Desde o início da pandemia, atuamos no desenvolvimento de métodos numéricos e análises estatísticas que pudessem auxiliar o entendimento e controle da pandemia. Boa parte dos estudos dizem respeito a análises obtidas a partir de dados de mobilidade por geolocalização de celulares em conjunto com modelos matemáticos e estatísticos para compreensão e ação na pandemia. Tratam-se de trabalhos envolvendo uma extensa rede de colaboradores.
Dados de Mobilidade
- Sobre os dados de georreferenciamento de celulares (inloco)
- Índice de isolamento social para milhares de cidades brasileiras (Março-2020 a Março-2021)
- Análises de mobilidade entre cidades do Brasil obtidos com dados de geolocalização de celulares
Resultados Científicos
- Análises de risco para a disseminação da COVID-19 para municípios de SP e RJ baseadas em dados de mobilidade (Plos-ONE)
- O isolamento social e a dinâmica da pandemia (Cell Patterns)
- Evolução e disseminação da COVID19 do ponto de vista genômico e de mobilidade (Science)
- Fatores influenciando no espalhamento: estradas, disponibilidade de leitos (Nature Scientific Reports)
- Estratégias de controle ótimo para COVID-19 – Robot Dance (Euro J. Comp. Optimization)
- Attack rate em Manaus comparado com São Paulo (Science e Lancet)
- Caracterização e espalhamento da linhagem P1 de Manaus (Science)
- Vulnerabilidade social e racial em SP relativo à COVID-19 (BMJ – Global Health)
- Vibrações sísmicas e o isolamento social (Geophys. Res. Lett.)
- Dinâmica livre de escala (Fractal) da COVID-19 (Applied Mathematical Modelling)
Equipe, parceiros, colaboradores e agradecimentos
Dados de Mobilidade
Em boa parte dos estudos que realizamos, utilizamos dados da empresa Inloco, que em 2021 mudou para Incognia. A emprese oferece serviços de inteligência digital com base em informações da localização de usuários de aparelhos celulares. A empresa tem um grande cuidado com questões de privacidade (politica de privacidade) e abriu dados anônimos e agregados para pesquisas científicas na pandemia.
Como são coletados?
Os clientes da inloco/incognia são empresas de diversos ramos que instalam um módulo (Software Development Kit – SDK) em seus aplicativos de celulares para usarem tecnologias de localização da Inloco/Incognia. A gama de clientes durante o ano 2020 era muito grande, desde grandes varejistas, e-commerce, jogos, mídias digitais, entre outros, cobrindo milhões de aparelhos celulares e por períodos cobrindo mais de 1/4 da população do país. O usuário do aplicativo pode permitir ou não a funcionalidade de localização (não são coletados dados sensíveis!).
A precisão espacial/temporal é muito alta! Sendo possível localizar com precisão de poucos metros, mesmo em locais fechados.
Como os dados são processados?
Recebemos dados já anonimizados e agregados, em uma resolução de no máximo cerca de centenas de metros.
Isolamento Social
Em qual H3 mora? No hexágono onde a pessoa passou as última noites
Índice de Isolamento: Das pessoas que moram em um H3, mede percentual de pessoas que saiu desse H3 durante o dia.
Cidades e Estados são agregados de H3 nível 8.
Mobilidade
Medimos a mobilidade entre locais (geralmente trabalhamos apenas com mobilidade entre cidades) como contagens de viagens (trips).
Cada usuário registra uma sequência de pontos no espaço, que depende da frequência de coleta do app (que varia bastante!). Nós não recebemos trajetos completos, apenas origem e destino das várias viagens por usuários (sem identificação de que foi aquele usuário que fez aquela viagem).
Agregamos milhões de pares de origem vs destinos para calcular fluxos entre cidades.
Malhas H3 (https://h3geo.org/) são usadas na indexação espacial dos dados. Nos estudos usamos dados nos seguintes formatos:
- Isolamento Social (Quantas pessoas saíram de casa no dia?)
- Mobilidade entre locais (Quantas pessoas foram de A para B no dia?)
Essas medidas podem ser analisadas em diferentes níveis:
- Cidades
- Bairros (Hexágonos de nível 8, com aprox. 460 metros de largura)
- Estados, Micro-regiões, Regiões
Medidas de Isolamento Social
Painel com medidas de isolamento social por município para todos os estados do Brasil. Clique no mapa para acessar os dados!
