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FUST Travado



Matéria publicada no editorial da Folha de São Paulo de 3 de Setembro de 2001:
 
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FUST TRAVADO

Uma liminar suspendeu semana passada a primeira licitação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para o Programa Telecomunidade Educação, que usa recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações). Os autores da ação, deputados Walter Pinheiro (PT-BA) e Sérgio Miranda (PCdoB-MG), acham que a licitação privilegia as concessionárias do serviço de telefonia fixa, na medida em que elas se tornam intermediárias do governo na aquisição de computadores.


A situação é grave, pois afeta um dos principais instrumentos de política pública, que, ampliando o potencial de acesso dos estudantes às novas tecnologias de informação e comunicação, promete reduzir um pouco a desigualdade de renda e poder. A demora em regulamentar e executar políticas de universalização do acesso à internet e a outros serviços intensivos nessas tecnologias aumenta o fosso entre os que podem pagar (por telefones, computadores, TVs a cabo etc.) e os excluídos.


E o problema não é só jurídico. A meta do governo de fazer a instalação de 290 mil computadores com acesso à internet em 13 mil escolas do ensino médio e profissionalizante até o final de 2002 tem sido alvo de críticas. Como sublinhou o colunista desta Folha Luis Nassif, a licitação para distribuir um micro para cada 25 alunos da rede pública não é um mero programa de distribuição. Além do hardware, está em jogo a ação dos Estados na capacitação de professores para o ensino das novas tecnologias.


E há o debate sobre o software: na licitação, o MEC definiu que dos 280 mil microcomputadores, 250 mil devem estar equipados com um sistema Windows, da Microsoft. Apenas 30 mil viriam com o Linux, um sistema que é aberto (ou seja, a própria comunidade pode desenvolver os softwares, sem que seja preciso pagar royalties em dólar).


A abertura do governo para discutir o tema continua mínima. É louvável a pressa em equipar e dar às novas gerações o imprescindível acesso à internet e à tecnologia da informação. Resta saber se o planejamento da tarefa leva na devida conta os aspectos pedagógicos e tecnológicos.

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