Caros Redistas, O meu artigo "Parafraseando de Gaulle" provocou uma enxurrada de emails na minha caixa-postal (de exatos 31 professores e alunos desde a última 6a feira até agora) e ainda não respondi a todos. Entretanto, notei que a grande maioria é devida a pessoas verdadeiramente comprometidas com o ambiente acadêmico que dividem as mesmas preocupações que eu tenho. Nenhum que usa a univerisdade como bico se manifestou. Afinal, essas pessoas têm outras coisas para fazer. Claro que nem todos os emails compartilham rigorosamente com as minhas idéias, até porque segundo o grande Nelson Rodrigues "toda unanimidade é burra". Gostaria de tecer apenas quatro comentários gerais para fechar esse debate de minha parte. 1. Não sou pessimista com o futuro da estatística brasileira. Conheço inúmeros jovens brilhantes fazendo doutorado no Brasil e no exterior. Meu trabalho árduo em estatística permite distinguir o aluno como um sino - "pela primeira badalada". Agora, acho que precisamos melhorar alguns deles. Em outras áreas existe uma maioria de cursos totalmente ineficientes e de faz-de-conta. 2. O que eu tentei mostrar no meu texto é que "muitos cursos" (não sei predizer o percentual) de pós-graduação no País não formam cientistas e apenas ortogam diplomas. Eu não afirmei, em nenhum momento, que todos os cursos de pós-graduação do País "só produzem diplomas". Esse fato pode ser comprovado com a realidade existente: um pequeno percentual no País de cientistas em relação ao contigente de doutores diplomados. Em sei muito bem o que é generalizar, pois passo a maior parte da minha vida tentando generalizar resultados estatísticos. Conheço a pós-graduação brasileira desde 1975. Temos inúmeros cursos de pós-graduação sérios e de excelente nível científico desde as ciências agrárias até as humanas passando pela áreas de saúde e sociais. Entretanto, muitos dos cursos de pós no Brasil, no meu entender, não formam cientistas e só produzem diplomas. Como uma universidade não pode ser boa em todos os cursos, defendo que aqueles sabidamente irrecuperáveis sejam fechados. 3. Eu já enviei o artigo que publicamos (com o Francisco Cribari) em 1991 no Jornal do Brasil à rede da ABE mas algumaas pessoas da rede da RBRAS solicitaram. Estou atachando novamente, pois apesar do "gap" de 18 anos, o artigo continua atual (as estatísticas precisam obviamente de atualização). 4. Quanto a censura que três professsores citaram nos seus emails, acho que qualquer censurador é um corpo estranho no ambiente acadêmico e deve realmente mudar de profissão. Estamos muito distantes da ditadura e todos nós temos liberdade de pensamento e expressão garantidos pela constituição brasileira. Cordiais Saudações, Gauss Cordeiro
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