Trabalho apresentado em dezembro de 2001 para avaliação na disciplina MAC-5800
Paulo Augusto Rosa
Universidade de São Paulo
par@ime.usp.br
http://www.ime.usp.br/~par/
9 de dezembro de 2001
Resumo
O atual paradigma do sistema educacional é colocado em discussão no contexto da revolução da informação que surge com o advento da Internet e da tecnologia da informação. A partir das idéias de Phil Agre, que argumenta para uma mudança institucional, são analisados os impactos da tecnologia da informação nas metodologias de ensino e suas influências sociais e econômicas. Para tal discussão, inicialmente será apresentado as idéias autor Phil Agre e, em seguinda, o texto baseado na leitura de dois livros relacionados com a influência da tecnologia na educação. Os livros utilizados foram "Meios Eletrônicos e Educação: uma visão alternativa" de Valdermar Setzer e "The Ruture of Information Technology in Education" de David Moursund.
Introdução
A Internet e a proliferação do computador pessoal nas casas das pessoas são fenômenos que vêm ocorrendo na sociedade atual e que, indubitavelmente, é um fato novo para a nossa sociedade. Segundo as idéias do autor Phil Agre, devido a este novo momento, haverá uma mudança nas instituições em geral.
Este trabalho tem como objetivo mostrar e analisar o que está ocorrendo e o que já mudou com a Revolução da Informação, referentes ao sistema educacional atualmente vigente. Como o professor, o aluno e a sociedade vão se comportar ou já começam a se comportar de acordo com esta nova mudança em virtude deste novo fenômeno. As pessoas da geração anterior a esta tiveram uma educação na qual nem se pensava em usar o computador pessoal como instrumento de ensino e podem, de certa maneira, estar impedindo tal desenvolvimento ou mudança na estrutura atual devido a própria natureza do ser humano de aceitar mudanças.
O sistema educacional atual talvez ainda não esteja suficientemente preparado para este novo cenário, visto que está arraigado a um formato muito antigo. Principalmente, nos ensinos fundamental e médio a função do professor basicamente resume-se a copiar e repassar o conteúdo de livros já prontos, sem acrescentar experiências novas e sem fazer ligações com a atividade diária e com o mundo ao seu redor. Como conseqüência, uma aula, muitas vezes, torna-se maçante e entediante fazendo com que o aluno sinta-se desmotivado e não aproveite adequadamente o tempo que passa com o professor.
Phil Agre: apresentação e idéias
Phil Agre é professor associado do MIT e autor de vários livros e artigos na área da tecnologia da informação e atualmente está escrevendo um livro cuja tese é a "Mudança Institucional". Ou seja, a transição da tecnologia da informação está levando a uma renegociação de todas as instituições da nossa civilização. Utiliza o termo Instituição como a relação gente e comunidade persistente e alguns exemplos são: a Língua Portuguesa, a Universidade. O Sistema Educacional será utilizado neste documento representado como uma instituição e sobre a qual a idéia de necessidade de mudança será escrito.
A Instituição é o principal conceito utilizado nos seus artigos. Instituição é uma entidade persistente, acoplada a um certo número de pessoas, reguladas por um conjunto de normas formais e informais. Uma das características mais importantes de uma Instituição é sua persistência por longos períodos de tempo, muitas vezes centenas de anos, e a resistência a mudanças que possam ser efetuadas nas mesmas. Contudo, estão inseridas numa sociedade que continuamente se transforma, e, devido a isso, não podem simplesmente ignorar as mudanças. O resultado disto tudo é a renegociação da Instituição que deve de alguma maneira adequar-se a nova realidade.
Em seus artigos, Phil Agre tenta mostrar como esta Renegociação Institucional deve se processar. Forças como arquitetura, leis de mercado e tecnologia influem sobre as Instituições e sobre as transições. A renegociação pode ser entendida como uma transformação das instituições, mas estas são persistentes e não são facilmente alteradas, possuem mecanismos que se opõem às transformações. Para Phil, a renegociação não é um processo instantâneo, pois age sobre mecanismos persistentes e, portanto, mudar a Instituição deve ser um processo muito complicado. A influência da tecnologia da informação no sistema educacional, sobre a qual este texto será explorado não foge destas idéias.
O avanço da tecnologia e mais especificamente a tecnologia da informação está levando diversas instituições a mudarem e o Sistema Educacional também está sendo afetado.
