A vida imita o vídeo,
Garotos inventam um novo inglês,
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez.
—Somos Quem Podemos Ser, Engenheiros do Hawaii
Inglês e português são línguas diferentes. Não confunda uma com a outra. Por exemplo, não confunda
to return | com | retornar , |
to sort | com | sortear , |
to assume | com | assumir , |
to replicate | com | replicar , |
plant | com | planta , |
advice | com | aviso , |
journal | com | jornal , |
comprehensive | com | compreensivo , |
to rain | com | reinar , |
to freeze | com | frisar , |
to pick | com | picar , |
to pretend | com | pretender , |
to condone | com | condenar , |
to realize | com | realizar , |
to prevent | com | prevenir , |
to record | com | recordar , |
college | com | colégio , |
terrific | com | terrível , |
parent | com | parente , |
expert | com | esperto , |
eventually | com | eventualmente , |
casualty | com | casualidade , |
design | com | desenho . |
(Veja a página de falsos cognatos de Ricardo Schütz.)
É preciso ter cuidado ao traduzir termos técnicos do inglês para o português. Eu gosto de traduzir as coisas assim:
to return | devolver |
to sort | ordenar, classificar |
to assume | supor |
to replicate | reproduzir, copiar, repetir |
plant | fábrica |
advice | conselho |
journal | revista, diário |
comprehensive | abrangente |
É absurdo importar termos do inglês quando existem palavras correspondentes no português:
to delete | deletar, apagar, remover, eliminar |
to check | checar, verificar, conferir |
Mas é razoável introduzir um neologismo quando não existe uma boa tradução para o português. Exemplos:
layout | layout, leiaute |
software | software |
(A propósito, não use software
no plural.
Dizer
Instalei softwares no meu computador
tem o mesmo sabor de
Crio gados na minha fazenda
.
A expressão os softwares desse computador
tem o mesmo sabor que
as águas dessa garrafa
e
os dinheiros na minha carteira
.)
Veja o que diz Umberto Eco sobre o uso de palavras estrangeiras:
[...] Pode-se, quando muito, influenciar o uso, e é essa a função dos escritores e da mídia. Um bom uso mostra-se pela flexibilidade com que a palavra estrangeira é aceita, se necessária. Todas as línguas estão repletas de palavras estrangeiras que foram naturalizadas. Os franceses dizembravo,sushieallegro ma non tropo; os ingleses dizempizzaevis-à-vis. [...] Não concordo, por exemplo, com os franceses quando dizemlogicielem vez desoftware, porque a oposiçãosoft-hardse tornou internacional e as pessoas se entendem muito bem usando essas palavras. Um dia, porém, ouvindo uma rádio francesa, notei que usavam a palavrajob, quando há três palavras em francês para trabalho:emploi,travail,boulot. Existem, portanto, empréstimos que são úteis, comosoftware; outros são espúrios, comojob, e é preciso combatê-los. Os jornais italianos dizem com frequência que Untel pegou apole position, um termo inglês inútil, pois se pode dizer perfeitamente que ele pegou o primeiro lugar ou qualquer coisa parecida. Certa vez, li num jornal que Untel tinha conseguido apool position. Ele devia estar, então, na piscina!
(Entrevista publicada n'O Estado de São Paulo de 9/5/1999.)