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Re: RES: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto



Como a diferença na eleição foi de 18,2%, tenho 2 possiveis explicações:

1) o IBOPE não sabe fazer amostragem em BH;
2) os mineiros são extremamente volúveis mudando radicalmente de opinião
ao longo de 2 dias.

Abs
Dani

> Sobre erros e coragem...
> 
> 	Nas eleições para a prefeitura de Belo Horizonte, o IBOPE deu 
> empate técnico e o DATAFOLHA deu vantagem de 18% para um dos 
> candidatos. As amostras passaram de 1200 entrevistados e as 
> pesquisas foram feitas no mesmo dia 25/10. As perguntas já começam 
> em casa:
> 
> 	Minha esposa me pergunta: E aí ?!
> 	E eu respondo: Sei lá!
> 
> 	Essa diferença é de enlouquecer qualquer um.
> 
> 	Abraço a todos.
> 	Luiz
> 
> -----Mensagem original-----
> De: Carlos Alberto de Braganca Pereira [mailto:cpereira@ime.usp.br]
> Enviada em: segunda-feira, 27 de outubro de 2008 17:18
> Para: abe-l@ime.usp.br
> Assunto: [ABE-L]: pesquisas de intenção de voto
> 
> Pesquisas de intenção de voto
> 
> Caríssimos colegas:
> Nossa discussão rendeu bons frutos.  Mas, se me permitem, gostaria 
> de fazer algumas reflexões depois de tudo que ouvi e li.
> 
> Primeiro gostaria de lembrar aos colegas o tipo de trabalho que nós 
estatísticos
> realizamos.  Nós, como Wizards, falamos, discutimos e concluímos 
> sobre o invisível.  A avaliação precisa de nosso trabalho só é 
> possível quando o invisível se torna visível. Por esta razão, como 
> normalmente não temos poderes extra-sensoriais, erramos e, muitas 
> vezes, erramos feio em nossas predições ou adivinhações. Não por 
> nossa culpa, pois grande parte de nossas vidas passamos construindo 
> ferramentas precisas e robustas para melhor realizar nosso trabalho, 
> na maior parte das vezes sob premissas fortes,.  A culpa, na maioria 
> das vezes, é do PONTO AMOSTRAL RUIM que observamos.  Todos estão 
> sujeitos a observar uma amostra ruim, principalmente quando o 
> fenômeno possui alta dispersão.  Nenhuma técnica ou ferramenta, por 
> mais complexa e precisa que seja, torna uma amostra RUIM em BOA.
> 
> Eis o que eu queria dizer: Quem acreditaria que uma amostra de 
> tamanho 1500 pode fazer sucesso (continuamente) em uma população 
> enorme, como foram os casos de nossas capitais? Eu até diria o 
> seguinte: esses institutos são mesmo corajosos! Fazer afirmações 
> como fizeram, mesmo tendo eventos raros, como é o caso dos 
> candidatos nanicos, é realmente ato corajoso.
> 
> Fica aqui então uma questão para os críticos: No primeiro turno 
> erraram feio e então o método de seleção ficou vilão.  No segundo 
> turno acertaram em cheio, e assim o método se torna herói?
> 
> Teria minhas razões para explicar o que ocorreu nos dois casos, mas também
> seriam conjecturas que, claro, não poderia comprovar.
> 
> Alguém pode até pensar que algo ruim tem pouca probabilidade de 
> ocorrer.  Neste caso das pesquisas, o BOM é que é o pouco provável.  
> Mas com dois candidatos poderíamos realizar trabalho igual ou até 
> melhor do que os institutos. Entretanto, com 1500 unidades amostrais 
> seria difícil acertar!
> 
> O Afif fez ontem uma afirmação impressionante, quero repeti-la aqui. 
>  "O Kassab tinha 8% das intenções de voto em junho, contudo, a 
> prefeitura tinha 60% de aprovação.  Assim, nos focamos nesse número 
> e nos programamos para atingir esse ponto. Vejam o que aconteceu: 
> Kassab recebeu 60% dos votos no segundo turno!"  O Afif é realmente 
> O CARA (de Pau), não?
> 
> Grande abraço
> Carlinhos
> 
> Carlos Alberto de Braganca Pereira <cpereira@ime.usp.br>


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Dani Gamerman
Depto. de Métodos Estatísticos 
Instituto de Matemática - UFRJ
Caixa Postal 68530
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tel (21) 2562 7911
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