Instituto de Matemática e Estatística
    À Comissão de Graduação do Departamento de Ciência da Computação
    Críticas e Sugestões sobre a disciplina MAC 300
 

    Este documento procura expor a opinião dos alunos sobre o curso de Métodos Numéricos de Álgebra Linear (MAC 300), ministrado pelo professor Julio Michael Stern no segundo semestre de 1999. Tem como objetivo demonstrar a insatisfação dos alunos com a matéria e, principalmente, com o método de ensino do professor Stern.
 

1. Sobre as aulas e o sistema de ensino

  Todo o conteúdo das aulas foi baseado em uma apostila, de autoria do próprio professor. Essa apostila é bastante abrangente, estendendo-se a assuntos além do programa previsto para o curso; assim, procura apresentar seu conteúdo de maneira resumida, servindo como um bom instrumento de referência.

  Dessa maneira, as aulas deveriam ter sido elaboradas de forma independente, utilizando essa apostila apenas para consulta. Pelo contrário, as aulas acrescentaram muito pouco ao entendimento da matéria: pessimamente preparadas, aparentemente elaboradas a partir da apostila no próprio horário da aula.

  Nós sentimos um certo descaso do professor em relação ao aproveitamento do horário de aula. Normalmente, as aulas duravam cerca de uma hora e quinze minutos, marcadas pelas constantes consultas do professor a seu relógio de pulso; além disso, eram freqüentemente interrompidas pelo toque de seu telefone celular. Apesar de tudo, o professor se mostrou bem disposto a esclarecer as dúvidas dos alunos durante a aula.
 

2. Sobre o sistema de avaliação

  Ao contrário do que normalmente é feito pelos professores, o critério de avaliação não foi divulgado no começo do curso. Primeiramente, o professor comentou que seriam realizadas duas provas, com 48 horas de duração: a prova seria distribuída na terça, e deveria ser entregue na quinta.

  Nos primeiros meses do curso, foram passadas diversas listas de exercício, cerca de uma por semana, para nota. Chegamos a nos perguntar quem iria corrigir cinqüenta listas por semana, já que não havia monitor na disciplina.

  Como fazer uma lista de exercícios por semana estava ficando cada vez mais complicado, alguns alunos conversaram com o professor para tentar mudar o sistema de exercícios, e melhorar o curso como um todo. Houve grande disposição do professor em ouvir educadamente às nossas reclamações; nesse ponto, ele nos pareceu bastante razoável.

  Após essa conversa, muitos alunos notaram uma certa melhoria nas aulas. E, para surpresa de todos, o professor não apenas diminuiu o número de listas de exercício, mas parou completamente de passá-las. Então, o critério de avaliação mudou: seriam duas provas e dois projetos, e as listas de exercício (já feitas) simplesmente não valeriam nada.

  Ao final do semestre, o critério de avaliação foi finalmente divulgado - ou melhor, determinado. Como o professor ainda não havia se posicionado quanto ao peso das provas e EPs, tivemos uma conversa. Explicamos que precisaríamos saber o critério para planejar o final do semestre - ninguém sabia as notas das provas, nem se havia risco de ficar de recuperação. Ele então explicou o que pretendia fazer: determinar o critério após a entrega dos EPs, para escolher o que favorecesse à maior parte dos alunos. Mesmo assim, insistimos para que o critério fosse divulgado, pois consideramos a atitude do professor como improdutiva e principalmente desonesta.

    Quanto à correção das provas, o Professor não pareceu dar muita importância. Notamos bastante disparidade nas notas: muitos alunos que julgavam ter ido bem foram mal, e vice-versa. A lista de notas demonstra isso: cerca de 38 foram alteradas depois da revisão de provas.
 

3. Sobre o curso

   O assunto tratado na matéria está longe de ser trivial; além disso, por ser um curso ministrado pela primeira vez, mereceria o acompanhamento dos responsáveis pela elaboração do currículo, o que não ocorreu. Como conseqüência, o curso sofreu de diversas falhas que comprometeram o aprendizado. Assim, sugerimos que esta e qualquer outra matéria  que for dada pela primeira vez receba maior atenção dos organizadores do  currículo.

  Durante todo o curso, percebemos a importância do estudo da Teoria de Grafos para a compreensão das aulas. Muitos algoritmos, como o de Tarjan, Húngaro e o de dissecção para matrizes simétricas, necessitam da aplicação de conceitos relacionados a grafos e poderiam ser melhor aproveitadas se fossem discutidos com alunos que já a cursaram.

  Esta primeira turma foi bem heterogênea: alunos de 98, pertencentes ao currículo novo, e outros de 97, que pediram alteração de currículo ou a cursaram como optativa. Assim, pudemos perceber que aqueles que a cursavam juntamente com Grafos, ou que já cursaram esta matéria, possuíam ferramentas e conhecimentos que facilitavam o trato com a matéria MAC-300. Isso demonstra que a organização dessas duas matérias no currículo novo merece uma reavaliação, já que o estudo de Grafos é feito a posteriori.
 

4. Propostas

  Sugerimos que o professor procure melhorar a qualidade das aulas, o material didático, o sistema de avaliação e a assiduidade aos plantões de atendimento aos alunos na próxima disciplina que ministrar na Universidade. Acreditamos que, estando numa universidade pública sustentada pelo dinheiro de muitos trabalhadores brasileiros, tanto alunos como professores devem procurar dar o melhor de si.

  Em um ano em que alguns dos principais focos de discussão no instituto foram a qualidade do curso e os índices de reprovação em diversas matérias, é imperativo que todas estas observações sejam consideradas. A bem sucedida reunião, realizada entre professores e alunos, (que infelizmente não contou com a presença do professor Julio Stern) mostrou que realmente existe um grande interesse por parte de ambos os lados em melhorar cada vez mais o curso. Assim poderemos tornar as matérias mais interessantes e diminuir os índices de reprovação.


* Escrita em 28 de fevereiro de 2000

* Página Principal

^Z