Agre escreveu um artigo chamado "Commodity and Community" na qual tenta explicar o equilíbrio entre valores conflitantes nas mudanças institucionais pautando-se principalmente na Instituição Biblioteca e na Instituição Universidade. Aborda temas como o Ensino a Distancia e o impacto que a tecnologia da informação exerce nas Bibliotecas.
Necessidade da mudança
Para iniciar, segue o artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional na parte na qual define o termo Educação.
Da Educação Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. |
Logo após terminar o ensino fundamental, fiquei me questionando a respeito de como eram as aulas naquela época, principalmente as aulas de matemática no ensino fundamental (antigo 1º grau). Não consegui encontrar uma resposta convincente ao porquê os alunos eram levados a decorar uma dezena de tabuadas. Foram muitos os alunos que foram obrigados a decorar por diversas vezes as tabuadas do 2 ao 9. Como fato científico, possuímos dois tipos de memória, uma de longa duração e outra de curta duração. Esta de curta duração é a utilizada quando decoramos algo e que posteriormente tende a se perder, desta forma não sendo redirecionado para a memória de longa duração.
Agora, na era da Internet, um montante muito grande de informação está sendo colocado a nossa frente e o problema que surge, no entanto, é como assimilar tantos dados. Será que a metodologia aplicada no que aprendemos no ensino fundamental baseada em decorarmos ainda valerá? Parece não ser mais possível aceitar que utilizemos um esforço considerável para decorarmos algumas tabelas de multiplicações, visto sua participação ridiculamente ínfima no conhecimento que necessitamos para desenvolver nossas atividades e para entendermos nosso mundo. A sociedade sentirá a necessidade da mudança e como conseqüência, a instituição Escola deverá adequar-se aos novos tempos, culminando em alterações nas metodologias e práticas de ensino, nas diversas áreas do conhecimento, seja no ensino fundamental ou no ensino médio.
Então, se não devemos decorar o que aprender, o que aprendemos, como fazer para assimilar o que nos ensinam? Um professor de curso pré-vestibular que tive durante meu aprendizado, dizia a seus alunos que a melhor forma para estudar para um exame, que exige uma quantidade extraordinária de conhecimento de informações, seria utilizar os sentidos humanos tantos quantos fossem possíveis. Cada sentido (visão, audição, olfato, tato, fala) utilizado no aprendizado de algo seria mais uma maneira de ativar o cérebro e desta forma buscar as informações desejadas. Com isso, a experiência, o exercício e a conectividade com fatos poderia ser a forma pela qual deveríamos aprender no ensino fundamental e médio.
O caso da tabuada é apenas um exemplo para motivação e explicação para o fato de que o sistema educacional deve ser repensado e adaptado às novas tecnologias, principalmente com o surgimento da Internet e com a revolução da informação que parece estar ocorrendo.
Contrapondo um pouco a idéia da utilização do computador nas escolas e mais especificamente a utilização da rede Internet na educação, gostaria de expor algumas experiências que professores estão vivenciando atualmente. Tanto nos dias de hoje quanto antigamente, trabalhos eram solicitados por professores para serem realizados em casa e entregues posteriormente. O que era e ainda é feito? Na maioria das vezes, muitos alunos encontravam alguma forma de obter trabalhos prontos, fazer cópias fiéis de resumos de livro ou de trabalhos semelhantes e muitas outras formas para diminuir seu trabalho de construção textual de idéias. Mas qual a diferença para os dias de hoje? A diferença está justamente na rapidez de obter dados, na quantidade de informações e na facilidade de encontrá-las prontas utilizando a rede Internet, reduzindo-se ainda mais o trabalho do aluno.
Num processo educacional essas facilidades deveriam representar um aumento na qualidade do aprendizado dos alunos na escola. Com tanta tecnologia envolvida, como garantir que houve uma atividade de leitura e pesquisa adequados e que o trabalho foi realmente criado e não copiado. Um exemplo, talvez possa esclarecer melhor o fenômeno. Imagine um professor solicitando ao aluno que ao final do semestre responda um questionário sobre a leitura de um livro que deveria ser realizado durante este tempo. O que poderia ocorrer? Com um pouco de esforço, seria possível encontrar respostas prontas na rede ou encontrar pessoas que pudessem respondê-las. Então, qual o conhecimento adquirido pelo aluno, neste caso?
