantes; Diorlene Oliveira da Silva
Assunto:
Re: [ABE-L]: Comparação de pesquisas eleitorais com os resultados das
eleições
Encaminho mensagem complementar do Prof. José Carvalho ---
estatístico formado pela ENCE, com mestrado em estatística pela USP e doutorado
em estatística pela Universidade de Iowa (EUA), registrado regularmente no
CONRE-3:
"Obrigado aos colegas que se
manifestaram. Sempre é bom suscitar uma discussão nesta lista.
Quanto a
me dirigir ao TSE ou, mais modestamente, ao CONRE, digo-lhes: não adianta. Já
tentei no passado. O CONRE, pelo que vejo, pode pouco. Não há muito tempo
passado, discuti com a colega Márcia Cavallari, do IBOPE, em reunião promovida
pelo CONRE. Foi a mesma discussão, de que as margens de erro não têm base no
esquema de amostragem que eles usam. Acho que o CONRE já se dá por achado de se
exigir a assinatura de um estatístico. Um dia, quem sabe porisso, as pesquisas
eleitorais vão melhorar. Quanto ao TSE é mal assistido. Afinal, não foi um
juíz quem escreveu a asneira de que a amostra tem de ser representativa. O TSE
já tem seus assessores - e talvez seja um, ou mais de um, estatístico de
carteirinha.
Talvez, apenas para ver no que dá, eu envie o texto hoje, à
FSP e ao Estadão.
A ver...
Abraços.
Zé C.
--
José F. de Carvalho,
PhD
Statistika Consultoria
+55-19-3236-7537"
Abraços,
Doris
2008/10/21 DSFontes
<dsfontes@uol.com.br>
Caros
colegas:
Volta à tona o assunto "qualidade da pesquisa eleitoral vs.
resolução do TSE". Vejam o texto escrito pelo prof. José
Carvalho.
Embora o sistema CONFE/CONRE tenha arrecadado muito através
da resolução do TSE (talvez, seja o ano em que mais se arrecadou na história
do nosso sistema), continuo vendo no formato da resolução do TSE um ponto
preocupante para nós. O mundo acadêmico da estatística sempre criticou a forma
como as pesquisas eleitorais são feitas, e isso não é novidade. No entanto,
quando obrigamos, através de uma resolução do TSE, todos os estatísticos a
assinarem e se responsabilizarem por algo que, teoricamente, é um Erro
Estatístico, corremos o risco de sermos vistos como uma entidade sem
seriedade, apenas interessada no dinheiro e sem interesse real pela qualidade
da prática estatística na nossa sociedade. Sabemos que o intuito da resolução
não é esse.
Eu, sinceramente, não sei qual é a solução. Mas vejo com
bastente preocupação o papel do CONFE/CONRE no caso das pesquisas eleitorais.
Se todos os estatísticos -- por um ato de sublime consciência -- se recusarem
a assinar as pesquisas eleitorais da forma como são feitas hoje, as empresas
terão de pensar numa alternativa à metodologia amostral adotada (cotas). No
entanto, sendo o país tão vasto, com grandes problemas de infra-estrutura
básica (abrangência de energia elétrica, de telefone/internet, transporte,
outros), é preciso estudar -- academicamente e na prática -- sistemas
amostrais que sirvam e funcionem bem. É uma tarefa árdua, claro. Como evoluir
nesta questão e ajudar a sociedade? Como ajudar o TSE a elaborar uma resolução
que obrigue as empresas se registrarem (e, de quebra, terem um estatístico
responsável) sem que o texto contenha parágrafos metodológicos que os juízes
eleitorais não entendem?
Entendo perfeitamente que, para nós, um "puxão
de orelha" vindo do TSE obrigando empresas de pesquisa de mercado a terem um
registro e um estatístico responsável está sendo excelente. Todos (empresas e
estatísticos) obedeceram e se resgistraram, apesar dos protestos. Mas vejo
também aí uma excelente oportunidade para o sistema CONFE/CONRE se unir à
academia para, juntos, pensar em soluções que ajudem a melhorar o envolvimento
do Estatístico nas pesquisas eleitorais --- e outras pesquisas do
Brasil.
Gostaria muito de ouvir a opinião de vocês para, na nossa
prática diária, ajudar com maior propriedade tantos usuários e clientes da
estatística indagando sobre metodologias e responsabilidades técnicas
estatísticas.
Abraços a todos,
Doris Fontes
---------- Forwarded message ----------
From:
Dalton Francisco de Andrade <dandrade@inf.ufsc.br>Date:
2008/10/21
Subject: Re: [ABE-L]: Comparação de pesquisas eleitorais com
os resultados das eleições
To:
abe-l@ime.usp.brZé,
Por que não enviar uma
análise como esta para o CONRE? Ele deveria se preocupar
com a qualidade
dos trabalhos dos Estatísticos, tendo em vista que toda pesquisa
eleitoral
tem que ser assinada por um Estatístico.
Abraços,
dalton.
Quoting Jose Carvalho <
carvalho@statistika.com.br>:
Colegas,
incluo um documento, escrito para estatísticos, mas muito
simples,
mostrando que as pesquisas eleitorais não passam em teste algum
de qualidade.
Em particular, que as margens de erro não existem... (o que
já sabemos
tecnicamente).
E aproveito para contar-lhes que, logo
antes do primeiro turno, fui contactado
por telefone em quatro ocasiões
separadas, por pessoas que me pediram que
assinasse como responsável
técnico de pesquisas que eles fariam. Por
exigência do TRE, disseram, que
demandava um estatístico com registro no
CONRE. Senti-me como um
farmacêutico antigo, daqueles que assinavam como
responsáveis por
inúmeras farmácias, sem sequer saberem onde ficavam...
Claro, recusei
todos os pedidos. Mas em um caso, indaguei como seria o
esquema de
amostragem. Depois de ouvir um pouco, quis argumentar e não houve
sequer
como me fazer entender. Perguntei qual era a formação da
pessoa
encarregada da pesquisa. Cientista político, ou sociólogo, não me
lembro bem.
Ante a minha pergunta de como poderia essa pessoa fazer um
levantamento
estatístico, ouvi uma resposta belicosa (mas em tom educada,
reconheço), em
forma de pergunta: "e como pode um estatístico trabalhar
em um levantamento
político?" A pessoa continuou - a exigência de um
estatístico é coisa formal,
besteira da justiça eleitoral. a palavra
"besteira" está bem presente na
minha memória. Devo concordar?
Eis
minha resposta, no anexo.
Abraços aos colegas
estatísticos.
--
José F. de Carvalho, PhD
Statistika
Consultoria
+55-19-3236-7537
--
Doris Satie M Fontes
Estatístico CONRE nº
7386-A
CONRE-3:
info@conre3.org.br
www.conre3.org.br
PARTICPE DO FÓRUM
ESTATÍSTICO: http://www.conre3.org.br/forum