A análise de isolamento social comparativa visa mostrar, dia a dia, como está a mobilidade social em cada cidade do país. O índice indica o percentual de pessoas que não saíram de casa no dia. Apresentamos 2 gráficos:
- Índice de isolamento social dia a dia e a média móvel semanal dos índices.
- Variação relativa do índice de isolamento social comparando com antes da pandemia: indica se a cidade está ou não se isolando socialmente em relação ao normal da cidade por dia da semana (relativo a Fevereiro de 2020).
Esta análise foi realizada com dados de mobilidade social obtidas de forma anonimizada pela empresa colaboradora In Loco. É importante ressaltar que estes dados não representam uma totalidade da população.
(Clique no estado e verá um mapa com uma análise do isolamento dos municípios do estado)
Isolamento Social
Análises de Mobilidade
Além do isolamento social, temos feito diversas análises considerando mobilidade entre municípios, vejam alguns videos. Novamente ressaltamos que as análises são realizadas com dados de mobilidade obtidas de forma anonimizada pela empresa colaboradora In Loco e que estes dados não representam uma totalidade da população.
Observe como há claras flutuações de intensidade da mobilidade alinhados com períodos de decretos de restrição de circulação de pessoas.
Esse tipo de análise permite visualizar os movimentos pendulares em grandes cidades, e como estes foram afetados (ou não!) por medidas de restrição de mobilidade.
Análise de risco baseado em mobilidade – Espalhamento no início da pandemia
Modeling future spread of infections via mobile geolocation data and population dynamics. An application to COVID-19 in Brazil – Plos One
Trabalho inaugural do nosso grupo mostrando o potencial espalhamento da COVID-19 nos estados de São Paulo e Rio e Janeiro (antes do espalhamento ter ocorrido!). PRE-PRINT (medrxiv) PUBLICAÇÃO (Plos One)
Aviso: Este model não pretende mostrar a quantidade exata de pessoas infectadas em cada dia, mas sim se propõe a capturar o padrão de espalhamento, que é usado para gerar as medidas de risco. Veja o artigo completo no link (em inglês apenas).
O isolamento social e a dinâmica da pandemia
Neste estudo, publicado na revista Patterns (Cell Press), discutimos relações entre dados de isolamento social e dados da dinâmica epidemiológica da COVID-19. O resultado é um panorama de como as implementações de restrições de mobilidade influenciaram a primeira onda em diversas cidades do Brasil. “A snapshot of a pandemic: The interplay between social isolation and COVID-19 dynamics in Brazil” (DOI)
Evolução da COVID19 do ponto de vista de mobilidade e genômica
Estudo do espalhamento da COVID19 no Brazil em relação à genômica do SARS-CoV-2. Esforço conjunto do CADDE e colaboradores gerando o estudo “Evolution and epidemic spread of SARS-CoV-2 in Brazil” (MEDRXIV , DOI), publicação na Science.
Fatores de espalhamento regional
Estudo sobre diversos fatores que potencialmente influenciaram no espalhamento da COVID-19 pelo país. Destaque para as rodovias, a disponibilidade de leitos (o efeito “bumerangue”) e um fator bem curioso: a incidência prévia de dengue no local. Estudo realizado em parceria com Miguel Nicolelis (Consórsio Nordeste/Duke) e colaboradores. O preprint foi dividido em dois artigos, um considerando a parte de espalhamento regional por mobilidade, publicado na Nature Scientific Reports, e o outro, com a parte da análise da dengue, foi fortemente modificada e incrementada e está em revisão em outra revista.
Robot Dance: controle ótimo da pandemia
Estudo sobre estratégia de controle ótimo de distanciamento social e compartilhamento de leitos baseado em uma rede complexa (usando rede de mobilidade). Colaboração com pesquisadores do CEPID-CeMEAI (Euro J. Comp. Optimization). Preprint, DOI
Attack rate em Manaus comparado com São Paulo
Colaboração com o grupo CADDE, e financiamento do Itau – Todos pela Saúde, o trabalho discute a diferença entre controlar ou não epidemia. Neste caso, Manaus é um exemplo de baixo controle da pandemia e São Paulo de controle maior. Os efeitos nas taxas de contágio são impressionantes! Mais detalhes no artigo “Three-quarters attack rate of SARS-CoV-2 in the Brazilian Amazon during a largely unmitigated epidemic”, Science, 2020. Veja também o comentário no Lancet, 2021.
Caracterização e espalhamento da linhagem P1 de Manaus
Estudo em parceria com o consórcio CADDE sobre a genômica da variante P1. O principal ponto da colaboração foi na análise do potencial espalhamento da variante pelo Brasil a fora. Pre-print, Science.