Para mostrar que o sistema educacional atualmente vigente para o ensino fundamental e médio está necessitando de mudanças utilizarei as idéias contidas no recente livro lançado pelo Professor Valdemar W. Setzer, professor aposentado do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de São Paulo, cujo conteúdo é formado por uma coletânea de vários artigos escritos nos últimos 10 anos e que podem ser encontrados em seu site também. Utilizarei também as idéias de uma versão online de um livro publicado na Internet que aborda a influência da Tecnologia da Informação no sistema educacional do EUA, chamado "The Future of Information Thecnology in Education", escrito por David Moursund.
Nos parágrafos que se seguem serão apresentados argumentos favoráveis e contrários à utilização da tecnologia na educação, obtidos basicamente da leitura das obras dos autores citadas anteriormente que já estudaram e escreveram bastante sobre o assunto.
Os textos do Professor Setzer são fortemente baseados na Pedagogia Waldorf, introduzida por Rudof Steiner em 1919, uma metodologia educacional não convencional, já antiga e atualmente utilizada em mais de 800 escolas espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil. Uma introdução à pedagogia Waldorf pode ser encontrada em [Laziz, 1998]. Método educacional não convencional, já antigo. A Pedagogia Waldorf é baseada em cima dos estágios de desenvolvimento da criança. Voltar a ler sobre isto para comparar quando se deve utilizar a Internet na educação.
Setzer utiliza-se, nos seus argumentos conceitos sobre a evolução de crianças e jovens da pedagogia Waldorf. A evolução de cada ser humano é dividida em setênios.
Os artigos do Professor Setzer baseiam-se muito nos fatos de que "Educação é um processo muito lento" e que "Educação é um processo contextual". O processo de desenvolvimento de uma criança e de um jovem e sua formação como pessoa é relativamente muito lento e que exige muita paciência dos envolvidos, uma preparação adequada dos professores e de metodologias condizentes com a realidade atual. É de fundamental importância que aspectos individuais sejam levados em consideração, ou seja, deve haver uma preocupação a respeito de capacidades e reações individuais e temas a serem abordados na educação devem possuir um grande respaldo para a realidade.
Mas, o que se vê atualmente é um sistema educacional antigo e ultrapassado e que não está de acordo com a nova realidade do mundo. Na visão de Phil Agre, a nova realidade figurada na Tecnologia da Informação e precipitada pelo surgimento da Internet exigirá uma mudança na Instituição "Sistema Educacional". O momento é justamente este em que estamos vivendo uma era de transição na qual a sociedade de acordo com suas necessidades irá moldar este novo cenário na educação. Já há muitas pessoas preocupadas e envolvidas com esta mudança visto que os dois autores já estudam o assunto há um certo tempo. Alguns outros exemplos podem ser citados como resultado da preocupação desta mudança na sociedade. A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação está bem atualizada e já é prevista a Educação à distância. O governo tenta sem muito sucesso e rigor estar de acordo com a nova realidade informatizando as escolas públicas. Na outra ponta, as escolas privadas disponibilizam computadores para alunos e ministram cursos de informática sem muito estudo sobre como ensinar de forma eficiente os alunos. Há um aumento considerável venda de computadores pessoais para uso particular.
A respeito da educação a distância, coloco alguns artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96) referentes a este assunto:
Art. 32 § 4º. O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.
Art 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
A seguir um trecho do artigo de César Augusto Minto e Maria Aparecida Segatto Muranaka publicado no Jornal da APEOESP em março de 1997, que fala sobre o ensino à distância comentado sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, naquela época, recentemente criada.
"A educação a distância não deve substituir a regular, mas é importante para complementá-la e com vistas à educação continuada, constituindo-se num meio auxiliar que utiliza os modernos recursos tecnológicos - por exemplo, o rádio e a TV - para a consecução de objetivos educacionais, sobretudo se considerarmos a dimensão continental do país e a precariedade dos seus sistemas educacionais."
A educação a distância como instrumento de ensino, como qualquer outra tecnologia, deve ser utilizada com muito cuidado, avaliando-se os reais efeitos positivos e negativos na formação do estudante. Atualmente há poucos resultados nesta área e ainda necessita de muito desenvolvimento e muita pesquisa. Acredito ser uma ferramenta com uma excepcional capacidade de utilização para o ensino fundamental e médio, desde que utilizado com uma grande preocupação respeitando-se todos os limites envolvidos em cada etapa de desenvolvimento do aluno.
