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Re: RES: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto
- Subject: Re: RES: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto
- From: "Dani Gamerman" <dani@im.ufrj.br>
- Date: Mon, 27 Oct 2008 18:32:04 -0300
Como a diferença na eleição foi de 18,2%, tenho 2 possiveis explicações:
1) o IBOPE não sabe fazer amostragem em BH;
2) os mineiros são extremamente volúveis mudando radicalmente de opinião
ao longo de 2 dias.
Abs
Dani
> Sobre erros e coragem...
>
> Nas eleições para a prefeitura de Belo Horizonte, o IBOPE deu
> empate técnico e o DATAFOLHA deu vantagem de 18% para um dos
> candidatos. As amostras passaram de 1200 entrevistados e as
> pesquisas foram feitas no mesmo dia 25/10. As perguntas já começam
> em casa:
>
> Minha esposa me pergunta: E aí ?!
> E eu respondo: Sei lá!
>
> Essa diferença é de enlouquecer qualquer um.
>
> Abraço a todos.
> Luiz
>
> -----Mensagem original-----
> De: Carlos Alberto de Braganca Pereira [mailto:cpereira@ime.usp.br]
> Enviada em: segunda-feira, 27 de outubro de 2008 17:18
> Para: abe-l@ime.usp.br
> Assunto: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto
>
> Pesquisas de intenção de voto
>
> Caríssimos colegas:
> Nossa discussão rendeu bons frutos. Mas, se me permitem, gostaria
> de fazer algumas reflexões depois de tudo que ouvi e li.
>
> Primeiro gostaria de lembrar aos colegas o tipo de trabalho que nós
estatísticos
> realizamos. Nós, como Wizards, falamos, discutimos e concluímos
> sobre o invisível. A avaliação precisa de nosso trabalho só é
> possível quando o invisível se torna visível. Por esta razão, como
> normalmente não temos poderes extra-sensoriais, erramos e, muitas
> vezes, erramos feio em nossas predições ou adivinhações. Não por
> nossa culpa, pois grande parte de nossas vidas passamos construindo
> ferramentas precisas e robustas para melhor realizar nosso trabalho,
> na maior parte das vezes sob premissas fortes,. A culpa, na maioria
> das vezes, é do PONTO AMOSTRAL RUIM que observamos. Todos estão
> sujeitos a observar uma amostra ruim, principalmente quando o
> fenômeno possui alta dispersão. Nenhuma técnica ou ferramenta, por
> mais complexa e precisa que seja, torna uma amostra RUIM em BOA.
>
> Eis o que eu queria dizer: Quem acreditaria que uma amostra de
> tamanho 1500 pode fazer sucesso (continuamente) em uma população
> enorme, como foram os casos de nossas capitais? Eu até diria o
> seguinte: esses institutos são mesmo corajosos! Fazer afirmações
> como fizeram, mesmo tendo eventos raros, como é o caso dos
> candidatos nanicos, é realmente ato corajoso.
>
> Fica aqui então uma questão para os críticos: No primeiro turno
> erraram feio e então o método de seleção ficou vilão. No segundo
> turno acertaram em cheio, e assim o método se torna herói?
>
> Teria minhas razões para explicar o que ocorreu nos dois casos, mas também
> seriam conjecturas que, claro, não poderia comprovar.
>
> Alguém pode até pensar que algo ruim tem pouca probabilidade de
> ocorrer. Neste caso das pesquisas, o BOM é que é o pouco provável.
> Mas com dois candidatos poderíamos realizar trabalho igual ou até
> melhor do que os institutos. Entretanto, com 1500 unidades amostrais
> seria difícil acertar!
>
> O Afif fez ontem uma afirmação impressionante, quero repeti-la aqui.
> "O Kassab tinha 8% das intenções de voto em junho, contudo, a
> prefeitura tinha 60% de aprovação. Assim, nos focamos nesse número
> e nos programamos para atingir esse ponto. Vejam o que aconteceu:
> Kassab recebeu 60% dos votos no segundo turno!" O Afif é realmente
> O CARA (de Pau), não?
>
> Grande abraço
> Carlinhos
>
> Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>
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Dani Gamerman
Depto. de Métodos Estatísticos
Instituto de Matemática - UFRJ
Caixa Postal 68530
21945-970 Rio de Janeiro, RJ
tel (21) 2562 7911
fax (21) 2562 7374
dani@im.ufrj.br
http://dme.ufrj.br/dani
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