Vulnerabilidades Sociais e Raciais em SP
Trabalho investigando o impacto de desigualdades sociais e de raça na mortalidade por COVID-19 considerando efeitos de dificuldade de realizar o isolamento social, acesso a serviços de saúde e outros fatores. MEDRXIV, BMJ Global Health
Isolamento social e vibrações sísmicas
Estudo sobre as relações entre o distanciamento social e a redução das vibrações sísmica no Rio de Janeiro. Artigo em colaboração com IAG-USP e Observatório Nacional, em revisão na Geophys. Res. Lett.: “Using Seismic Noise Levels to Monitor Social Isolation: An Example from Rio de Janeiro, Brazil” (pre-print , published)
Dinâmica livre de escala (fractal) da COVID-19
Nesta colaboração liderada por pesquisadores Física (USP), estudamos o comportamento fractal da COVID-19 na cidade de São Caetano, resultando em um modelo que generaliza os clássicos modelos SIR. O artigo foi publicado na revista Applied Mathematical Modelling (Medrxiv, DOI).
Colaboradores, parecerias e agradecimentos – Thanks!
Equipe, Colaboradores e Entidades Parceiras:
- Colegas e alunos do Departamento de Matemática Aplicada do IME-USP: Sérgio Oliva, Cláudia Peixoto, Renato Vicente, Diego Marcondes (doutorando), Milena Oliveira (mestranda).
- InLoco, em especial o Afonso Delgado. Boa parte das pesquisas realizadas são essencialmente baseadas em dados de mobilidade fornecidos pela empresa, que tem sido uma parceira de primeira desde 2018, em estudos relacionados a dissiminação de dengue no país.
- Governo de Estado de São Paulo, via Patrícia Ellen e assessores (especialmente a Bárbara Régis) e Dimas Covas (diretor do Instituto Butantan), na confiança e parceria dentro do centro de crise do estado.
- Consórcio Nordeste, via Rafael Raimundo (UFPB) e Miguel Nicolelis (Duke).
- Observatório-COVID19-BR , em particular via Renato Coutinho (UFABC), Roberto Kraenkel (IFT-UNESP) e Paulo Prado (USP).
- CADDE, especialmente Ester Sabino (USP), Nuno Faria (Oxford/Imperial), e Rafael Pereira (IPEA), além dos alunos e outros pesquisadores envolvidos.
- COVID-RADAR, em particular o Sami Yamouni (Serasa) e Fabrício Vasselai (Michigan), além de outros pesquisadores envolvidos na iniciativa.
- CEPID-CeMEAI, em particular os pesquisadores Paulo Silva e Silva (UNICAMP), Luis Nonato (ICMC), Claudia Sagastizábal (UNICAMP) e Tiago Pereira (ICMC) na iniciativa RobotDance e outros.
- Itau – Todos pela Saúde, em particular nos projetos de revisão de Mortalidade (Paulo Lotufo – FM-USP) e no projeto de análise de imunidade de rebanho no Amazonas (Ester Sabino IMT-USP e CADDE).
- Diversos professores e pesquisadores da USP, muitos que participaram de discussões iniciais, incluindo o reitor Vahan Agopyan, o pró-reitor Carlos Carlotti e o Diretor do IME, Junior Barrera, por ajudar a estreitar a parceria com o governo do estado.
- Lorena Barberia (USP e Rede Pesquisa Solidária) e colaborades.
- Martin Schreiber (TU Munich) – Long-time collaborator, helped out on the parallelization of geocoding for mobility data, allowing coupled mobility analysis of the whole country.
- Mariana Pereira de Melo (Escola de Engenharia de Lorena – USP) e Cláudia Pio (UNESP)
- Helder Nakaya (FCF-USP)
- Sílvio Ferreira (UFV) e alunos Wesley Cota e Guilherme Costa
- Marcelo Assumpção (IAG-USP) e colegas no divertido cruzamento de isolamento com vibração sísmica.
- Airton Deppman (Física-USP) e colegas da física na análise “fractal” da covid-19.
- Raquel Rolnik (FAU-USP) e colaboradores
- LM|Assessoria Estatística e Laryssa Costa
- Vários outros pesquisadores que temos colaborado nessa empreitada da COVID-19!
Agências Financiadoras:
- FAPESP Jovem Pesquisador 16/18445-7 – e o servidor Ybytu
- CNPq (Bolsa Produtividade)