As cidades digitais, que começam a se espalhar pelo mundo, são uma ótima referência a uma das formas de utilização da educação a distância. Segundo definição técnica encontrada no site http://www.digitalcity.gr.jp/meetings/kyoto-meeting em 1999, cidade digital é uma "plataforma de fomento à formação de redes comunitárias". Uma comunidade virtual de uma cidade digital pode ser figurada com a utilização de salas de bate-papos, listas de discussão, sites de comunidades de especialistas. No Brasil, em agosto de 2001 foi criado a "Cidade do Conhecimento", o megaportal criado pelo IEA (Instituto de Estudos Avançados) da USP e cujo endereço é http://www.cidade.usp.br/ . A intenção seria interligar professores, estudantes, cientistas e profissionais para o debate de idéias e a realização de projetos.
Novamente, o problema que prevalece é o fato das cidades digitais serem um fenômeno novo e não se saber quais os resultados positivos e negativos na sua adoção para a complementação do ensino médio e fundamental. Acredito que deva ser um instrumento fantástico de ajuda ao desenvolvimento do aluno, desde que não seja substituído completamente pelo professor e pela sala de aula e que não seja deixado de lado as individualidades. Imagine a quantidade fenomenal de informação de fácil acesso e variadas experiências vividas poderiam ser obtidas numa velocidade absolutamente ínfima, pois seria possível conectar pessoas de todo o país e até de todo o mundo.
O professor Setzer, em seu artigo "Os meios eletrônicos e a Educação: televisão, jogo eletrônico e computador", defende a utilização do computador no ensino médio apenas para ensiná-lo a usá-lo e compreendê-lo. Para isto, Setzer baseia-se na pedagogia Waldorf e da idéia de que as pessoas tem fases de desenvolvimento e para cada qual devem ser respeitadas certos limites. No entanto, deve-se encontrar um meio termo entre não utilizar o computador para tudo impedindo que a criança se desenvolva, nem por outro lado, ficar totalmente cego ou à parte da tecnologia que se apresenta. É possível encontrar maneiras de retirar proveito do computador sem com que toda a tarefa de desenvolvimento e criação da criança fique a cargo dele.
Após uma análise nos textos utilizados neste livro, enumero alguns pontos que considero deveriam fazer parte da nova realidade do ensino atual. Deve-se notar que alguns pontos já estão em vigor alguns com maior força e incidência e outros não, ainda mais se considerarmos a enorme diferença de qualidade que há entre o ensino fundamental e médio público e privado.
Em seus artigos, o professor Setzer critica a Internet como instrumento para a educação pois considera que os assuntos da rede não são apresentados de maneira particular e contextualizado de forma a captar a individualidade de cada criança. Nesta fase de desenvolvimento, ensino fundamental, deve-se respeitar as individualidades e limitações de cada um e a Internet "ainda" não consegue executar este serviço. Trata-se de um motivo muito forte para não substituir o professor, o que não significa que a sua função não possa ser alterada. Cada aluno é diferente e por isto o professor não deve desaparecer. A função do professor atual, o professor tradicional, deve ser questionada e avaliada. Aquele professor que limita-se a copiar livros no quadro negro, a corrigir exercícios sem avaliar o raciocínio empregado, a não incentivar a criatividade e o trabalho em grupo, a estimular o raciocínio e a participação do aluno na aula, a não aplicar a realidade, está fadado a não ter sucesso. A Internet, mesmo com todos os seus problema, surge como um atrativo incrível para todos e aulas tradicionais que anteriormente já eram maçantes, tenderão a ficar ainda mais. Deve-se conhecer individualidades, dificuldades, pontos fortes e fracos e sabê-los manipulá-los. Como a Internet e a tecnologia pode tratar isto. Acredito que a partir de experiências documentadas que seriam de fácil acesso e outras coisas mais...
De acordo com Setzer, "A escola está obsoleta. Não por causa da falta de tecnologia, como pretendem muitos, mas por não haver acompanhado a evolução interior, da maneira de agir, sentir e pensar do ser humano no século passado". Realmente, a escola e o sistema educacional, por sua vez, parece não ter acompanhado a evolução social, cultural e científica no qual o seu formato ainda permanece por anos.
