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Re: [ABE-L]: Ainda sobre a entrevista do Prof. Palis



 

Caros Redistas ,Jacob, Mauricio, Manfredo e Elon

Gostaria de fazer algumas consideraÃÃes sobre a entrevista do Prof. Jacob Palis nas pÃginas amarelas da revista Veja de 18/05/2011 .Tive o privilÃgio de conviver com Jacob Palis na Universidade da CalifÃrnia em Berkeley por um perÃodo de 2 anos. Quando Jacob chegou a Berkeley para fazer o   doutoramento em matemÃtica eu era aluno de doutoramento em estatÃstica.  . Desde o princÃpio pude notar em conversas e pelo desempenho do Jacob seu talento matemÃtico. Com o passar do tempo o seu talento foi cada vez mais se expressando atravÃs de  pesquisa de qualidade e  pela orientaÃÃo de discÃpulos. Sua pesquisa e produÃÃo matemÃtica  foram reconhecidos internacionalmente como  atestam os prÃmios internacionais recebidos culminando recentemente com concessÃo do  PrÃmio Balzan, concedido pela fundaÃÃo do mesmo a Jacob  pelo seu trabalho em sistemas dinÃmicos.

 

AlÃm disso Jacob tem uma capacidade de trabalho extraordinÃria pois  consegue conciliar sua atividade cientÃfica com intensa participaÃÃo na Ãrea de administraÃÃo  e polÃtica cientÃfica. Ele  foi diretor do IMPA durante vÃrios anos, presidente da International Mathematical Union, presidente da Academia Brasileira de CiÃncia, cargo que ocupa novamente no momento   e da Sociedade Brasileira para o Progresso da CiÃncia. Ministrei em 1969 e 1970 a convite do Lindolpho e do Elon os primeiros cursos de EstatÃstica MatemÃtica e Probabilidade no IMPA e tive a oportunidade de acompanhar os primeiros anos do trabalho de Jacob Palis, Elon Lajes Lima , Mauricio Mattos Peixoto, Manfredo PerdigÃo do Carmo e Lindolpho Carvalho Dias  que estabeleceram bases sÃlidas que levaram o IMPA a posiÃÃo que hoje ocupa na matemÃtica brasileira e internacional. Na entrevista das pÃginas amarelas da Veja Jacob realÃa a necessidade de  maior incentivo e apoio a ciÃncia como alavanca do desenvolvimento econÃmico do pais. Cita em abono dessa afirmaÃÃo os exemplos dos paÃses desenvolvidos e dos emergentes, em especial China e CorÃia,  onde o apoio a ciÃncia à bem maior que no Brasil. Em decorrÃncia disso menciona que o pais precisa formar cientistas em nÃmero bem superior ao que o faz atualmente.

 

Penso que ninguÃm discorda das afirmaÃÃes do Jacob mas julgo que para que isto ocorra tem-se que enfrentar um problema mais complexo, ou seja da precariedade da educaÃÃo no Brasil.  O grande freio ao desenvolvimento econÃmico e social no Brasil esta na  formaÃÃo deficiente da grande maioria de seu povo que nÃo tem oportunidades de adquirir uma formaÃÃo adequada  devido a pÃssima qualidade do ensino fundamental e mÃdio no pais. Temos uma taxa muito grande de analfabetismo e uma grande maioria de nossos jovens que completam o ensino fundamental e mÃdio adquirem  conhecimentos muito inferiores aqueles esperados  pela titulaÃÃo obtida, conforme mostram os dados da avaliaÃÃo do Programa Pisa da OrganizaÃÃo para CooperaÃÃo e Desenvolvimento EconÃmico (OCDE) da Comunidade EuropÃia.

Se esse quadro nÃo for revertido  nÃo sei de onde serÃo recrutados os talentos necessÃrios para produzir uma ciÃncia de ponta para alimentar de modo sustentÃvel o sistema produtivo.

 

E mais grave ainda teremos grande parcela   de nossa populaÃÃo que nÃo terà condiÃÃes mÃnimas de lutar pelos seus  direitos civis decorrendo daà que  teremos um parlamento que cada vez mais serà formado Tiriricas. Contrastando com a situaÃÃo brasileira  China e CorÃia valorizam muito a educaÃÃo  fundamental e mÃdia. Na CorÃia os professores constituem uma categoria salarial muito bem paga enquanto que no Brasil  recebem os piores salÃrios entre as  profissÃes que exigem formaÃÃo universitÃria. A CorÃia a cerca de 50 anos estava no mesmo patamar de desenvolvimento econÃmico que o Brasil .Veja-se qual à a situaÃÃo comparativa hoje em dia entre CorÃia e Brasil. A CorÃia à um pais exportador de bens de alta tecnologia enquanto o Brasil exporta grÃos.NÃo vejo como o Brasil poderà dar o salto desejado e sustentÃvel tanto na ciÃncia como socialmente se toda a sociedade nÃo participar de uma campanha efetiva de valorizaÃÃo da profissÃo de professorcomo forma de melhorar a educaÃÃo. 

 

Carlos Alberto Caio Dantas

 

 

 

 

Carlos A B Dantas <caio@ime.usp.br>

Citando gausscordeiro <gausscordeiro@uol.com.br>:

Caros Redistas,

 

Muito boa a entrevista do Prof. Palis à Veja e, tambÃm, por termos um grande matemÃtico brasileiro nas pÃginas amarelas.

Concordo com todos os seus pontos! Os dois primeiros parÃgrafos do artigo em anexo, publicado no Jornal do Brasil

hà 20 anos (em co-autoria com o Prof. Francisco Cribari), tem âcorrelaÃÃoâ um com o que ele disse.

 

Sà que fomos bem mais explÃcitos, apontando alguns dos entraves das federais. O artigo jà foi postado nessa rede, mas estou

colocando novamente caso alguÃm nÃo tenha lido. Os dados, certamente, estÃo desatualizados! Minha opiniÃo de hoje: a

meritocracia nunca foi cultuada na grande maioria dos segmentos da universidade brasileira.

 

Boa dia para todos!

 

Gauss




"There is no branch of mathematics, however abstract, which may not some day be applied to phenomena of the real world" (Lobachevsky).