No próximo dia 31, o governo vai expulsar o "computador popular" das escolas públicas de ensino médio do país. Concebido para combater o risco de exclusão digital em nosso país e recebido com entusiasmo pelo presidente Fernando Henrique, o projeto será vítima de uma ação conjunta do MEC e da Anatel. O edital de licitação para os equipamentos que farão parte do "projeto de universalização de serviços de telecomunicações em escolas públicas de ensino médio e profissionalizante", com recursos do Fust (o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), já contém os elementos dessa expulsão. Ao indicar os equipamentos, o edital os divide em três grupos, A, B e C. Para os tipos A e B, os "nobres", especifica como único sistema operacional admissível o Windows ME. Para os de tipo C, o "plebeu" os sistemas operacionais Linux ou Windows ME. É assim que uma boa idéia pode ser desvirtuada pela submissão a visões parciais e preconceitos. Provavelmente, nem os da "classe C" serão adotados com o sistema operacional Linux, para não haver incompatibilidade entre softwares e a opção preferencial pode ser o Windows ME. Não sou especialista na área, nem estou entre os que vêm mais do que erro e tibieza na decisão governamental. Mas também não me incluo entre os analfabetos digitais. Estou convencido de que, ao dar o monopólio da parte mais importante do programa à Microsoft, o governo está optando por um caminho mais caro - a economia em licenças permitiria aumentar o número de máquinas por escola ou a quantidade de escolas "informatizadas" - e mais pobre do ponto de vista pedagógico, científico e tecnológico. |