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Re: RES: [ABE-L]: Re:RES: [ABE-L]: Comparação de pesquisas eleitorais com os resultados das eleições






Jose F. de Carvalho
Statistika Consultoria
+55-19-3236-7537




Wed, 22 Oct 2008 18:40:54 -0300, "Fernando Moura" escreveu:

Os professores Renato e Luiz Sergio colocaram muito bem a questao. Na verdade a amostragem probabilistica nao e a  unica opcao para se obter  estimativas de parametros de interesse numa populacao finita. Da mesma forma que na inferencia usual assumimos um modelo  tipo  "amostra aleatoria de uma distribuicao X", podemos realizar inferencia em populacoes finitas via modelos ("model-based approach to finite population").

Por exemplo, para uma amostragem por cotas, a hipotese de que os valores sao "permutaveis"  em torno de uma mesma media  comum no pos-estrato, resulta na mesma inferencia pontual obtida pela amostragem probabilistica (com outra interpretacao). Ver meu livro do SINAPE (Estimacao em Pequenos Dominios) para mais detalhes. Outras hipoteses, levaram a outros estimadores.

Sem sombra de duvida,  o "modelo de permutabilidade"  pode  nao ser  adequado. A dificuldade reside em propor um outro modelo mais realista  e  conseguir estimar os parametros do mesmo. Mas esta e uma dificuldade tambem presente na inferencia usual. Quem pode garantir  que temos uma   "amostra  aleatoria da distribuicao X" ? Ninguem discute a validade desta hipotese.

Alem disso, existe um tipo de erro muito mais importante,  principalmente  nas pesquisas eleitorais, que ninguem da atencao. O erro nao amostral (informacao incorreta, mudanca de voto e etc). As eleicoes americanas e um exemplo claro da importancia deste tipo de erro. Deveriamos, entao,  modelar tambem esta fonte adicional de erro.

Portanto meus caros colegas, a amostragem probabilistica e sempre desejavel, mas nem sempre possivel. Alem disso, nao cuida de todas as fontes de erro. Se quisermos ser mais realista, deveriamos tambem modelar toda fonte adicional de erro. Contudo, sei que  e uma tarefa dificil  sem informacao a priori.

Um abraco a todos

Fernando Moura

 

 


> -----Mensagem original-----
> De: Renato Martins Assuncao [mailto:assuncao@est.ufmg.br]
> Enviada em: quarta-feira, 22 de outubro de 2008 17:00
> Para: abe-l@ime.usp.br
> Assunto: [ABE-L]: Re:RES: [ABE-L]: Comparação de pesquisas eleitorais com os resultados das eleições
>
>

> E' o caso do copo semi-cheio ou semi-vazio.
>
Muitas pesquisa sao manipuladas com ma-fe. Vou ignorar este problema
>
nao tecnico.
>

> Das demais, o processo de amostragem das pesquisas eleitorais nao tem fundamento cientifico. OK. Mas alguem precisa faze-las, sociologos, economistas ou estatisticos.
>
Existe demanda, havera oferta. E existe uma imensa demanda:
>
os candidatos, os jornais, a TV, a populacao, etc.
>
Todo mundo quer saber MESMO que COM ERRO GRANDE qual e' a situacao.
>
E' uma imensa fonte de recursos financeiros para os estatisticos: empregos e
>
(sonho meu) estatisticos que decidam ser empresarios e criem suas empresas.
>

> A pesquisa bem feita e' a probabilistica que tem custos tao elevados
>
em termos de homem-hora que e' impossivel ser feita na pratica. Inviavel.
>
Os demandantes entao, muito pragmaticamente, preferem as pesquisas
>
mal feitas, com margens de erro ficiticias, mas que trazem alguma
>
informacao (especialmente via a compracao
>
de resulytados de institutos rivais) do que ficar completamente no escuro.
>

> O que os estatisticos nao podem fazer e' simplesmente dizer
>
que nao se pode fazer desse jeito. Que o unico jeito
>
e' a pureza da amostra probabilistica.
>
Poxa, temos um problema aqui, uma oportunidade para
>
os estatisticos que sao ambiciosos e que trabalham com amostragem.
>

> O erro nao pode ser calculado pelos metodos usuais (probabilistico)?
>
Leve o problema pros engenheiros. Eles definiriam uma metodologia qualquer
>
que parece razoavel (como a do nosso colega Apolo Santos),
>
calculariam erros EMPIRICOS baseados em  pesquisas de ultimos dias em
>
varios locais onde a metodologia e' aplicada, usariam reamostragem,
>
experimentos dividinod a amostra em duas e tirando a diferenca (que deve
>
ter media zero e Variabncia = 2 * variancia das pesquisas-metada),
>
analises estatisticas do conjunto de pesquisas, e
> de varios instutos e terminar com uma margem de erro EMPIRICA que englobe o
>
erro de SEU METODO.
>

> Existem tentativas assim. UM livro antigo,
>
Sampling Opinions by Frederick F. Stephan and Philip J. McCarthy
> (US$5.50 na amazon.com com o novo dolar....)
>
comaprando cotas e pesquisa probabilisticas.
>
Existe um paper de TFM Smith no JRSS-A (??, alo Pedrao, e' isto memso?)
>
que compara os institutos de pesquisa na INglaterra, etc.
>
Neste caso, os institutos erraram bravo com erros causados por VICIO
>
e nao por variancia.
>

> Nos EUA, com a cobertura 99.99% de telefones existe o random dialing para
>
pesquisa que elimina muito do problema que nos no Brasil temos.
>

> De qulquer modo, eu que nao mexo com amostragem, me pergunto se os
>
estatisticos brasileiros nao estao perdendo uma chance de influir
>
num problema muito importante e com muitos recursos.
>
Ja obtivemos lindos resultados com a bela teoria de amostragem.
>
OK.
>

> Mas ela nao pode ser aplicada na pratica da pesquisa ELEITORAL.
>
Qual e' o second-best choice? Porque nao trabalhar num problema que
>
apesar de nao ter charme matematico pode trazer muito beneficio
>
para os individuos e para a sociedade? E' o vies matematico que
>
nos forca a focar nos problemas dificeis e ignorar alguns problmas
>
relevantes?
>

> Meus dois pitacos quando nem devia me meter na conversa.
>
Mas foi um momento de fraqueza, desafinando o coro.
>

> Renato Assunção
>
Universidade Federal de Minas Gerais
>
Instituto de Ciencias Exatas
>
Departamento de Estatistica
>
Campus  Pampulha
>
Belo Horizonte MG 31270-901 -  Brasil
>
assuncao@est.ufmg.br
>
FAX:  55-31-3409-5924  PHONE: 55-31-3409-5940
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On Wed, 22 Oct 2008 17:41:48 -0200, Luiz Sérgio Vaz wrote
>    
>     O Prof. Renato toca em um ponto importante: será que não estamos diante de uma janela de oportunidades para novas ferramentas e métodos, considerando as restrições operacionais impostas à amostragem probailística ?