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Sobre a pesquisa estatística e seu financiamento



Caros, 

Eu tive a oportunidade de participar dos CAs de Matemática e Estatística
do CNPq e da CAPES e também do Conselho Superior da FACEPE, aqui no
Recife. Foram experiências muito positivas para mim. Não é segredo que
há escassez de recursos de financiamento à pesquisa e à pós-graduação.
Alocar recursos escassos, avaliar solicitações de colegas e avaliar os
desempenhos de programas de pós-graduação não é tarefa fácil. Aprendi
muito nessa jornada e espero ter servido adequadamente aos órgãos de
fomento que me confiaram o encargo e à comunidade científica. 

No que pertine à Estatística no contexto em pauta, acho, como afirmei,
que a discussão que se inicia é muito oportuna. Não acho que seja
edificante tecermos comparações com outros debates; cada discussão tem o
seu mérito e elas não são excludentes. Ademais, o que é mais relevante
para uns pode não ser para outros. 

O que eu posso afirmar sobre o CA-MA do CNPq, em particular, é que todos
os julgamentos dos quais participei foram extremamente meritórios. Não
me recordo de nenhuma rusga nesse sentido, incluídas aí todas as
discussões e deliberações que tiveram lugar no âmbito do Comitê. A
Matemática brasileira está num estágio bastante avançado e estar ao seu
lado tem efeitos positivos. Não somos uma área da Matemática; apenas
coexistimos no mesmo CA do CNPq e da CAPES. 

Participei de um julgamento de solicitações de auxílio universal em que
houve muita luta do CA para que o maior número de pedidos fosse
aprovado, mesmo havendo cortes orçamentários. Tivemos muito sucesso no
que tange a esse objetivo, o que somente foi possível com o apoio da
Matemática. O mesmo vale para promoções de nível de muitos pesquisadores
de nossa área. 

Penso ainda que num colegiado amplo e meritório como o CA-MA do CNPq há
muito pouco espaço para argumentações e atitudes corporativistas. Não há
espaço para benefícios a colegas de departamento ou de área de pesquisa
nem espaço para julgamentos abstratos norteados por opiniões pessoais
sobre a relevância de certas pesquisas em detrimento de outros
pesquisadores e/ou áreas de trabalho. Temo que um ambiente colegiado
menor e menos diversificado seja mais propício a tais atitudes. 

No que tange especificamente à nossa relação com a Probabilidade, acho
importante que haja rodízio de representações no CA-MA do CNPq entre as
duas áreas, ao menos enquanto contarem com apenas uma representação.
Sempre defendi essa posição. Houve uma discussão incipiente sobre a
solicitação de ampliação do CA-MA para que contasse com representações
das duas áreas. Acho que ela deveria ser retomada. É importante lembrar
que o atual representante é da área de Probabilidade, mas que os últimos
quatro representantes que o antecederam foram da Estatística. Confesso
que vi muitos poucos estatísticos defenderem tal rodízio. Uma área não
pode pretender excluir a outra de uma posição que objetiva representar
ambas. 

Espero que o debate prossiga e que seja frutífero. Abraços,

FC

--
Francisco Cribari-Neto               voice: +55-81-21267425
Departamento de Estatistica          fax:   +55-81-21268422
Universidade Federal de Pernambuco   e-mail: cribari@de.ufpe.br
Recife/PE, 50740-540, Brazil         web: www.de.ufpe.br/~cribari/

 The best way to get rich quickly from probability theory is to
 find someone who knows less about it than you do. --John Haigh