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Estatística



Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL98231-5604,00.html

04/09/2007 - 16h05 - Atualizado em 04/09/2007 - 16h19 

Um bom estatístico tem que ser um bom comunicador

Profissional trabalha com situações de incerteza, tomando decisões. 
Ele precisa saber se comunicar para transmitir os resultados das
pesquisas.

Você já parou para pensar por que o seguro do carro de um jovem de 20
anos é bem mais caro do que o seguro do pai desse jovem? E como é que
uma pesquisa eleitoral consegue apontar corretamente o que pensa a
maioria dos eleitores? E como a Companhia de Engenharia de Tráfego de
São Paulo sabe quando é necessário implantar o rodízio de veículos? 

A resposta é simples: por trás de todas essas perguntas está a
estatística, que nada mais é do que um conjunto de técnicas e métodos de
pesquisa que nos ajuda a lidar com situações sujeitas a incertezas. "O
estatístico, em geral, trabalha tomando decisões. Ele é o responsável
por um levantamento que vai te dar argumentos para que você possa tomar
a decisão correta", explicou Dóris Satie Fontes, coordenadora geral do
Conselho Regional de Estatística da 3ª Região. 

As áreas de atuação do estatístico são bastante variadas. Eles podem
trabalhar nas seguintes áreas:

      * Indústria (na melhoria da qualidade de produtos, avaliação das
        reações do consumidor); 
      * Demografia e saúde (atuando em pesquisas da evolução
        populacional, novos remédios, tratamento de doenças); 
      * Pesquisas científicas (em universidades, como professores e
        consultores); 
      * Recursos humanos (desenvolvendo planos de avaliação e
        desempenho, planos de previdência complementar); 
      * Pesquisas de opinião (para empresas que vão lançar novos
        produtos, pesquisas eleitorais) 
      * Setor financeiro (em bancos, fazendo análise de bancos de dados,
        previsões econômicas, avaliando riscos de investimentos). 

Muitos cálculos e matemática

Segundo o professor José Matias de Lima, coordenador do curso de
estatística da Escola Nacional de Ciências Esatísticas (Ence),
instituição federal mantida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a procura pelo curso de estatística é muito baixa.
Para ele, a falta de informação e o medo da carreira são os principais
responsáveis por esse quadro. 

"Há uma carência muito grande de profissionais habilitados na carreira.
As pessoas têm medo de cursar estatística. Muitos pensam que é preciso
ser um matemático nato e isso não é verdade. Claro que a carreira está
fundamentada em cálculos, matemática e informática, claro que o aluno
tem que ter afinidade com essas áreas, mas não é preciso ser um mestre",
afirmou o professor Matias.

Segundo Matias, o ciclo básico da graduação é "o que pega". "O curso de
estatística é um curso pesado, o aluno tem que se dedicar muito porque
nos primeiros anos [ciclo básico] há muitas disciplinas de cálculo,
álgebra linear, computação, estatística, probabilidade. Se o aluno
passar do ciclo básico, ele termina a graduação", disse.

A professora Laura Rifo, coordenadora associada do curso de estatística
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concorda. "É no primeiro
ano de curso que o aluno vai descobrir se ele quer mesmo ser um
estatístico. Ele terá contato com muitas disciplinas de cálculo,
estatística, técnicas de amostragem. Se ele não tiver afinidade com
exatas, ele não continua no curso", disse.

Bom comunicador

Segundo os profissionais ouvidos pelo G1, o ideal é que o aluno de
estatística tenha aptidões para ciências exatas, goste de desafios, de
informática, de trabalhar em equipe e, principalmente, que seja um bom
comunicador. "O bom estatístico não pode ser uma pessoa calada. Ele vai
sempre trabalhar em equipe e precisa ser um bom comunicador para
traduzir para o bom português termos muito técnicos de pesquisa", disse
Dóris.

"O estatístico vai trabalhar com informações muito técnicas e precisa
saber transmiti-las para o leigo. Não adianta nada ele fazer uma super
pesquisa e não saber repassar isso de forma clara para o cliente",
alertou Matias.

"De fato, o profissional precisa saber se comunicar. Ele vai descobrir
alternativas metodológicas e precisa saber levar para frente essa
análise para os leigos", finalizou a professora Laura.   

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL98579-5604,00.html

04/09/2007 - 16h05 

Dos 27 cursos de estatística do país, 23 são públicos

De acordo com especialistas, curso tem alto índice de evasão.
Isso desinteressaria a oferta em instituições particulares.

Dados do Ministério da Educação (MEC) apontam que há 27 universidades
que oferecem o curso de estatística no país, sendo que 23 delas são
públicas (a maioria federal). Na opinião de especialistas consultados
pelo G1, a concentração dos cursos de estatística nas universidades
públicas acontece porque a procura pela carreira ainda é baixa e o
índice de evasão é muito alto e, portanto, não seria interessante para
uma instituição privada oferecer e manter essa graduação.

