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Web cresce com menos privacidade e mais comodidade



Desculpem mandar o artigo junto, mas o fato é que ele é protegido apenas para os assinantes da UOL
e isso faz com que várias pessoas não possam acessa-lo.

Quem não consegue visualizar HTML, salva o arquivo que vem em Attachment no disco com a extensão .html
e abre num browser que vai funcionar perfeitamente.
Já fiz esse teste salvando do pine.
O Netscape e o Outlook Express exibem muito bem o HTML.
Outros programas, ou eventualmente um WEBMAIL deverão ter suas formas de salvar o arquivo em disco.

Boa Sorte!
[]'s

http://www.uol.com.br/times/nytimes/ult574u34.shl
 
Title: UOL Mídia Global
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Terça-feira,
4 de setembro de 2001





Cookie
Web cresce com menos privacidade e mais comodidade

John Schwartz

Um dia em junho de 1994, Lou Montulli sentou-se diante de seu teclado para resolver um dos piores problemas do início da Internet. Com isso, como muitas vezes acontece no mundo da tecnologia, ele criou outro.

Naquele momento da história da Web, cada visita a um site era como se fosse a primeira, sem forma automática de se saber se um internauta havia estado ali anteriormente, ou que páginas havia consultado. Qualquer transação comercial tinha que ser feita do início ao fim em uma só visita, e os visitantes tinham que passar pelas mesmas páginas vezes seguidas -era como visitar uma loja onde o vendedor tinha amnésia.

Aos 24, Montulli era a nona pessoa a ser contratada pela empresa, que depois viria a ser Netscape Communications, e já era um "hacker" famoso, no sentido antigo e bom da palavra -um programador de habilidades excepcionais. Assim, ele rapidamente inventou um mecanismo engenhoso para lidar com o problema e escreveu um documento de 5 páginas, descrevendo a tecnologia que ele e seus colegas iam desenhar para dar memória à Web.

A solução pedia que cada computador de site da Web colocasse um pequeno arquivo na máquina de cada visitante, que acompanhasse seus passos dentro do site visitado. Montulli chamou essa nova tecnologia de "objeto do estado de cliente persistente", mas ele tinha um nome mais charmoso em mente, um do início da computação. Naquela época, as máquinas trocavam pedaços de informação para propósitos de identificação, e os primeiros programadores chamaram os dados trocados de "magic cookies", biscoitos mágicos. Montulli chamou sua invenção, descendente direta desses, de "cookie", biscoito.

Foi um marco na história da computação: de um só golpe, os cookies mudaram a Web, que passou de um lugar de visitas descontínuas para um ambiente rico, no qual comprar, brincar e até viver, para alguns.

Fundamentalmente, os cookies alteraram a natureza da navegação pela Web. Ela passou de uma atividade relativamente anônima, como caminhar pelas ruas de uma metrópole, para um ambiente onde os registros das transações, movimentos e até desejos podem ser armazenados, avaliados, minados e vendidos.

Desde então, cookies passaram a estar em quase toda parte -e isso irritou muitas pessoas. Uma pesquisa recente, pela organização de pesquisa de opinião pública Republicana Public Opinion Strategies, revelou que 67% dos americanos identificam a privacidade online como sua maior preocupação -número muito maior dos que os que identificaram combater crimes (55%) ou construir escudo antimíssil (22%).

O descontentamento do público com as invasões de privacidade, reais ou imaginárias, cresceu. Entretanto, o movimento em Washington para a aprovação de novas leis e regulamentos que possam restringir o uso de cookies e de outras ferramentas de alta tecnologia para monitorar as atividades de um usuário na Internet diminuiu.

Em Washington, ao menos 50 projetos de lei relacionados com questões de privacidade estão esperando análise, apesar da liderança atual da Casa ter concentrado sua atenção em invasão de privacidade pelo governo e não por negócios privados. O diretor da Comissão Federal de Comércio, Timothy J. Muris, recentemente nomeado pelo presidente Bush, está preparando sua primeira declaração quanto às diretrizes de privacidade da Comissão, a ser entregue no próximo mês.

Entretanto, a maior parte dos usuários da Web, seja de boa vontade, má vontade ou inconscientemente, já trocaram um pedaço de sua privacidade pela conveniência que os cookies dão à Web. A maior parte das pessoas acumula cookies sem saber. Uma pesquisa em uma máquina ligada à Internet mostrará, em média, dezenas, ou até centenas, dos pequenos arquivos.

Graças aos cookies, um cliente que faz uma compra em um site pode abandonar seu carrinho de compras antes de finalizar a compra e voltar mais tarde ao site, que perguntará se ele deseja fazer seu pedido. Os cookies também permitem aos sites mostrarem anúncios diretamente ligados às partes do site visitadas pelo navegador. Assim, alguém visitando um site orientado para a saúde que lê informações sobre drogas para diabetes poderá ver um anúncio de nova medicação para a doença.

Todas essas funções podem ser feitas sem o conhecimento do nome do visitante, porque o identificador anônimo e único, incluído no cookie, é suficiente. Mas, se um proprietário de site da Web combinar esse identificador com informações pessoais do visitante, do momento de sua inscrição no site, por exemplo, então o cookie se torna um mecanismo poderoso de monitoramento individual.

"Antes dos cookies, a Web era essencialmente privada", disse Lawrence Lessig, professor da Faculdade de Direito de Stanford, de que estuda formas programas de computador se chocam com políticas públicas. "Depois dos cookies, a Web tornou-se um espaço capaz de extraordinário monitoramento".

A maior parte das empresas na Web usam cookies, (inclusive os sites do "The New York Times"), e a maior parte os utiliza com responsabilidade, segundo especialistas em privacidade. Mas muitos na área comercial temem que as preocupações com privacidade possam atrapalhar ainda mais a economia cambaleante da alta tecnologia.

"O grande perigo para a longevidade da economia digital não é a implosão das ponto.com", disse Dick Brown, diretor executivo da gigante tecnológica EDS, em discurso recente. "Esses efeitos são minúsculos, se comparados com os efeitos dos abusos de confiança".

Mesmo assim, os cookies não estão indo embora, disse Koen Holtman, cientista de computação holandês e defensor da privacidade, que tem lutado para que as capacidades dos cookies sejam limitadas. Os usuários da Web "não podem realmente viver com cookies, por causa de questões de monitoração do usuário", disse, "mas também não podem viver sem eles, porque isso os faria perder importantes aspectos de funcionalidade e confiabilidade".


Tradução: Deborah Weinberg




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