Vejamos como os formatos de aprendizado mudaram ao longo do tempo. Já houve os pensadores antigos que eram basicamente autodidatas, passamos por uma época na qual o conhecimento era passado de boca a boca. Surgiram as escolas e as universidades e conjuntamente com o aparecimento de diversas tecnologias. Agora, a Internet.
Para Setzer, "... a aquisição de informação deve ser um processo individual, lento e consciente... educação requer, além de lentidão, interação social (da criança com seus familiares e com seus mestres) e não-passividade...". Será que a Internet deixará de cobrir estes aspectos? A total despreocupação com a nova realidade que se apresenta, com certeza, será prejudicial para o desenvolvimento da criança, mas há que assegurar a aplicação de metodologias educacionais eficientes. A tecnologia da informação pode influir na educação fundamental de forma positiva e negativa.
O Professor Setzer, em um de seus artigos, desenvolve a idéia de que o uso da televisão, do computador ou da Internet, como instrumento de ensino, não é bom devido à seu caráter de veículo de comunicação de massa que não possui característica individual e são fora de contexto. A Internet se encaixa perfeitamente neste perfil também, mas tanto a televisão, o computador e a própria Internet poderiam ser utilizadas de forma a se obter o maior proveito destes instrumentos tecnológicos. O fato é que ainda não estamos o suficientemente preparados para extrair as características necessárias destes instrumentos de forma a ir de encontro às necessidades específicas de alunos de ensino médio e fundamental. Não que devamos substituir todo o processo atualmente sendo utilizado ou trocar todas as atividades pelo uso do computador. Como Setzer diz e acredito todos os outro autores, não haveria o menor sentido substituir a brincadeira em grupo, o jogo de futebol, as atividades artísticas, mas também acredito que não se deveria deixar cada criança excluída deste mundo, sendo que daqui algum tempo todos terão computador em casa. Então de alguma forma esta criança estaria entrando em contato com o computador em casa o que poderia estar acontecendo de forma errada, se por outro lado, este aluno fosse preparado na escola de forma correta.
Setzer propõe que, no ensino médio, seja feita o ensino de computadores através de hardware e software.
Mesmo com as diversas opiniões contrárias a educação fundamental e do ensino médio não deve ignorar toda a tecnologia que lhe é provida. O que não se pode é substituir todo o contado pessoal e atividades físicas e sociais que deve haver com a criança e o jovem em substituição ao computador por exemplo. Devesse utiliza-lo com muito cuidado, talvez vendo-se estes pontos de criticas, como forma apenas para facilitar algumas atividades melhores. Exemplo: uma animação de soma em contraposição ao livro de ensino estático. Enfatizar diferença com o livro de historia. Utilização para criação de históricos.
Conseqüências que poderiam haver tanto na substituição total quanto na exclusão total da utilização do computador. Tambem sou da opiniao do professor sobre a ideia de ensinar o uso do computador aos poucos respeitando as fases da vida do indivíduo. Não deveria atropelar etapas. O que acontece hoje esta errado portanto. Escolas dao curso de computador sem a menor preparaçao, por exemplo. Os computadores vem sendo introduzidos nas escolas desde a década de 80 sem muito controle e muita preocupação com metodologias.
Deve-se tomar muito cudado na utlilização do computador, pois estamos numa sociedade muito dependente das máquinas. Deveríamos entendê-la, saber utilizá-la com muita preocupaçao e cuidado. Setzer [pag 100] alerta que os computadores " por serem máquinas abstratas". "máquinas estão restringindo a liberdade do ser humano pois estão sendo mal usadas.
As pessoas que ensinam e aquelas que planejam (organizam) as aulas não têm muita noção sobre como ensinar em cada nível, ainda mais pelo nível educacional que estamos vivendo hoje. Tentar colocar algum exemplo.
