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Comentários finais sobre o excelente momento



Caros Redistas,
Tento aqui reduzir o espaço de restrições induzido pelo meu
colega Luís Paulo(pessoa que tenho elevada estima e apreço) e, também, minimizar a função objetivo pessimista do meu amigo
José Carvalho, em relação à minha mensagem “Um excelente momento para a Estatística”.
Eu fiz um paralelo entre os salários dos docentes das federais entre os anos 70 e os dias atuais, mostrando que hoje os salários são melhores apesar das dificuldades que enfrentamos no País. Excluí as estaduais paulistas, pois nada sei sobre os seus
salários nos anos 70.
Primeiro, gostaria de salientar que fazer um doutorado em Estatística nos anos dourados no exterior era uma tarefa muito
difícil e isso, na maioria das vezes, só acontecia quando as pessoas estavam perto dos 30 anos. A nossa geração (do milagre econômico) constituia família cedo e depois ia tentando ver as exíguas opções de doutorado. Como não havia grupos em
Estatística no País consolidados, alguns aventureiros iam
para o exterior, sendo que a grande maioria para os EUA e uma pequena minoria de desavisados para a Inglaterra. Minha experiência em Londres (leia-se Imperial College) foi a pior possível, pois morava mal, sofri preconceitos diversos, ataques sorrasteiros de pelo menos 8 (oito) almas sebosas, vivia
diariamente sob pressão e nunca recebi qualquer ajuda
científica na pesquisa da tese. Pelo contrário, as idéias que
me passaram não conduziram a nada e só fiz perder meu tempo.
Nos dias de hoje, fazer um doutorado em Estatística no País é
uma tarefa EXTREMAMENTE MAIS SIMP0LES E PRAZEIROSA. Agora,
os grupos de pesquisa aqui estão perfeitamente consolidados.
Os brasileiros orientadores (de excelente nível, diga-se de passagem) são paternalistas, dão excelentes dicas e ajudam
durante toda a tese. Ademais, apóiam o orientando nas barreiras (extra academia) que surgem. Atualmente, as pessoas terminam o doutorado bem mais cedo (menos de 30 anos) e constituem
família após (e/ou durante este curso) diferentemente da nossa época. Meus caros Luís Paulo e José Carvalho: além dos
salários, as coisas hoje são bem melhores para os estatísticos
do País do que na nossa época. Podem ter certeza disso como
2+2=4!
Finalmente, como o José Carvalho colocou a prestigiosa Clínica Mayo como uma das suas opções nos anos 70, eu gostaria, também,
de dizer que em 1974 – com apenas 22 anos -, eu passei em
primeiro lugar no Brasil inteiro no concurso para engenheiro júnior da Petrobrás. Deixei um salário de CR$ 7500,00 por
mês (17 salários por ano mais plano de saúde extensivo à família) para fazer mestrado em Pesquisa Operacional na COPPE com bolsa mensal do CNPq de Cr$ 2400,00 porque QUERIA SER CIENTISTA e não capataz de alto nível. Minhas filhas hoje vivem a me dizer que
eu tomei uma decisão errada.
Cordiais Saudações,
Gauss Cordeiro