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RES: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto
- Subject: RES: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto
- From: "Luiz Sergio Vaz" <luizvaz@sarah.br>
- Date: Mon, 27 Oct 2008 17:29:31 -0200
Sobre erros e coragem...
Nas eleições para a prefeitura de Belo Horizonte, o IBOPE deu empate técnico e o DATAFOLHA deu vantagem de 18% para um dos candidatos. As amostras passaram de 1200 entrevistados e as pesquisas foram feitas no mesmo dia 25/10. As perguntas já começam em casa:
Minha esposa me pergunta: E aí ?!
E eu respondo: Sei lá!
Essa diferença é de enlouquecer qualquer um.
Abraço a todos.
Luiz
-----Mensagem original-----
De: Carlos Alberto de Braganca Pereira [mailto:cpereira@ime.usp.br]
Enviada em: segunda-feira, 27 de outubro de 2008 17:18
Para: abe-l@ime.usp.br
Assunto: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto
Pesquisas de intenção de voto
Caríssimos colegas:
Nossa discussão rendeu bons frutos. Mas, se me permitem, gostaria de fazer
algumas reflexões depois de tudo que ouvi e li.
Primeiro gostaria de lembrar aos colegas o tipo de trabalho que nós estatísticos
realizamos. Nós, como Wizards, falamos, discutimos e concluímos sobre o
invisível. A avaliação precisa de nosso trabalho só é possível quando o
invisível se torna visível. Por esta razão, como normalmente não temos poderes
extra-sensoriais, erramos e, muitas vezes, erramos feio em nossas predições ou
adivinhações. Não por nossa culpa, pois grande parte de nossas vidas passamos
construindo ferramentas precisas e robustas para melhor realizar nosso trabalho,
na maior parte das vezes sob premissas fortes,. A culpa, na maioria das vezes,
é do PONTO AMOSTRAL RUIM que observamos. Todos estão sujeitos a observar uma
amostra ruim, principalmente quando o fenômeno possui alta dispersão. Nenhuma
técnica ou ferramenta, por mais complexa e precisa que seja, torna uma amostra
RUIM em BOA.
Eis o que eu queria dizer: Quem acreditaria que uma amostra de tamanho 1500 pode
fazer sucesso (continuamente) em uma população enorme, como foram os casos de
nossas capitais? Eu até diria o seguinte: esses institutos são mesmo corajosos!
Fazer afirmações como fizeram, mesmo tendo eventos raros, como é o caso dos
candidatos nanicos, é realmente ato corajoso.
Fica aqui então uma questão para os críticos: No primeiro turno erraram feio e
então o método de seleção ficou vilão. No segundo turno acertaram em cheio, e
assim o método se torna herói?
Teria minhas razões para explicar o que ocorreu nos dois casos, mas também
seriam conjecturas que, claro, não poderia comprovar.
Alguém pode até pensar que algo ruim tem pouca probabilidade de ocorrer. Neste
caso das pesquisas, o BOM é que é o pouco provável. Mas com dois candidatos
poderíamos realizar trabalho igual ou até melhor do que os institutos.
Entretanto, com 1500 unidades amostrais seria difícil acertar!
O Afif fez ontem uma afirmação impressionante, quero repeti-la aqui. "O Kassab
tinha 8% das intenções de voto em junho, contudo, a prefeitura tinha 60% de
aprovação. Assim, nos focamos nesse número e nos programamos para atingir esse
ponto. Vejam o que aconteceu: Kassab recebeu 60% dos votos no segundo turno!" O
Afif é realmente O CARA (de Pau), não?
Grande abraço
Carlinhos
Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>