Serão apresentados idéias do livro "The Future of Information Technology in Education", escrito por Dr. David Moursund, autor de diversos artigos na área da teconologia na educação desde 1963. Foi presidente do Departamento de Ciência da computação da Universidade de Oregon de 1969 até 1975 e atualmente é professor na Universidade de Oregon. Em 1979, fundou o International Council for Computers in Education (ICCE), que virou a Interneational Society for Technology in Education (ISTE). O livro foi escrito em 9999
Este livro fala sobre o futuro da tecnologia da informaçao na educaçao K-12 dos EUA. Aborda aspectos sobre como a tecnologia da informação mudará e melhorará a educação. Um livro muito interessante para entender esta revolução toda ocorrendo com a tecnologia da informaçao e como se diz no livro na idade da informaçao é o livro x que se encontra online na Internet. Fala sobre o sistema educacional nos EUA mais especificamente na fase K-12
Da mesma maneira que o autor Phil Agre, o autor tem consciência em como o sistema educacional é uma instituição já fortemente arraigada e que são muito difíceis e resistente para mudanças. O autor acredita que estamos exatamente no início de uma quantidade de mudanças que acontecerão na educação devido ao constante progresso da tecnologia da informação.
Na introdução do livro, o autor coloca: "[...] our current educational system is not adequately preparing students for the "global village", Information Age world they will be living in as adults". Este aspecto abordado pelo autor parece ser uma característica do ensino mundial e, no Brasil, este se mostra com maior intensidade. Constantemente vê-se governos comprarem computadores para escolas de maneira, muitas vezes, somente com o intuito propagandistíco. Adiquirem centenas e milhares de computadores para preencherem salas de computadores. O que acaba ocorrendo?
Vejamos diversos fatos que ocorrem nas escolas do estado ou da prefeitura, na qual já venho conversadno com diversas professores a respeito e na qual já ministrei aulas de computação para capacitação de professores. Primeiramente, a quantidade de micros é insuficiente, pois salas de computação resumen-se a apenas uma unidade com cerca de 30 computadores e o número de alunos ultrapassa as centenas. Somando-se a este problema o número de professores é insuficiente e ainda mais não são capacitados convenientemente para sua área de atuação, quanto mais na área tecnológica. Nenhuma ou quase nenhuma preparação ou estudo fundamenta o aprendizado do computador nas escolas estaduais. São disponibilizados a alunos e professores como solução do problema educacional no Brasil, esquecendo-se do fato importante de tratar-se de uma nova tecnologia e de um novo conhecimento e sobre os quais ainda não se sabe os efeitos que resultarão da utilização dos computadores em fases diferentes do desenvolvimento, como argurmenta o professor Waldemar Setzer em seus artigos, como já discutidos anteriormente. Como minha experiência ministrei aulas de utilização do computador para professores do estado que concorrentemente a estas já vinham utilizando o computador nas suas aulas. Impressionei-me ao saber disto e verificar que professores não tinham a menor idéia do funcionamento do computador e de como utilizá-los de forma a aprimorar suas aulas. Perguntei-me, então, o que estaria acontecendo nas aulas com computador para seus alunos? Realmente, a situação atual está extremamente complicada e deve haver uma preocupação mais rigorosa quanto a preparação dos professores e também quanto as metodologias de ensino utilizadas. Acredito que se for para utilizar esta nova tecnologia e não saber passar suas qualidades pode funcinar como fator para provocar traumas e aversões ao computador formando um cidadão que não estará preparado para a nova realidade.
O sistema educacional corrente não está preparando os estudantes para este mundo globalizado e para esta idade da informação. A Tecnologia da Informação está em todo o lugar. Segundo o autor Moursund, a "Teconologia é uma boa ferramenta para ajuda no aprendizado".
Acredito que as escolas atualmente estejam vivendo com a tecnologia e com problemas ao mesmo tempo. Vejamos, escolas, na sua maioria, possuem computadores, mas não sabem utilizá-los adequadamente, não sabem extrair suas vantagens. Professores, por outro lado, não têm suficiente conhecimento técnico adquirido nem habilidades para lidar com estas novas tecnologias. Na visão do aluno e de seus pais uma boa escola seria aquela que tivesse mais informatizadas com cursos de computação e outros atrativos mais, ou seja, para a escola atrair alunos ela deveria proporcionar o maior número de atividades tecnológicas possíveis. Mas, como já vimos podemos caminhar contra um desenvolvimento insatisfatório se não houver esta preocupação. Contudo, surge uma dicotomia em relação aos computadores na escola e em casa. Cada vez mais há mais computadores nas casas das pessoas e de alguma forma crianças estão tendo contato com esta tecnologia. Então é a hora de haver uma preocupação séria quanto ao aspecto de saber lidar com o computador e com a Internet nas escolas, pois é lá que estaríamos aprendendo a manipular estas novas ferramentas que cada vez mais farão parte do nosso dia a dia.