Segundo o professor José Matias de Lima, coordenador do curso de
estatística da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), somente
cerca de 35 dos 120 alunos que entram no curso de estatística anualmente
concluem a graduação. "Entrar no curso é relativamente fácil, pois a
concorrência é pequena. Mas muitos alunos que entram não têm o perfil e
não conseguem acompanhar uma carreira de ciências exatas, que incluem
muitas disciplinas de cálculos, física, matemática. Eles desistem ainda
no primeiro ano", avalia o professor.

A taxa de evasão também é alta na Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Segundo a professora Laura Rifo, coordenadora associada do
curso de estatística, metade dos alunos não termina a graduação. "Muitos
alunos colocaram estatística como segunda opção de curso e quando
começam a graduação sentem dificuldades. É preciso estudar muito, fazer
muitos exercícios, gostar de cálculos", disse.

Segundo Dóris Satie Fontes, coordenadora geral do Conselho Regional de
Estatística da 3ª Região, estima-se que haja entre 8.000 e 9.000
estatísticos no país. O número toma como base o Censo 2000 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontou que havia 5.300
profissionais da área no Brasil. A maior parte dos profissionais está
concentrada nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Mercado de trabalho

De acordo com os profissionais ouvidos pelo G1, o mercado de trabalho
para o profissional de estatística está em constante expansão e é
bastante promissor. Não há um piso salarial definido para a categoria,
mas paga-se relativamente bem para um recém-formado. "Um recém-formado
que vai trabalhar no sistema financeiro, por exemplo, começa ganhando um
salário em torno de R$ 3.000. Isso é muito bom perto de outras
carreiras", afirmou Dóris. Segundo ela, com dois anos de carreira esse
profissional pode passar a ganhar até R$ 5.000. 

Apesar de haver poucos cursos de estatística no país, Dóris acredita que
a formação do profissional seja muito boa, por isso eles são tão
valorizados no mercado de trabalho. "Como a maior parte das
universidades que oferecem o curso de estatística é pública, acho que
ainda é possível manter uma boa qualidade de ensino. Posso afirmar com
certeza que praticamente todos os recém-formados saem da faculdade com
emprego garantido", disse Dóris.
 
ONDE ESTUDAR ESTATÍSTICA TIPO DE UNIVERSIDADE
Universidade Federal do Pará (PA) Pública
Universidade Federal do Amazonas (AM) Pública
Escola Superior de Estatística da Bahia (BA) Particular
Universidade Federal da Bahia (BA) Pública
Universidade Federal de Pernambuco (PE) Pública
Universidade Católica de Pernambuco (PE) Particular
Universidade Federal de Sergipe (SE) Pública
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (RN) Pública
Universidade Federal do Ceará (CE) Pública
Universidade Federal da Paraíba (PB) Pública
Universidade Estadual da Paraíba (PB) Pública
Universidade de Brasília (DF) Pública
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (RJ) Pública
Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ) Pública
Universidade Federal Fluminense (RJ) Pública
Escola Nacional de Ciências Estatísticas (RJ) Pública
Universidade Federal do Espírito Santo (ES) Pública
Universidade Estadual de Campinas (SP) Pública
Universidade Federal de Minas Gerais (MG) Pública
Universidade Estadual Paulista (SP) Pública
Universidade Federal de São Carlos (SP) Pública
Centro Universitário Capital (SP) Particular
Universidade de São Paulo (SP) Pública
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS) Pública
Instituto Superior Tupy (SC) Particular 
Universidade Estadual de Maringá (PR) Pública
Universidade Federal do Paraná (PR) Pública

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL98097-5604,00.html

04/09/2007 - 16h06 

"Uma boa pesquisa estatística não pode ser um jornal velho"

Segundo a diretora do Ibope, o desafio é mostrar resultados de modo mais
rápido.

Ela conta que a profissão não tem rotina e trata com pessoas e assuntos
diferentes.

Márcia Cavallari, diretora-executiva de atendimento e planejamento do
Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope)
Inteligência tem muita história para contar. Formada em estatística pela
Universidade de São Paulo (USP) há 27 anos, ela confessa ser apaixonada
pela profissão, porque não há rotina e lida com vários assuntos. Leia
abaixo trechos da entrevista concedida ao G1.

G1 - Como surgiu o gosto pela estatística? Havia alguém da sua família
nessa área?

Márcia Cavallari - Não, eu não tinha nenhum parente trabalhando em
estatística. Na verdade, sempre gostei muito de matemática. Quando eu
cursava o colegial [atual ensino médio] fiz um teste vocacional e ele me
direcionou para a área de exatas. Prestei vestibular na USP para o curso
de matemática porque, naquela época, ele era comum para cinco grandes
áreas: matemática pura, aplicada, licenciatura, estatística ou análise
de sistemas. Só depois do primeiro ano você decidia o que realmente
queria cursar. Me apaixonei pela estatística, segui essa carreira e me
formei em 1981.

G1 - Qual foi seu primeiro emprego? 

Márcia - Quando ainda estudava, fiz estágio no Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT). Depois de formada, fiquei mais um tempinho
trabalhando lá. Passei a me identificar com a área de pesquisas e passei
a procurar emprego nesse ramo. Logo depois, fui contratada pelo Ibope,
onde estou até hoje. 