Voltando um pouco ao tema educação à distância, acredito que muitas vantagens poderiam ser obtidas. Imagine a facilidade de acesso a informações, por exemplo, de alunos da região norte do país a partir dos grandes centros de estudo da região sudeste, a quantidade de conhecimento que poderia ser compartilhada tanto de um lado quanto do outro. Para o autor Moursund, a educação a distância traz mais competição no sistema educional e por consequência um maior desenvolvimento. Ele coloca como importante a necessidade do contato com o computador e a necessidade do conhecimento de ferramentas tecnológicas como processadores de textos e planilhas de cálculo, os benefícios que seriam obitidos com a interligação entre as escolas. Contudo, haveria a necessidade de uma adequação e preparação importante quanto ao conteúdo educacional e ao treinamento de professores.
Em seu livro, o autor Moursund apresenta algumas previsões sobre o futuro da educação devido ao avanço da tecnologia. A seguir enumero algumas destas previsões:
Em artigo publicado no dia 5 de agosto de 2001 na Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein escreve a respeito da expectativa das pessoas quanto as alterações no sistema educacional com a expansão dos computadores na sociedade. Conta sobre uma pesquisa realizada na semana anterior à publicação do seu artigo pela Escola do Futuro, laboratório de tecnologia educacional da USP, na qual 18% dos alunos de ensino superior da Universidade de São Paulo dizem acreditar que o professor teria seus dias contados devido ao fato de que não conseguiriam sobreviver às novas tecnologias. Alguns resultados da pesquisa mostram o quanto o sistema educacional está colocado em questão e o quanto a função do professor deve ser repensada. 62% dos entrevistados acreditam que muitas das aulas serão ministradas à distância, para 55% o aluno poderá montar o seu próprio curso, 55% acham primordiais a utilização de TV, vídeo e teleconferência e 41% dizem que as salas de aula não seriam mais representadas por um lugar físico.
O autor também expõe suas dúvidas quanto a utilização do computador desestruturadamente e sem nenhuma preparação na educação no seguinte fragmento: "É um equívoco imaginar que a universidade do futuro será aquela que melhor lidar com as máquinas. A boa escola será aquela que submeter seus alunos à maior quantidade possível de experimentações e pesquisas, nas quais o professor desempenhe o papel facilitador".
Conclusão
Estamos vivendo a maior revoluçaão na educação no mundo de todos os tempos. São inúmeros os problemas envolvidos em como utilizar o avanço tecnlógico no ensino fundamental e médio de maneira que a criança tenha a formação mais adequada sem prejudicar seu desenvolvimento e respeitando os limites de cada fase da vida.
Uma da principais metas da educação é desenvolver nas crianças e jovens a capacidade de imaginar e de criar mentalmente. Como o professor Setzer apresenta muito em seus artigos talvez esta seja o ponto mais crítico nesta nova fase da educação que o ensino fundamental passará, pois não se pode deixar que o computador realize todas as tarefas impedindo que a criança possa desenvolver toda a sua capacidade, considerando que esta fase da vida é a fase de formação de cada do ser humano.
Deve-se reavaliar com muito cuidado a função do professor em seu relacionamento com a escola, com os pais e com seus alunos. Não fará mais sentido estarmos vivendo um mundo dentro da escola e outro totalmente diferente fora dela, onde a vida caminha dinamicamente e com muita rapidez, adaptando-se a todas as mudanças da sociedade. Será um trabalho maior para o professor, que deverá encontrar formas de passar conhecimentos para seus alunos utilizando-se de toda tecnologia disponível.
Estamos vivendo a "Idade da Informação e da Comunicação" e a expressão "Global Village" criada por Marshll Mc Luham mostra-nos que devemos ficar muito atentos para tudo o que acontece ao nosso redor e a tecnologia da informação será a ferramenta que nos capacitará adequadamente.
O futuro da tecnologia da informação na educação é muito mais difícil para prever do que o futuro de uma maneira geral da influência da teconologia da informação em outras áreas. O sistema educacional não é facilmente alterado, pois trata-se de um sistema social complexo. Desta maneira, apenas daqui a alguns anos poderemos sentir realmente as mudanças.
Bibliografia