G1 - Hoje você é diretora-executiva do Ibope Inteligência. Qual foi sua
primeira função na empresa? 

Márcia - Comecei trabalhando com amostras de pesquisas eleitorais e de
mercado. Na época, a função era criar a metodologia e as diretrizes para
que a informação fosse coletada de forma a representar a população como
um todo, mesmo que em pequenas amostras.  
 
G1 - Em algum momento você pensou em desistir da carreira?

Márcia - Nunca. Sempre gostei demais da profissão. É como um jornalista:
a gente não tem rotina, todos os dias lidamos com coisas diferentes, com
pessoas e universos diferentes. Além disso, freqüentemente estudamos
novas metodologias de pesquisa para ofercer o resultado com maior
rapidez. Uma boa pesquisa estatística não pode ser como um jornal velho.
A opinião pública muda facilmente de um dia para o outro, e nosso
desafio é fazer pesquisas sobre o assunto do momento de forma rápida e
precisa, antes que os resultados fiquem velhos.

G1 - Como vocês definem o tamanho de uma amostra para uma pesquisa?

Márcia - É importante que as pessoas saibam que o tamanho da amostra não
está diretamente relacionado com o tamanho do universo que está sendo
pesquisado. Por exemplo: se eu fizer uma pesquisa sobre determinado
assunto com duas mil pessoas em uma cidade, num estado ou no país
inteiro, eu chego no mesmo resultado, com a mesma precisão. O que define
o tamanho da amostra a ser entrevistada é o grau de precisão (margem de
erro) que você quer em uma pesquisa. 100% de precisão você não chega
nunca porque você não entrevista todo mundo. Mas, atrás disso, existe
uma fórmula, além de técnicas que orientam a encontrar o melhor método.
A escolha de pessoas para uma pesquisa nunca é aleatória.

G1 - Qual foi a pesquisa mais difícil que o Ibope realizou?

Márcia - Não posso citar o nome do cliente, mas, uma pesquisa bastante
difícil e complicada foi da área de saúde pública. Era uma pesquisa
longa, com várias questões e, além disso, tinha que medir a altura,
pesar e coletar o sangue do entrevistado. Foi uma pesquisa nacional que
envolveu muitos recursos e teve uma logística complicada porque os
equipamentos usados eram complexos [para coletar e armazenar o sangue,
por exemplo]. Acho que demoramos uns nove meses para concluí-la.

G1 - E teve alguma pesquisa muito legal de ser feita?

Márcia - Ah... tem uma série de pesquisas legais, depende muito do tema.
Uma bem recente e que foi muito legal é a pesquisa "Nossa São Paulo é
outra cidade", que avaliou a qualidade de vida, como o entrevistado
enxerga a cidade de São Paulo, quais são os seus sonhos, quais são seus
pesadelos. Essa foi uma pesquisa qualitativa, que usou técnicas da área
de psicologia. Um exemplo de pesquisa quantitativa foi uma sobre como a
falta de segurança afeta os hábitos das pessoas.

G1 - E como surge uma pesquisa no Ibope? Sempre a pedido de empresas ou
o Ibope faz levantamentos por conta própria?

Márcia - Na maioria das vezes um cliente solicita uma pesquisa para a
gente. De vez em quando o Ibope faz pesquisas por iniciativa própria
sobre assuntos que a gente acha que são importantes e que merecem uma
avaliação popular. 

G1 - Já aconteceu de o resultado de uma pesquisa dar errado?

Márcia - Já sim. O que a gente mede é a opinião das pessoas e a opinião
é muito volúvel. Hoje você acha uma coisa e amanhã você mudou de idéia.
No contexto eleitoral, por exemplo, as mudanças de opinião são muito
rápidas e a pesquisa eleitoral é a única que você pode confrontar o
universo pesquisado com o resultado final [porque alguém vai ser
eleito]. As outras pesquisas você não tem como saber se deu certo ou
errado. Além disso, as amostras que utilizamos levam em consideração
dados oficiais. Se eles não estiverem atualizados, podem levar ao
resultado errôneo de uma pesquisa. Isso é o que chamamos de "erro não
amostral", porque a falha está na base de dados.

G1 - Na sua opinião, qual o perfil de um bom estatístico?

Márcia - O bom profissional é aquela pessoa antenada com as coisas que
acontecem ao seu redor. É uma pessoa que gosta das coisas novas e que
não gosta da rotina. Ele tem que ter iniciativa e ser um bom
comunicador. Matemática é a base da estatística, mas não adianta ser um
ótimo matemático se você não sabe transmitir numa linguagem de leigo
tudo aquilo que você pesquisou.

--
Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
Departamento de Estatística          fax:   +55-81-21268422
Universidade Federal de Pernambuco   e-mail: cribari@de.ufpe.br
Recife/PE, 50740-540, Brazil         http://www.de.ufpe.br/~cribari

     Fett's Law: Never replicate a successful experiment.